Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) ou infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são nomenclaturas aceitas para designar as patologias infecciosas que são transmitidas via contato sexual. Nesse grupo de condições clínicas, a clamídia se destaca por seu alto índice de contágio. Outros agentes de prevalência expressiva são gonorreia e sífilis.
Mesmo com tantos avanços na medicina as ISTs ainda representam uma preocupação em termos de saúde mundial. Nesse sentido, é importante oferecer mais conteúdos informativos, a fim de conscientizar as pessoas em relação aos riscos do sexo desprotegido.
Neste post, vamos nos concentrar na infecção por clamídia e explicar como essa doença se manifesta e quais são suas consequências para a fertilidade. Confira!
O que é clamídia?
A clamídia, assim como os demais agentes causadores das ISTs, afeta os órgãos do aparelho reprodutor e, se não tratada, pode prejudicar as funções reprodutivas do homem e da mulher. A infecção é causada pela bactéria Chlamydia trachomatis.
Ao que indicam os números de casos registrados, a cada ano surgem 92 milhões de novas infecções por clamídia no mundo. No entanto, a quantidade de portadores pode ser ainda maior, considerando os casos assintomáticos não notificados. Apesar do índice elevado de contaminação, a doença pode ser facilmente evitada com o uso de preservativos nas relações sexuais.
Além do contágio via sexo sem proteção, a infecção por clamídia também pode ser contraída por meio de transmissão vertical, isto é, quando o recém-nascido recebe a bactéria da mãe durante o trabalho de parto. Contudo, se a DST for identificada durante a gestação, o contágio pode ser evitado com o tratamento farmacológico adequado.
Os fatores que aumentam o risco de contaminação por clamídia incluem:
- vida sexual ativa;
- história de outras ISTs;
- início precoce de vida sexual;
- múltiplos parceiros.
Quais são os sintomas e as consequências da infecção por clamídia?
Comumente, a infecção por clamídia é assintomática, o que impede a identificação da doença e a busca por tratamento. Da mesma forma, sem conhecimento de que são portadoras, as pessoas prosseguem com atividade sexual desprotegida, permitindo a propagação da bactéria.
Os sintomas podem se manifestar por pouco tempo ou de forma branda, levando a um atraso na procura por ajuda médica.
Os sintomas mais comuns, tanto no homem quanto na mulher, são a dificuldades para urinar (disúria) e dor na região do abdome. O homem ainda pode apresentar dor e inchaço nos testículos, secreção peniana, irritação e sangramento discreto na área retal. Já as mulheres experimentam dispareunia (dor na relação sexual), corrimento vaginal e escapes de sangue após as relações ou fora do período menstrual.
Entre as consequências mais sérias da infecção por clamídia está a infertilidade, que pode ser desencadeada por processos inflamatórios nos órgãos reprodutores masculinos e femininos. As principais complicações das doenças são:
- endometrite — inflamação na camada interna do útero, chamada de endométrio, que é o local onde o embrião se implanta para dar início à gravidez;
- doença inflamatória pélvica (DIP), que inclui, além da endometrite, a salpingite (inflamação nas tubas uterinas) e a ooforite (inflamação nos ovários);
- epididimite, prostatite e uretrite — doenças inflamatórias que afetam os órgãos masculinos, respectivamente os epidídimos, a próstata e a uretra.
As condições citadas podem interferir nas funções reprodutivas, uma vez que o processo inflamatório altera as características do endométrio e obstrução tubária, secundaria à inflamação das tubas uterinas. Da mesma forma, a reação inflamatória pode levar a aderências cicatriciais devido às inflamações masculinas, obstruindo a passagem dos espermatozoides até o líquido ejaculado.
Outra consequência grave da infecção por clamídia é a transmissão para o recém-nascido, que pode acarretar pneumonia e problemas oculares. Contudo, como já foi dito, medidas preventivas simples evitam tais complicações.
Como a reprodução assistida pode ajudar?
O tratamento da infecção por clamídia é exclusivamente medicamentoso, e consiste no uso de antibióticos específicos para combater a ação do agente bacteriano. Em casos de infertilidade por clamídia, o casal encontra possibilidades de engravidar com a ajuda da medicina reprodutiva.
Importante ressaltar que as técnicas de reprodução assistida não são aplicadas para tratar a doença, mas para viabilizar a gestação em casais inférteis — visto que a clamídia pode ser uma das causas de infertilidade.
A fertilização in vitro (FIV) é a técnica mais indicada nesses casos, sobretudo quando a infecção leva à obstrução tubária. A indicação também é feita quando a doença causa azoospermia nos homens (ausência de espermatozoides no sêmen), em razão das obstruções nos órgãos reprodutores.
A FIV é uma técnica de alta complexidade que, além das etapas principais, ainda conta com procedimentos complementares que aumentam a eficácia do tratamento. Homens com azoospermia, por exemplo, podem ter seus gametas colhidos diretamente dos testículos ou epidídimos, por meio de técnicas de recuperação espermática. Depois disso, a fecundação é feita com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI).
Aproveite que está aqui, leia também nosso texto institucional sobre infecção por clamídia e obtenha mais informações a respeito dessa doença!