A ooforite, também chamada de ovarite, é uma inflamação que acomete os ovários, de forma unilateral ou bilateral. Em alguns casos, a doença pode prejudicar a função ovariana — que está associada à ovulação e à produção de hormônios reprodutivos — e provocar infertilidade feminina.
A estrutura ovariana é resistente e bem protegida do acesso de agentes patógenos, o que torna a ooforite um quadro incomum enquanto condição isolada. Mais comumente, a doença está relacionada a outros quadros inflamatórios, como a salpingite (infecção nas tubas uterinas).
Não raro, a ovarite e a salpingite fazem parte de um quadro de doença inflamatória pélvica (DIP), que ainda causa cervicite (infecção na cérvice, ou colo do útero) endometrite (inflamação no endométrio, camada uterina interna) e peritonite (inflamação no peritônio, membrana que reveste a cavidade abdominal e pélvica).
Neste post, vamos explicar quais são as causas e sintomas da ooforite, além de abordar as possibilidades de tratamento — incluindo as técnicas de reprodução assistida para mulheres que desejam gestar. Acompanhe o texto para conferir essas informações!
Como a ooforite se desenvolve?
A ooforite geralmente é desencadeada pela ação de bactérias, como os microrganismos do grupo coli, além dos estreptococos e estafilococus. Como agentes etiológicos da ovarite, também estão presentes os patógenos causadores de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), sobretudo os gonococos, que provocam a gonorreia.
É difícil apontar a prevalência da ooforite isolada, visto que, em boa parte dos casos, a inflamação ovariana está associada à DIP — que, por sua vez, também tem os dados epidemiológicos subestimados, em razão da alta incidência de condições subclínicas e da não notificação de todos os casos. Contudo, sabe-se que o grupo de mulheres com idade sexual ativa é o mais afetado.
Além da idade, outros fatores de risco associados à ooforite — bem como às outras inflamações pélvicas — incluem sexo desprotegido e múltiplos parceiros sexuais. O tabagismo também é apontado por favorecer a supressão de lactobacilos e aumentar a suscetibilidade à contaminação bacteriana.
Procedimentos intrauterinos representam outro fator que facilita a ascensão de patógenos pré-existentes no canal cervical, causando a DIP e suas infecções associadas, o que inclui a ooforite. Por fim, a endometriose ovariana está relacionada à uma maior propensão de inflamação nos ovários.
Por que a doença pode prejudicar os ovários?
A ooforite pode impactar as funções ovarianas de forma temporária ou permanente, causando infertilidade. O nível de comprometimento depende da gravidade da doença e da busca precoce por tratamento. Nesse sentido, vale esclarecer que a ovarite se divide em:
- aguda: quando a inflamação ocorre em episódio isolado;
- crônica: quando a doença apresenta recidivas, normalmente como uma extensão do comprometimento das tubas uterinas;
- autoimune: nos casos de descontrole do sistema imunológico, o que envolve autodestruição das células ovarianas.
A doença aguda costuma responder bem ao tratamento com antibióticos e anti-inflamatórios, restaurando a capacidade dos ovários. Quando não tratada corretamente, a ooforite pode evoluir para o quadro crônico. Nesses casos, diante da não responsividade do organismo aos medicamentos, a ooferectomia (cirurgia para remoção dos ovários) é apresentada como uma intervenção definitiva.
No entanto, a ooferectomia fica reservada aos quadros muito graves, sendo preferível que a mulher já tenha prole constituída, uma vez que a retirada dos ovários impacta a fertilidade feminina de forma irreversível. Portanto, a atenção aos sintomas iniciais é imprescindível para evitar o agravamento da doença e os tratamentos radicais.
Quais são os sintomas da ooforite?
A sintomatologia da ooforite é confundível com a de outras patologias ginecológicas, sobretudo porque costuma estar associada a inflamação de outros órgãos pélvicos. Sendo assim, a melhor forma de identificar o quadro é por meio de avaliação clínica e exames específicos.
De modo geral, os sinais e sintomas da ooforite incluem:
- dor pélvica que pode irradiar para a região abdominal;
- dificuldades urinárias (disúria), como dor e ardor durante a micção;
- dor durante o ato sexual;
- sangramento intermenstrual;
- aumento do fluxo da menstruação;
- corrimento vaginal;
- sintomas sistêmicos de processos inflamatórios, como febre, náuseas e mal-estar;
- infertilidade.
Como tratar?
O tratamento da ooforite é feito com medicamentos orais ou injetáveis. Os fármacos específicos para o combate à ação patogênica são definidos após a realização de exames que identificam os agentes etiológicos. Casos de inflamação crônica e severa podem requerer a intervenção médica em ambiente hospitalar.
Na definição do tratamento, é preciso levar em conta se a mulher tem ou não a intenção de engravidar. Na ausência de desejo de gravidez, os quadros de extrema gravidade podem ser tratados com a cirurgia de retirada dos ovários. Já nos casos em que a paciente deseja uma gestação, a reprodução assistida é indicada.
A estimulação ovariana é a técnica empregada para favorecer a função dos ovários, garantindo o desenvolvimento e a maturação de vários óvulos, visto que a ooforite pode prejudicar esse processo natural. A técnica é utilizada em tratamentos de baixa e alta complexidade, os quais abarcam a relação sexual programada (RSP), a inseminação intrauterina (IIU) e a fertilização in vitro (FIV).
A RSP e a IIU são consideradas de baixa complexidade e reservadas aos casos mais simples de infertilidade, como as disfunções ovulatórias — uma das consequências da ovarite.
Já a FIV é indicada para pessoas inférteis que apresentam problemas graves no sistema reprodutor, sendo necessária quando a ooforite se desenvolve em conjunto com a salpingite e a endometrite. Nesses casos, o processo inflamatório também compromete o funcionamento das tubas uterinas e altera a receptividade do útero, o que requer uma intervenção mais complexa.
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