O útero é um órgão de função primordial para a fertilidade feminina. É nele que ocorre uma das etapas mais importantes da gestação: a implantação embrionária. Para que uma gravidez tenha início, é preciso que o embrião consiga se fixar adequadamente no endométrio, o que depende de diversos fatores relacionados tanto ao embrião quanto ao ambiente uterino.
Mas, afinal, fixação do embrião, nidação e implantação embrionária referem-se ao mesmo acontecimento? Essa dúvida é comum entre os casais que estão tentando engravidar, seja de forma natural, seja com a ajuda da reprodução assistida.
Compreender como ocorre essa etapa da concepção é importante para reconhecer os desafios envolvidos e a importância de um ambiente uterino saudável. Leia o texto completo para saber mais!
Nidação e implantação embrionária são a mesma etapa da gestação?
Os termos “nidação” e “implantação embrionária” são usados como sinônimos e, na prática, representam a mesma etapa: o momento em que o embrião se fixa no endométrio uterino. Esse processo ocorre tanto nas gestações naturais quanto nas que acontecem com o auxílio da reprodução assistida.
O endométrio é o tecido que reveste a parte interna do útero. Ele passa por modificações cíclicas, sob estímulo dos hormônios estrogênio e progesterona, para ficar adequado ao processo de nidação.
Assim, todo mês após a ovulação, o tecido endometrial se torna mais receptivo para que um embrião consiga se fixar. Caso a implantação embrionária não aconteça, o endométrio descama, provoca a menstruação e inicia um novo ciclo, no qual se renovará para outra tentativa de gravidez.
Como a implantação embrionária acontece?
A nidação geralmente ocorre em até 7 dias após a fecundação do óvulo. A essa altura, o embrião já passou pelas divisões celulares iniciais e chegou à fase de blastocisto, estágio ideal para se implantar no endométrio.
Após a fecundação, o embrião é transportado pela tuba uterina até o útero, enquanto passa pelos primeiros estágios de desenvolvimento. Aproximadamente 3 ou 5 dias depois de ser fertilizado, o óvulo (agora, pluricelular) chega ao útero, onde precisa encontrar um endométrio receptivo, isto é, idealmente espesso, bem vascularizado e preparado pelos hormônios para acolher o embrião.
Para uma implantação embrionária bem-sucedida, também é importante que o útero esteja livre de inflamações não fisiológicas e alterações anatômicas. A qualidade do embrião é outro fator necessário para o sucesso da nidação.
O processo de implantação embrionária ocorre em etapas:
- aproximação — o blastocisto se aproxima do revestimento interno da parede uterina;
- aderência — as células do embrião entram em contato com as células do endométrio;
- invasão — o embrião penetra no tecido endometrial e passa a formar conexões com os vasos sanguíneos maternos, processo essencial para sua nutrição e desenvolvimento.
A partir da implantação embrionária, o hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG), o biomarcador clássico da gestação, começa a ser produzido. Então, um teste de gravidez, o conhecido beta-hCG, pode ser realizado para confirmar se a mulher está grávida.
Os termos “nidação” e “implantação embrionária” referem-se, portanto, ao mesmo fenômeno fisiológico e indicam o início efetivo da gravidez. Se esse processo falha — seja por problemas relacionados ao embrião, ao útero ou aos hormônios envolvidos — pode ocorrer infertilidade ou abortamento precoce, até antes mesmo de a mulher saber que uma gravidez havia iniciado.
Quais são as causas de falhas de nidação?
Diversos fatores podem ocasionar uma falha de implantação embrionária. Veja as causas mais comuns:
- alterações cromossômicas no embrião;
- alterações uterinas estruturais, como pólipo endometrial, mioma submucoso, adenomiose e síndrome de Asherman;
- endométrio fino (controverso) ou com vascularização inadequada;
- distúrbios hormonais, como falha na produção de progesterona (insuficiência lútea);
- doenças autoimunes;
- fatores imunológicos ou de coagulação, que, no momento, encontra-se em debate porque não há um consenso sobre a real importância.
É possível fazer novas tentativas na FIV?
Sim, o casal que opta pela FIV pode fazer quantas tentativas desejar. A falha de nidação não significa o fim das chances de gravidez. Entretanto, após várias falhas, pode ser necessário refazer ou aprofundar a investigação das causas de implantação embrionária sem sucesso ou de abortamento.
Em casos de falhas repetidas de nidação na FIV, a equipe médica pode solicitar exames complementares, aderir a novos protocolos e personalizar ainda mais o tratamento para aumentar as chances de sucesso em um novo ciclo.
Diante de falhas de implantação embrionária, também é possível, ainda que controverso, incorporar novas técnicas ao tratamento para tentar um resultado positivo, como o teste genético pré-implantacional (PGT), que faz o rastreio de alterações cromossômicas nos embriões antes da etapa de transferência para o útero.
A implantação embrionária é uma etapa delicada e carregada de expectativas. Afinal, trata-se do evento mais esperado para o casal que passou por todo o processo de FIV. É importante que o casal inicie o tratamento ciente de que, embora a FIV tenha altas taxas de êxito, falhas podem ocorrer. O sucesso da nidação depende principalmente de um embrião saudável e de um útero receptivo.
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