Gametas são células especiais que contêm a metade do número de cromossomos (23) presentes nas células do organismo. Assim, a fusão de dois gametas tem o potencial de formar um novo conjunto de células (embrião) com o número completo de cromossomos (46), que, por sua vez, têm o potencial de formar um novo indivíduo.
Para que haja uma gravidez, é preciso que ocorra a união dos gametas feminino (óvulo) e masculino (espermatozoide). Mas para que isso efetivamente aconteça, é necessário que os sistemas reprodutores tanto da mulher quanto do homem estejam em perfeito funcionamento.
Distúrbios hormonais, infecções e outras doenças são capazes de prejudicar o desenvolvimento e produção desses gametas, diminuindo sua quantidade e/ou qualidade e, consequentemente, provocando infertilidade. Continue a leitura para entender o papel dos óvulos e espermatozoides na reprodução humana.
O que são gametas?
Gametas são as células reprodutivas e, sem elas, não há como pensar na continuidade dos seres vivos do nosso planeta. Nos seres humanos, os gametas femininos são os óvulos e os masculinos, os espermatozoides.
É a partir da união deles que se forma o ovo ou zigoto, primeira célula, que começará a se dividir, dando origem a um embrião. Entenda abaixo um pouco mais sobre os gametas femininos e masculinos.
Óvulos
Os óvulos são produzidos ainda na fase intrauterina, ou seja, quando a menina está se desenvolvendo no útero da mãe. Ao nascer, a mulher já conta com todos os óvulos que terá pelo resto da vida e, ao longo do tempo, a chamada reserva ovariana (“estoque” de óvulos presentes nos ovários) vai diminuindo, até terminar na menopausa, por volta dos 50 anos de idade.
Além de diminuírem em quantidade, os óvulos perdem qualidade com o tempo, por isso a fertilidade da mulher cai com a idade, especialmente a partir dos 35 anos.
Espermatozoides
Diferentemente dos óvulos, os espermatozoides começam a ser produzidos na puberdade, e essa produção segue de forma contínua, até o fim da vida do homem. Algumas doenças e condições, no entanto, podem prejudicar a produção dos gametas masculinos ou seu transporte pelo aparelho reprodutor do homem, afetando a sua quantidade e/ou qualidade.
O que pode prejudicar os gametas?
Tanto homens quanto mulheres podem ser acometidos por doenças ou condições que prejudicam a produção, transporte, qualidade, desenvolvimento ou reserva dos seus gametas. Veja abaixo alguns deles:
Mulheres
Como explicado anteriormente, a reserva ovariana das mulheres diminui naturalmente com o tempo. A quantidade, qualidade e liberação dos óvulos, no entanto, pode também ser prejudicada por outros fatores, entre eles:
- Endometriomas: os cistos escuros nos ovários causados pela endometriose, bem como a cirurgia realizada para removê-los, podem prejudicar a reserva ovariana;
- Menopausa precoce ou falência ovariana prematura (FOP): alteração que leva ao esgotamento folicular antes dos 40 anos, que faz com que os ovários parem de produzir os hormônios sexuais e que leva à infertilidade;
- Síndrome dos ovários policísticos (SOP): doença endócrina que pode levar à anovulação (ausência de ovulação) e ciclos menstruais irregulares.
Homens
Nos homens, os problemas relacionados aos espermatozoides podem afetar a produção dos gametas ou o seu transporte. Os principais são:
- Azoospermia: definida como a ausência de espermatozoides no sêmen, a azoospermia pode ser obstrutiva (quando o problema está em obstruções nos canais que transportam os espermatozoides) ou não obstrutiva (quando a deficiência está na produção dos espermatozoides);
- Varicocele: varizes nos testículos, que dilatam e prejudicam a circulação sanguínea na região, afetando a produção dos espermatozoides;
- Orquite: inflamação nos testículos, frequentemente provocada pela caxumba ou infecções sexualmente transmissíveis, que também prejudica a produção dos gametas masculinos.
Os gametas na reprodução assistida
As técnicas de reprodução assistida têm por objetivo facilitar o encontro de gametas masculinos e femininos, para gerar embriões e possibilitar uma gravidez. Conheça alguns dos procedimentos realizados nessas técnicas para aumentar as chances de gestação:
Estimulação ovariana
Mesmo nas técnicas de baixa complexidade (relação sexual programada e inseminação artificial), é realizada a estimulação ovariana, tratamento à base de hormônios para propiciar o desenvolvimento de um número maior de óvulos.
Preparo seminal
Na inseminação artificial e na fertilização in vitro (FIV), o sêmen coletado, por meio da masturbação, passa por um processo laboratorial para selecionar os melhores espermatozoides.
Recuperação espermática
Em casos de azoospermia, existe a possibilidade de realizar procedimentos para extrair os espermatozoides diretamente dos testículos ou dos epidídimos.
Punção folicular
A FIV, técnica mais complexa e eficaz da atualidade, é a única em que a fertilização do óvulo pelo espermatozoide é realizada fora do corpo feminino. Para isso, os óvulos são extraídos, após a estimulação ovariana, em um procedimento de punção (aspiração) dos folículos.
ICSI
Procedimento associado à FIV, a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) consiste em inserir um único gameta masculino em um óvulo, facilitando a fecundação.
Doação de gametas
Quando existe ausência ou má qualidade dos gametas do homem ou da mulher, o casal pode recorrer à doação de óvulos ou espermatozoides. As regras para esse tipo de doação são estabelecidas por resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM).
A doação de gametas também pode ser utilizada por casais homoafetivos e pessoas solteiras que venham a utilizar técnicas de reprodução assistida.
Para saber mais sobre a importância da saúde dos gametas masculinos para a fertilidade do homem, toque aqui.