Ovulação e período fértil: conheça as diferenças
A fertilidade envolve processos complexos, que começam com a gametogênese (desenvolvimento dos gametas femininos e masculinos) e passam pela fertilização, o desenvolvimento pré-embrionário e a implantação do embrião no útero. Somente após esses eventos iniciais, a gravidez pode ser confirmada — depois, ainda há um longo caminho pela frente para que a gestação chegue a termo.
Ovulação e período fértil são dois momentos importantíssimos para a fertilidade. Falhas ovulatórias estão entre as principais causas de infertilidade feminina e podem decorrer de vários fatores, relacionados a disfunções endócrinas, alterações genéticas, intervenções médicas e até estilo de vida.
Você entende a diferença entre ovulação e período fértil? Se ainda tem dúvidas, acompanhe este post!
Como acontece o ciclo menstrual?
Antes de esclarecer o que é ovulação e período fértil, precisamos falar sobre o ciclo reprodutivo feminino ou ciclo menstrual.
O começo desse ciclo é marcado pela menstruação, que resulta da descamação do revestimento interno do útero (endométrio). As duas primeiras semanas, aproximadamente, contando a partir do primeiro dia do sangramento menstrual, correspondem à fase folicular; as duas semanas seguintes abrangem a fase lútea — considerando um ciclo regular de cerca de 28 dias.
As fases folicular e lútea são divididas pelo evento da ovulação. Na primeira, ocorre o recrutamento e o desenvolvimento inicial de um grupo de folículos ovarianos (unidades funcionais dos ovários, responsáveis por guardar os óvulos).
O crescimento folicular acontece com o estímulo dos hormônios gonadotróficos FSH (folículo-estimulante) e LH (luteinizante), liberados pela ação do eixo das glândulas cerebrais hipotálamo e hipófise. Enquanto os folículos crescem, hormônios estrógenos são secretados por eles, tendo a função de estimular a proliferação das células endometriais para aumentar a espessura do endométrio.
Geralmente, apenas um dos folículos ovarianos continua seu desenvolvimento até alcançar o estágio adequado para a maturação do óvulo e é ele que participa do processo de ovulação. Depois disso, as células residuais desse folículo formam uma estrutura endócrina temporária denominada corpo-lúteo.
A fase lútea é marcada pela ação do corpo-lúteo, que secreta estrogênio e altas doses de progesterona para deixar o endométrio receptivo, portanto adequado para que um embrião possa se implantar, se o óvulo for fecundado.
Se houver implantação embrionária, inicia-se uma gravidez, assim como a produção do hormônio hCG (gonadotrofina coriônica humana), que mantém o corpo-lúteo em atividade. Do contrário, o corpo-lúteo se degenera, provocando a queda dos hormônios ovarianos e a descamação do endométrio. Então, outro ciclo começa.
O que caracteriza a ovulação?
A ovulação é caracterizada pela ruptura do folículo ovariano dominante e a liberação de um óvulo maduro, que pode ser fecundado por um espermatozoide (gameta masculino) para gerar um embrião.
Como vimos, os hormônios gonadotróficos, sobretudo o FSH, estimulam o crescimento folicular. Na metade do ciclo menstrual, aproximadamente, há um aumento súbito de LH, que desencadeia um surto pré-ovulatório. Com isso, acontece a maturação final do folículo desenvolvido e a ovulação.
Ao ser liberado pelo ovário, o óvulo é recolhido pelas fímbrias, prolongamentos da extremidade da tuba uterina. Dentro da tuba, o gameta feminino permanece por um período curto de tempo e pode ser fertilizado.
Quando a fecundação acontece, a mobilidade da tuba uterina faz o embrião ser transportado até a cavidade do útero, onde ele deverá encontrar condições adequadas para se implantar e se desenvolver.
O que é o período fértil?
Ovulação e período fértil estão diretamente relacionados, mas não são sinônimos. A ovulação é o marco central do período fértil, mas a contagem abrange dias antes e depois da liberação do óvulo.
Os espermatozoides podem sobreviver dentro do trato reprodutivo feminino provavelmente por até 72 horas, aproximadamente. Por sua vez, o óvulo permanece viável para a fecundação por menos de 24 horas. Sendo assim, o cálculo do período fértil abrange o dia da ovulação, somado a 3 dias antes e 1 depois, totalizando até 5 dias de fertilidade no ciclo, lembrando que a gravidez no período superior a 118 horas pós-ovulação é muito difícil.
Quando o casal tem relações sexuais durante o período fértil sem utilizar métodos contraceptivos, existe entre 15% e 20% de chance de uma gravidez acontecer — isso se a ovulação ocorrer normalmente e ambos os parceiros forem saudáveis, isto é, sem disfunções do sistema reprodutor e a mulher com idade igual ou inferior a 35 anos.
Quando há disfunções, as chances são reduzidas ou até anuladas, dependendo dos fatores de infertilidade. Portanto, o mais recomendado é que o casal procure um médico especialista para fazer uma avaliação detalhada da fertilidade de ambos.
Algumas condições simples podem ter melhora com mudanças no estilo de vida ou tratamento medicamentoso. Outras mais complexas (excepcionalmente raras) precisam de cirurgias. Há, ainda, a possibilidade de utilizar técnicas de reprodução assistida.
Mulheres que apresentam distúrbios ovulatórios, por exemplo, podem melhorar suas chances de gravidez com estimulação ovariana e indução da ovulação associadas a técnicas de baixa complexidade, como relação sexual programada e inseminação artificial. Diante de fatores mais complexos de infertilidade feminina ou masculina, considera-se o tratamento com fertilização in vitro (FIV).
O conhecimento acerca de como ocorre a ovulação e o período fértil pode ser o primeiro passo para o casal que deseja ter filhos. Após um ano de tentativas — ou 6 meses, para mulheres acima dos 35 anos —, o melhor caminho é buscar ajuda médica e realizar uma avaliação diagnóstica da infertilidade conjugal.
Continue nesse assunto com a leitura do texto: “como descobrir se sou infértil”.
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