Para a gravidez se um sucesso, assim como os órgãos reprodutores femininos os masculinos devem cumprir adequadamente sua função.
Os principais órgãos reprodutores masculinos são: testículos, epidídimos, ductos deferentes, ejaculatórios, vesículas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais, os internos, pênis e bolsa testicular, os externos.
Alguns elementos são igualmente essenciais, incluindo a qualidade do sêmen e dos espermatozoides. Sêmen é o líquido ejaculado pelo pênis durante a relação sexual. É composto por uma mistura de fluidos, cada um contribuindo com diferentes componentes, e, pelos espermatozoides.
Os espermatozoides, por sua vez, são as células sexuais ou gametas masculinos com as informações genéticas dos homens. São produzidos nos testículos, processo conhecido como espermatogênese, em estruturas localizadas nos lóbulos testiculares denominadas túbulos seminíferos.
Depois de produzidos, finalizam o processo de maturação nos epidídimos, ductos em que permanecem armazenados e são nutridos até que ocorra o estímulo sexual, quando são transportados aos ductos deferentes ejaculatórios e recebem os líquidos produzidos pelas vesículas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais, lançados na uretra e ejaculados pelo pênis.
O sêmen é substância esbranquiçada, opaca e alcalina, que nutre e protege os espermatozoides do ambiente ácido da vagina, facilitando o transporte para fecundarem o óvulo. O espermatozoide completo, por sua vez, possui a cabeça oval, em que fica armazenado o núcleo com os genes, peça intermediária e cauda ou flagelo, que proporciona o movimento no organismo feminino.
Alterações na composição do sêmen e dos espermatozoides, podem resultar em infertilidade masculina. A teratozoospermia está entre as condições associadas a problemas na estrutura dos espermatozoides.
Acompanhe a leitura do texto até o final para saber o que é teratozoospermia, como a condição é diagnosticada e o que fazer para ter filhos biológicos. Confira!
Parâmetros seminais necessários para o sucesso gestacional
Vários parâmetros seminais são considerados importantes para o sucesso gestacional, pois podem afetar o processo de fertilização e a viabilidade geral do embrião, incluindo:
- contagem de espermatozoides: contagem de espermatozoide refere-se à concentração dos gametas masculinos no sêmen. É um parâmetro necessário para a fecundação ser bem-sucedida, pois aumenta as chances de pelo menos um espermatozoide alcançar e penetrar o óvulo. Uma baixa contagem, por exemplo, pode reduzir a probabilidade de engravidar, enquanto a ausência dos gametas impede a gravidez;
- motilidade espermática: a motilidade espermática refere-se à capacidade dos espermatozoides de se movimentarem de forma eficaz no organismo feminino. A baixa motilidade espermática pode dificultar ou impedir que o espermatozoide alcance o óvulo;
- morfologia espermática: a morfologia espermática, por sua vez, refere-se à forma e estrutura dos espermatozoides. A morfologia normal é igualmente necessária para o sucesso da fecundação, pois está associada à capacidade do espermatozoide de penetrar no óvulo. A morfologia anormal, portanto, pode reduzir as chances ou impossibilitar a fecundação;
- volume do sêmen: o volume do sêmen quantidade total ejaculada durante o orgasmo, deve ser suficiente para o transporte eficaz do espermatozoide. O baixo volume de sêmen (hipospermia) reduz as chances de ele alcançar o óvulo;
- pH do sêmen: o pH do sêmen reflete sua acidez ou alcalinidade. Um pH levemente alcalino é considerado ideal para a sobrevivência e motilidade do espermatozoide no organismo feminino. Níveis anormais de pH podem afetar negativamente a função do espermatozoide e reduzir as chances de fecundação.
Parâmetros seminais anormais, portanto, podem indicar infertilidade masculina, definida após um ano de tentativas malsucedidas de engravidar a parceira sem o uso de nenhum método contraceptivo. A teratozoospermia é uma das condições que pode comprometer a capacidade reprodutiva dos homens.
O que é teratozoospermia?
O exame padrão realizado para avaliar a fertilidade masculina é o espermograma, que analisa diferentes amostras de sêmen para determinar se os parâmetros seminais estão normais ou alterados.
Conhecido ainda como análise seminal, faz uma avaliação de diferentes amostras de sêmen, possibilitando determinar parâmetros como volume e pH do sêmen, por exemplo, bem como características dos espermatozoides abrigados nas amostras, incluindo a concentração e alterações na estrutura, morfologia (forma) e motilidade (movimento), apontando percentualmente os podem estar comprometidos.
Os resultados são comparados aos limites de referência estabelecidos; a probabilidade de engravidar é menor quando o espermograma apresenta os seguintes valores:
- contagem total de espermatozoides: 39 milhões de espermatozoides por amostra ou menos;
- concentração de espermatozoides: 15 milhões de espermatozoides por mL ou menos;
- motilidade espermática: 40% ou menos;
- morfologia espermática de Kruger: 4% ou menos dos espermatozoides presentes têm uma forma normal;
- volume de sêmen: 1,5 mililitros (mL) ou menos;
- pH do sêmen: 7,2 ou inferior.
Teratozoospermia é a condição em que um percentual alto de espermatozoides têm anormalidades estruturais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é preciso que, pelo menos, 30% de espermatozoides tenham uma forma normal para que exista a fecundação. Utilizando a análise morfológica de Kruger, em que os espermatozoides são analisados a 100 aumentos, devem estar presentes na amostra pelo menos 4% de ovais.
Alterações na estrutura podem envolver várias anormalidades ou defeitos em sua forma (morfologia), tamanho e componentes estruturais. Essas alterações comprometem a integridade dos gametas masculinos, dificultando ou impedindo a fecundação. Veja abaixo:
Anormalidades na cabeça
A cabeça de um espermatozoide normal é tipicamente oval e achatada, sendo essa a parte de maior volume. Na cabeça, além do núcleo com o material genético, fica localizado o acrossomo, uma região com enzimas importantes para garantir que o espermatozoide seja capaz de penetrar as camadas que envolvem o óvulo e, assim, gerar a primeira célula do embrião, estágio inicial de desenvolvimento do futuro bebê.
Alterações estruturais na região da cabeça podem incluir:
- cabeça maior ou menor que o normal ou dupla;
- cabeça com formato anormal, como cônico, redondo ou amorfo;
- ausência ou anormalidades no acrossomo, o que pode afetar a capacidade de o espermatozoide penetrar o óvulo.
Anormalidades na peça intermediária
A peça intermediária do espermatozoide deve ter aproximadamente o mesmo tamanho da cabeça, e contém mitocôndrias, organelas que fornecem energia para a os movimentos flagelares, garantindo a motilidade adequada. Mudanças estruturais na peça intermediária podem incluir:
- inchaço ou afinamento da peça intermediária;
- presença de vacúolos ou irregularidades no interior da peça intermediária;
- interrupções no arranjo ou densidade das mitocôndrias, que podem afetar a produção de energia e motilidade espermática.
Anormalidades na cauda
A cauda ou flagelo do espermatozoide deve ser uniforme. Mudanças estruturais comprometem a motilidade do espermatozoide e podem incluir:
- cauda enrolada;
- cauda curta;
- cauda dobrada ou torcida;
- cauda com comprimento ou espessura anormais;
- cauda bífida, dividida em duas;
- ausência da cauda.
É importante observar que o grau e o tipo de anormalidades estruturais pode variar entre os homens e, na maioria das vezes, é de origem genética. Por outro lado, o diagnóstico de teratozoospermia sugere condições de saúde subjacentes que afetam a qualidade dos espermatozoides, por exemplo, inflamações nos órgãos reprodutores, incluindo orquite (dos testículos) e epididimite (dos epidídimos), causadas na maioria das vezes por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como clamídia e gonorreia.
Uma doença masculina frequentemente diagnosticada, a varicocele, caracterizada pela formação de varizes testiculares, além de interferir no processo na espermatogênese também prejudica a qualidade dos gametas masculinos.
Tabagismo, alcoolismo, exposição a produtos químicos ou tóxicos e o uso de medicamentos para o tratamento de câncer são considerados ainda fatores de risco.
Apesar de dificultar ou impedir a fecundação e, consequentemente, a gravidez, homens diagnosticados com teratozoospermia ainda podem ter filhos biológicos com auxílio da reprodução assistida.
Infertilidade por teratozoospermia e reprodução assistida
Duas técnicas de reprodução assistida podem ser indicadas para o tratamento de homens com teratozoospermia, a inseminação artificial (IA) e a fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI).
Em ambas, os espermatozoides mais saudáveis são selecionados pelo preparo seminal, técnica que os capacita por diferentes métodos. A IA, entretanto, é indicada apenas nos casos em que o espermograma aponta pequenas alterações, uma vez que a fecundação acontece como na gestação natural, nas tubas uterina: os espermatozoides selecionados são inseridos em um cateter e depositados no útero da parceira durante seu período fértil.
NA FIV com ICSI, por outro lado, a fecundação é realizada em laboratório e os embriões formados são transferidos diretamente ao útero da parceira após alguns dias de desenvolvimento.
Durante a fecundação, cada um é novamente avaliado e depois de ter a saúde confirmada é injetado diretamente no citoplasma do óvulos, o que aumenta as chances de sucesso. Dessa forma, a FIV é indicada para quando há alterações mais graves nos gametas masculinos ou se o tratamento com a IA não for bem-sucedido.
No entanto, apesar de serem tratamentos com complexidade diferentes, ambos, quando bem indicados proporcionam a gravidez de homens que recebem o diagnóstico de teratozoospermia.
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