A reprodução assistida é uma área da medicina de grande importância para as pessoas que enfrentam dificuldades para ter filhos de modo natural. Dentre as técnicas encontradas nessa área médica, estão relação sexual programada e inseminação artificial (ambas de baixa complexidade) e a fertilização in vitro (FIV).
A FIV é a técnica mais avançada (de alta complexidade) e que oferece as maiores taxas de sucesso. É indicada para casais com diversos fatores de infertilidade feminina e masculina. Conforme a situação a ser superada, pode envolver procedimentos complementares para aumentar as chances de um resultado positivo.
Tanto as tentativas naturais de gravidez quanto as técnicas de reprodução assistida têm chances de dar certo, assim como podem ter falhas. Entretanto, quando o processo reprodutivo tem acompanhamento especializado, é possível ter um bom controle, maximizando as possibilidades do casal infértil, sobretudo no tratamento com FIV.
Agora, acompanhe este post até o final e descubra quais são as causas de falhas na FIV e quantas tentativas o casal pode ter com essa técnica!
Como a FIV é realizada?
A FIV passa por um processo complexo, realizado em várias etapas. Começando pelo estímulo ao desenvolvimento dos gametas femininos e terminando com a transferência dos embriões gerados em laboratório para o útero.
O primeiro passo é a estimulação ovariana, que envolve a administração de medicações hormonais para fazer os ovários trabalharem mais, desenvolvendo múltiplos folículos. Dessa forma, podemos obter vários óvulos maduros em vez de um só, como normalmente acontece nos ciclos naturais.
Por meio de ultrassonografias seriadas e dosagens hormonais, é possível acompanhar o crescimento folicular. Antes da ovulação propriamente, os folículos são aspirados e os óvulos de dentro deles são coletados.
O material biológico masculino, o sêmen, também é coletado e passa por preparo seminal. São empregados métodos de capacitação espermática para selecionar os espermatozoides móveis e morfologicamente normais.
A fertilização é feita com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (FIV ICSI). Com essa técnica, cada gameta masculino é micromanipulado e injetado dentro de um óvulo com o auxílio de um microscópio de alta resolução.
Após serem fecundados, os óvulos ficam em cultivo, dentro de incubadora, por até 7 dias. Assim, o desenvolvimento dos embriões é avaliado diariamente (muitas vezes com ajuda da inteligência artificial), de forma que o embriologista possa observar quais deles apresentam falhas em seu processo de divisão celular e quais têm potencial para se implantar no útero.
A última etapa da FIV é a transferência dos embriões para o ambiente uterino. Isso pode ser feito a fresco (no mesmo ciclo em que os embriões foram gerados) ou após o congelamento embrionário. Antes da transferência, a mulher recebe medicações hormonais para preparar o útero.
Quais são as causas de falha na FIV?
A falha na FIV ocorre quando embriões viáveis são transferidos para o útero, mas nenhum deles consegue se implantar no endométrio (tecido que reveste a parede uterina por dentro). Embora as taxas de sucesso sejam altas, falhas nesse processo são comuns. Contudo, diante de repetidos resultados negativos, é preciso investigar o casal de forma mais aprofundada, pois podem existir fatores de infertilidade que não foram diagnosticados na avaliação anterior.
Entre as possíveis causas de falhas repetidas na FIV, estão fatores femininos, masculinos e embrionários. Até mesmo a situação definida como infertilidade sem causa aparente (ISCA) pode resultar em consecutivos insucessos.
Entre os fatores femininos, podemos atribuir as falhas na FIV às seguintes condições:
- idade da mulher, pois quanto mais avançada menor é a qualidade dos óvulos e, por consequência, dos embriões;
- deslocamento da janela de implantação, que é o período do mês em que o endométrio está mais receptivo;
- deficiência da fase lútea, caracterizada pela produção insuficiente de progesterona, hormônio que melhora a receptividade endometrial;
- endometriose em estágio inicial, subdiagnosticada ou não devidamente tratada;
- endometrite crônica (inflamação no endométrio) não curada;
- alterações estruturais uterinas não identificadas nos exames iniciais, como mioma submucoso, pólipo endometrial e malformações congênitas;
- hidrossalpinge não tratada, que é o acúmulo de líquido no interior da tuba uterina, decorrente de inflamação tubária — embora as tubas não sejam utilizadas na FIV, o vazamento do fluído tubário para dentro do útero pode ser prejudicial ao embrião e ao processo de implantação.
O fator masculino das falhas na FIV é a baixa qualidade dos espermatozoides, que inclui a fragmentação no DNA espermático. Da mesma forma, os fatores embrionários estão associados à baixa qualidade dos embriões e às alterações cromossômicas, que culminam em falha de implantação e abortamento.
O que fazer se a FIV falhar?
Algumas pessoas têm sucesso na primeira tentativa com a FIV, mas pode ser necessário tentar duas, três ou mais vezes até chegar ao esperado resultado positivo de gravidez. Contudo, diante de falhas repetidas, o casal passa por uma reavaliação, pois fatores de infertilidade podem ter passado sem serem revelados nos exames iniciais.
Uma anamnese aprofundada logo na primeira consulta é fundamental para colher todas as informações sobre o casal. Com isso, podemos oferecer um tratamento personalizado, utilizando técnicas específicas para superar as dificuldades reprodutivas de cada paciente.
Técnicas complementares à FIV também podem ser indicadas em casos de falhas repetidas, por exemplo: teste genético pré-implantacional (PGT), para identificar anormalidades gênicas e cromossômicas nos embriões; doação de gametas e embriões, quando a qualidade embrionária é muito baixa; útero de substituição, para mulheres com alterações uterinas que não são completamente corrigidas com tratamento cirúrgico; entre outras.
Por fim, respondendo à segunda pergunta do título deste post: não existe um limite de tentativas, a FIV pode ser feita quantas vezes o casal quiser e puder. É importante conversar com um médico especialista sobre todas as possibilidades para embarcar nessa jornada com expectativas reais.
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