Gravidez ectópica é uma condição que merece atenção, pois pode colocar a saúde da mulher em risco, além de frustrar suas expectativas de levar uma gestação a termo. Quando isso acontece, é importante investigar as causas, visto que pode ter relação com alterações nos órgãos reprodutores, como a obstrução tubária, o que poderia manter o risco para uma nova ocorrência do problema.
Antes de aprofundarmos no tema gravidez ectópica, devemos lembrar que o útero é o órgão responsável por carregar, proteger e nutrir o feto. A anatomia, a histologia e a vascularização uterina tornam o ambiente apropriado para o desenvolvimento fetal. Portanto, é no útero que a gravidez deve ocorrer; fora dele, não há condições para que uma gestação evolua.
Neste post, vamos explicar o que é gravidez ectópica e onde ela pode acontecer. Leia e descubra!
O que é gravidez ectópica?
O termo “ectópico” se refere a algo que se desenvolve fora do lugar normal. A gravidez ectópica é aquela que acontece fora do útero.
Geralmente, as pessoas associam esse tipo de gravidez às tubas uterinas, que é o local mais comum, depois do útero, em que ocorre a implantação embrionária. No entanto, embora em condições raras, a gestação ectópica também pode se dar em outros locais da cavidade abdominopélvica.
A gravidez é fruto da união entre um gameta masculino e um feminino. Quando um óvulo é fertilizado por um espermatozoide, forma-se o zigoto, que prossegue com seu desenvolvimento embrionário até estar pronto para se implantar no útero. Somente após a implantação, o corpo feminino começa a produzir o hormônio hCG e a mulher pode confirmar que está grávida por meio de testes de sangue ou urina.
Em gestações normais, os níveis de hCG dobram aproximadamente a cada 48 horas, enquanto na gravidez ectópica ou em situação de abortamento a quantidade desse hormônio aparece diminuída. Dessa forma, é possível detectar tal problema para interromper a gravidez antes que aconteça ruptura e hemorragia. Um exame de ultrassonografia também é essencial para determinar a localização do saco gestacional.
Onde e por que a gravidez ectópica pode acontecer?
O local mais comum de gravidez ectópica é a tuba uterina, e é justamente nesse órgão que a fertilização acontece.
Na gestação normal, o óvulo é fecundado em uma das tubas e transportado para a cavidade do útero para se implantar no revestimento interno da parede uterina (endométrio). Na gravidez tubária, o óvulo fertilizado não chega ao útero, pois pode haver algum bloqueio ou estreitamento da tuba.
Além da tuba uterina, outros locais em que a gravidez ectópica pode acontecer são: cavidade abdominal, ovário e colo do útero. Em nenhum desse locais há fornecimento de sangue e suporte necessário para a sobrevivência do feto.
O feto pode sobreviver por várias semanas em local ectópico, mas, como não tem espaço e nutrição suficientes, a gestação, na imensa maioria das vezes, é interrompida com aproximadamente 6 a 16 semanas. Se houver ruptura de uma gravidez ectópica, a mulher pode ter sangramento grave, até mesmo com risco de morte dependendo da idade gestacional — quanto mais avançada, maior o risco de hemorragia.
Quando é possível estabelecer uma etiologia, as principais causas de gravidez ectópica estão associadas a obstrução, estreitamento ou distorção das tubas uterinas. Doenças que podem estar por trás dessas alterações tubárias são a doença inflamatória pélvica (DIP) — geralmente, decorrente de clamídia ou outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) — e a endometriose.
Outras causas e fatores de risco incluem: abortamento anterior; cirurgia para desobstrução tubária; uso de dispositivo intrauterino (DIU); laqueadura; gravidez ectópica anterior.
O que fazer nessa situação?
Ao constatar uma gravidez ectópica, é preciso uma intervenção imediata. No diagnóstico precoce, a conduta pode ser observacional ou, em muitos casos, é possível utilizar medicações para interromper a gestação.
Nos casos avançados, quando ocorre a ruptura da gravidez, a mulher pode sentir forte dor abdominal e apresentar sangramento intenso que, se não for tratado, excepcionalmente pode ser fatal. Uma cirurgia é feita para retirar todo o saco gestacional. Se houver sérios danos tubários devido à ruptura da tuba uterina, a paciente pode até ficar infértil.
É preciso investigar e tratar as causas da gravidez ectópica para evitar que o problema se repita. Além disso, se houver doenças associadas, como DIP e endometriose, há outros prejuízos ao bem-estar e à fertilidade da mulher.
A DIP, por exemplo, além de obstrução tubária, pode causar inflamação crônica no endométrio (endometrite), diminuindo a receptividade endometrial e aumentando os riscos de abortamento. Por sua vez, a endometriose está associada a vários mecanismos que levam à infertilidade, bem como diversos sintomas dolorosos que reduzem a qualidade de vida da mulher.
Caso fique infértil, a paciente pode buscar ajuda nos serviços de reprodução assistida para tentar engravidar. A fertilização in vitro (FIV) é a técnica indicada para mulheres que apresentam danos nas tubas uterinas, pois os embriões são gerados fora do útero e colocados diretamente na cavidade uterina, quando se encontram em estágio de desenvolvimento apropriado para a implantação no endométrio.
Agora, continue a compreender essa técnica de reprodução assistida com a leitura do texto sobre FIV – fertilização in vitro!