A fertilização in vitro (FIV) pode tornar possível o sonho de gravidez para pessoas e casais com dificuldades de engravidar devido aos mais diversos fatores, incluindo causas complexas de infertilidade masculina ou feminina.
Para atender às diferentes demandas que surgem, as técnicas utilizadas na FIV vêm evoluindo ao longo dos anos, incorporando novos recursos e tecnologias que apresentam mais precisão em etapas decisivas do tratamento. Nesse sentido, podemos destacar a ICSI e o PICSI.
Continue atenta à leitura deste post e você vai entender o que é o PICSI, qual é a função desse método na FIV e quando pode ser indicado.
Quais são as técnicas de fecundação na FIV?

A FIV é uma técnica de alta complexidade, que consiste na fecundação dos óvulos em laboratório, com posterior transferência do(s) embrião(ões) para o útero. Várias etapas são necessárias para que isso aconteça, e tudo é feito de forma controlada, visando à segurança e à eficácia do tratamento.
Primeiramente, a mulher realiza um ciclo de estimulação ovariana com hormônios que promovem o desenvolvimento de vários folículos ao mesmo tempo. Quando os óvulos estão em bom estágio de maturação, eles são coletados e fertilizados em laboratório. A coleta e o preparo seminal também são feitos para o momento da fertilização.
A fecundação pode ocorrer de duas maneiras:
- FIV clássica — os gametas masculinos e femininos são colocados juntos em uma placa de cultura para que a fertilização ocorra de forma espontânea, isto é, os espermatozoides precisam se movimentar até os óvulos para fecundá-los;
- injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) — nessa modalidade da FIV, um único espermatozoide é selecionado de cada vez e injetado dentro de um óvulo, com o auxílio de um micromanipulador de gametas e microscópio de alta resolução.
Evolução das técnicas de fecundação: da FIV clássica à ICSI
Desde o nascimento do primeiro bebê por FIV, em 1978, a técnica tem passado por melhorias constantes. Inicialmente, o procedimento de fecundação era feito somente com a FIV clássica, mas isso exigia uma grande quantidade de espermatozoides com motilidade adequada.
A partir da década de 1990, surgiu a ICSI, revolucionando a reprodução assistida ao permitir a fertilização mesmo com poucos espermatozoides, o que passou a auxiliar na superação de casos graves de infertilidade masculina.
Hoje, a ICSI é a técnica mais utilizada nos laboratórios de fertilização. Contudo, ela também pode apresentar limitações quando há alterações importantes na qualidade dos espermatozoides. Por isso, novas estratégias vêm sendo desenvolvidas e incorporadas à FIV, entre elas, o PICSI.
O que é PICSI?
PICSI (Physiological Intracytoplasmic Sperm Injection ou, em português, Injeção Intracitoplasmática Fisiológica de Espermatozoide) é um método avançado de seleção espermática que simula, em laboratório, os mecanismos naturais de escolha do melhor gameta masculino.
No método PICSI, os espermatozoides são colocados em uma placa com ácido hialurônico, substância presente naturalmente em vários tecidos e órgãos do corpo humano, incluindo a região ao redor do óvulo. Apenas os gametas mais maduros e com membrana íntegra conseguem se ligar a essa substância.
Os espermatozoides que se aderem ao ácido hialurônico são considerados de melhor qualidade, pois:
- têm menor taxa de fragmentação do DNA;
- são morfologicamente mais adequados;
- apresentam maior integridade funcional.
Após essa seleção fisiológica, o embriologista coleta os gametas aderidos ao gel de ácido hialurônico e realiza a ICSI com eles.
Veja as diferenças entre ICSI e PICSI:
- a ICSI é uma técnica de fecundação, enquanto o PICSI é uma estratégia de seleção espermática complementar;
- na ICSI padrão, a escolha do espermatozoide é feita com base em sua morfologia e motilidade, sob o microscópio. Com o método PICSI, essa escolha é mais refinada, pois considera também a maturidade e a integridade funcional do gameta, por meio da adesão ao ácido hialurônico.
Quando o PICSI é indicado?
Todas as técnicas de reprodução assistida precisam de indicação individualizada. Contudo, pode-se dizer que o PICSI é uma alternativa favorável nas seguintes situações:
- alta fragmentação do DNA espermático;
- falhas repetidas de fertilização ou implantação em ciclos anteriores;
- abortamento de repetição;
- fator masculino severo;
- idade materna avançada, que está associada à redução da qualidade dos óvulos, sendo necessário otimizar ao máximo a qualidade do espermatozoide.
A utilização do PICSI tem sido vista com bons olhos no campo da reprodução assistida, entretanto seus resultados ainda são controversos. No entanto, vale lembrar que um dos grandes diferenciais da medicina reprodutiva moderna é a personalização da investigação e do tratamento.
Cada casal tem uma história única, suas necessidades e expectativas. Por isso, os tratamentos são desenhados sob medida, acrescentando somente as técnicas que realmente possam trazer benefícios e melhorar as chances de um resultado positivo.
Para casais com infertilidade masculina, o PICSI pode ser indicado, assim como técnicas diferenciadas de seleção de espermatozoides, incluindo o ZyMot (essa técnica apresenta mais evidências científicas claras) — e, se necessário, procedimentos de recuperação espermática para retirar os gametas diretamente dos órgãos reprodutores, quando eles não são encontrados no sêmen (condição chamada azoospermia). Entretando, a escolha das técnicas é feita somente de acordo com as reais necessidades de cada casal.
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