A recuperação espermática, associada a técnicas avançadas de reprodução humana assistida, é uma alternativa para casais com infertilidade masculinaque não conseguem obter uma amostra suficiente de espermatozoides pelo método convencional.
A fertilidade masculina depende da produção adequada e da qualidade dos espermatozoides presentes no sêmen. Alguns homens enfrentam dificuldades para ter filhos devido a alterações espermáticas — algumas graves, como a azoospermia.
A ausência de espermatozoides no sêmen é classificada como azoospermia, pode ser obstrutiva ou não obstrutiva, ou seja: pode estar relacionada a obstruções no trato genital, que impedem a passagem dos gametas; ou é causada por alterações hormonais e outras condições pré-testiculares e testiculares que afetam a produção das células reprodutivas.
A recuperação espermática permite a obtenção de espermatozoides diretamente dos testículos ou epidídimos para possibilitar a fecundação por meio da reprodução assistida. Quer entender como esses procedimentos são feitos e quando são indicados? Confira mais detalhes a seguir!
Sêmen e espermatozoides: qual a diferença?
Antes de entender o que é recuperação espermática, é importante saber que há diferença entre dois termos que muitas pessoas confundem: sêmen e espermatozoides.
O sêmen ou esperma é o fluido ejaculado durante o orgasmo masculino e é composto por líquidos produzidos pelas glândulas sexuais acessórias (próstata, vesículas seminais e glândulas bulbouretrais).
Os espermatozoides também compõem o sêmen, são as células reprodutivas masculinas, responsáveis pela fecundação do óvulo. Eles representam apenas uma pequena parte do volume seminal total. Assim, um homem pode ejacular normalmente, mas apresentar azoospermia, sem desconfiar de que tem essa alteração. Somente com a análise microscópica do espermograma é possível verificar a ausência dos gametas.
O que é recuperação espermática?
A recuperação espermática abrange um conjunto de procedimentos de punção do epidídimo e biópsia testicular, utilizados para coletar espermatozoides diretamente dos órgãos reprodutores, em casos de infertilidade masculina. Os métodos variam conforme a causa da azoospermia, se é do tipo obstrutiva ou não obstrutiva. Veja quais são esses procedimentos:
PESA (Aspiração percutânea de espermatozoides do epidídimo)
Os epidídimos são dois ductos que ficam atrás dos testículos e armazenam os espermatozoides durante o processo de amadurecimento até o momento da ejaculação.
A PESA é um procedimento minimamente invasivo no qual uma agulha fina é introduzida na pele do escroto para aspirar espermatozoides do epidídimo. É indicada principalmente em casos de azoospermia obstrutiva, por exemplo, para homens que passaram por vasectomia.
MESA (Aspiração microcirúrgica de espermatozoides do epidídimo)
Essa técnica é semelhante à PESA, mas é realizada por meio de uma pequena incisão no escroto e, muitas vezes, com auxílio de um microscópio, permitindo melhor visualização do epidídimo e maior taxa de recuperação de espermatozoides. Também é indicada diante da azoospermia obstrutiva.
TESE (Extração de espermatozoides dos testículos)
A TESE e a Micro-TESE são opções para homens com azoospermia não obstrutiva. Neste primeiro procedimento, realiza-se uma biópsia testicular aberta. A partir de pequenas incisões em diferentes locais da bolsa testicular, fragmentos de tecido são retirados para que seja avaliada a presença de células germinativas.
Micro-TESE (Microdissecção testicular)
A Micro-TESE permite uma maior recuperação de espermatozoides que a TESE, pois é realizada com auxílio de um microscópio cirúrgico para identificar áreas dos testículos onde há maior probabilidade de encontrar espermatozoides.
Por que essas técnicas são importantes nos casos de infertilidade masculina?
A recuperação espermática é uma etapa importante no tratamento de casais com infertilidade masculina, especialmente aqueles diagnosticados com azoospermia.
Quando o espermograma revela azoospermia ou outras alterações seminais, é preciso investigar as causas, pois outros tratamentos também podem ser indicados para melhorar a fertilidade masculina.
A azoospermia obstrutiva ocorre quando há produção normal de espermatozoides, mas eles não chegam ao sêmen devido a uma obstrução nos ductos reprodutivos. Pode ser causada por infecções genitais, anomalias congênitas nos ductos deferentes, vasectomia e outras cirurgias no trato geniturinário.
Na azoospermia não obstrutiva, a produção de espermatozoides é comprometida. Isso pode acontecer devido a fatores genéticos, distúrbios hormonais, varicocele, lesões testiculares, uso de determinadas medicações e esteroides anabolizantes, exposição frequente a calor excessivo, radiação e poluentes etc.
Nos casos em que há possibilidade de obter espermatozoides com a recuperação espermática, eles são utilizados para fertilizar os óvulos por meio da fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI).
A recuperação espermática é feita somente nesse contexto da FIV com ICSI, pois a quantidade, qualidade ou maturidade dos espermatozoides coletados com esses procedimentos podem ser limitadas, impedindo a realização da FIV convencional ou da inseminação artificial.
Com a ICSI, um único espermatozoide é manipulado de cada vez e injetado em um óvulo. Esse método revolucionou o tratamento da infertilidade masculina, possibilitando a gravidez mesmo em casos graves de baixa produção espermática.
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