Miomas são alterações ginecológicas comuns, caracterizadas pela formação de tumores benignos no útero. Conforme sua localização anatômica na parede uterina, o tumor é classificado como mioma submucoso, intramural ou subseroso.
É difícil afirmar a quantidade de mulheres que desenvolvem miomas, visto que muitas são assintomáticas e não chegam a buscar avaliação diagnóstica. Dessa forma, quando não há sintomas para investigar, os tumores uterinos são encontrados acidentalmente, durante inspeção ginecológica de rotina ou realização de ultrassonografia pélvica com outras finalidades.
Neste post, vamos dar detalhes do que é o mioma submucoso, qual sua relação com infertilidade feminina e como tratar. Acompanhe e entenda!
Como é a classificação dos miomas?
A classificação dos miomas é feita de acordo com o tecido que eles acometem na parede uterina. O útero apresenta três camadas:
- o revestimento interno é o endométrio;
- o tecido muscular, que ocupa a camada intermediária, é o miométrio;
- a parte mais externa é a camada serosa.
A origem dos miomas é no miométrio, tecido de musculatura lisa que tem funções importantes na contratilidade uterina e na capacidade de expansão do órgão, durante a gravidez. Apesar de serem formados por células miometriais, esses tumores podem crescer na direção interna ou externa do útero, invadindo também o endométrio ou a camada serosa.
Em uma classificação geral, temos: mioma submucoso, que atinge o endométrio; mioma intramural, que cresce dentro do miométrio; mioma subseroso, que se projeta para a camada serosa.
Essa classificação é mais específica, de acordo com a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), abrangendo mais subtipos da doença, tendo em vista que o tumor pode tomar as outras camadas em diferentes proporções.
Veja como os miomas são classificados pela escala FIGO:
- 0- intracavitário;
- 1- submucoso <50% intramural;
- 2- submucoso >50% intramural;
- 3- intramural em contato com o endométrio;
- 4- intramural;
- 5- subseroso > 50% intramural;
- 6- subseroso <50% intramural;
- 7- subseroso pediculado;
- 8- cervical ou parasitário.
O que é mioma submucoso?
Mioma submucoso é o tumor uterino benigno que tem origem no tecido miometrial, mas cresce na direção do endométrio, invadindo a cavidade do útero. Não é o tipo mais comum, mas é o que pode desencadear sintomatologia mais intensa, principalmente sangramento anormal.
O endométrio é um tecido de rica vascularização e que responde aos hormônios ovarianos (estrogênio e progesterona) de forma cíclica, ficando mais espesso e receptivo, características essas que o tornam adequado à implantação de um embrião, caso um óvulo seja fertilizado.
É exatamente no tecido endometrial que ocorre a implantação embrionária para início de uma gravidez. Portanto, fica claro que o endométrio é uma parte do corpo da mulher fundamental para a fertilidade.
Também é o endométrio que está relacionado ao sangramento cíclico da mulher, visto que, na ausência de um embrião para se implantar, parte do tecido se desprende da parede uterina, desencadeando a menstruação.
O mioma submucoso pode atingir tamanhos variados, chegando a distorcer a arquitetura endometrial. Também é possível que esses tumores apareçam em multiplicidade, prejudicando ainda mais o espaço intracavitário, além de aumentar o risco de sangramento uterino anormal.
O mioma submucoso pode causar infertilidade?
Acima, já esclarecemos que o mioma submucoso pode alterar a anatomia do endométrio e reduzir o espaço da cavidade que deve abrigar o feto durante seu desenvolvimento na gestação. Além disso, a presença do tumor no tecido endometrial pode interferir em sua vascularização e tornar o ambiente inflamatório, portanto, inóspito para o embrião.
Quando os miomas se desenvolvem próximos às entradas das tubas uterinas, também podem bloquear a passagem dos espermatozoides, impedindo que eles cheguem até o óvulo para realizar a fecundação.
O mioma submucoso, como afeta o endométrio, é o tipo mais relacionado à infertilidade, seja por dificultar a implantação, seja por aumentar o risco de aborto espontâneo. Apesar do comprometimento uterino, é baixo o número de mulheres que ficam inférteis por essa condição isolada.
Como esse tipo de mioma é tratado?
Ainda que o risco de infertilidade seja baixo, a mulher diagnosticada com mioma precisa de acompanhamento médico e tratamento, uma vez que, para engravidar espontaneamente, é importante que todos os órgãos reprodutores estejam saudáveis. Além disso, pacientes com sintomas precisam ser tratadas para restaurar seu bem-estar.
A conduta terapêutica varia de acordo com a presença e a intensidade dos sintomas, a idade da mulher e seus planos reprodutivos. Pode-se proceder ao tratamento medicamentoso para reduzir a sintomatologia. Na ausência de resposta ao manejo clínico, a intervenção cirúrgica é indicada.
Miomas submucosos são, em sua maioria, tratados com miomectomia por histeroscopia, técnica minimamente invasiva realizada por via vaginal. Os menores (<2 cm) podem, dependendo das condições clínicas da paciente, ser retirados em ambulatório, enquanto os maiores que 3 cm precisam do procedimento em ambiente cirúrgico.
Quando o mioma submucoso apresenta componente intramural, também há indicação para cirurgia histeroscópica assistida por videolaparoscopia ou, em casos específicos, por laparotomia.
As técnicas de reprodução assistida são alternativas importantes para mulheres que não conseguem engravidar de forma espontânea. Quando a causa de infertilidade é a presença de mioma submucoso, indica-se a cirurgia para remoção do tumor e a fertilização in vitro (FIV), que pode aumentar as chances de gravidez quando há alterações uterinas e outros fatores complexos de infertilidade.
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