A reprodução assistida é um campo da medicina que se apoia em ciência e tecnologia, mas também em empatia. Cada pessoa que procura tratamento tem uma história única, um contexto diferente e sonhos particulares. Por isso, não existe uma conduta padrão que funcione para todos, é preciso trabalhar com a personalização da investigação da infertilidade e da indicação do tratamento mais adequado.
Esse cuidado começa logo na primeira consulta. Entender quem é cada indivíduo, quais são as expectativas do casal e sua trajetória pode ajudar a alcançar melhores resultados na jornada de superação da infertilidade conjugal.
Neste artigo, você entenderá a importância da personalização da investigação da infertilidade, como ela é feita e quais os benefícios de um tratamento individualizado para casais ou pessoas que buscam ajuda médica para ter filhos. Confira a seguir!
Por que é tão importante ter um acompanhamento personalizado na reprodução assistida?
A infertilidade pode ter diversas causas e combinações de fatores, sejam eles femininos, masculinos, mistos ou ainda sem causa aparente. Além disso, a idade da mulher, o estado da reserva ovariana, os antecedentes médicos de ambos, a qualidade dos espermatozoides e até o estilo de vida influenciam nas decisões clínicas.
Por isso, o tratamento de reprodução humana não pode ser totalmente padronizado. O que funciona bem para um casal, pode ser ineficaz para outros. A individualização da investigação e da escolha das técnicas permite que cada pessoa seja vista com singularidade e respeito às suas condições físicas, emocionais e reprodutivas.
Esse cuidado personalizado é ainda mais importante porque, no cenário atual da reprodução assistida, há múltiplas técnicas complementares — mas nem todas aumentam as chances de sucesso no tratamento de todos os casais.
O que é personalização da investigação da infertilidade?

A personalização da investigação da infertilidade consiste em avaliar o quadro de cada pessoa ou casal de forma minuciosa, direcionando os exames conforme o histórico clínico e reprodutivo, os possíveis sintomas apresentados e outras características. Significa olhar com mais atenção, sabendo que cada caso é único.
Em vez de solicitar uma bateria de exames rotineiros, o especialista em reprodução humana busca entender:
- há quanto tempo o casal tenta engravidar;
- se já houve gestações anteriores, com ou sem sucesso;
- se foram realizados exames prévios;
- qual a idade da mulher e do homem;
- se há sintomas ginecológicos, como ciclos menstruais irregulares, dor pélvica, cólicas intensas, sangramentos anormais etc.;
- o histórico clínico de ambos;
- hábitos de vida;
- entre várias outras informações que possam direcionar a personalização da investigação da infertilidade.
A partir de uma escuta atenta, o médico pode levantar hipóteses diagnósticas e indicar os exames que julgar necessários para cada investigação individualizada, os quais podem incluir (entre femininos e masculinos):
- ultrassonografia pélvica;
- dosagens hormonais;
- histerossalpingografia;
- avaliação da reserva ovariana;
- espermograma;
- testes de fragmentação do DNA espermático;
- exames genéticos;
- exames sorológicos;
- pesquisa de trombofilias;
- histeroscopia;
- biópsia endometrial.
Esses exames estão listados de forma abrangente, portanto não significa que todos fazem parte das investigações diagnósticas de modo geral. Alguns casais, por exemplo, podem descobrir suas causas de infertilidade logo nos primeiros exames, como a ultrassonografia pélvica e o espermograma. Em outros casos, pode ser necessário aprofundar a avaliação e solicitar testes específicos.
Como é feita a individualização do tratamento?
Com os resultados dos exames em mãos, o especialista em reprodução humana avalia as melhores estratégias para cada caso. A partir da personalização da investigação da infertilidade, a escolha do tratamento também é individualizada, e inclui decisões sobre:
Qual técnica utilizar
Nem todos os pacientes precisam de tratamentos de alta complexidade. Nos casos mais brandos de infertilidade, o coito programado ou a inseminação artificial podem ser técnicas bem-sucedidas.
Em situações com condições de infertilidade mais complexas, a fertilização in vitro (FIV) pode ser a melhor alternativa — especialmente quando há idade materna avançada, obstrução das tubas uterinas, baixa reserva ovariana ou alterações severas no sêmen.
Qual protocolo hormonal adotar
Na FIV, a estimulação ovariana precisa ser ajustada à resposta do organismo de cada mulher. Pacientes com baixa reserva ovariana nem sempre precisam de doses maiores de medicações ou protocolos específicos, como o TetraStim. Já as mulheres com risco de hiperestimulação ovariana podem necessitar de protocolos mais suaves.
Quando fazer a transferência e quantos embriões transferir
A transferência pode ser feita com embriões a fresco ou congelados, em fase de clivagem ou estágio de blastocisto. As decisões sobre essa etapa da FIV também podem ser individualizadas, tendo em vista o número e a qualidade dos embriões, as condições uterinas, o planejamento e as expectativas de cada casal.
Em relação à quantidade de embriões a serem transferidos, é importante levar em conta não apenas a idade da mulher, conforme as orientações do Conselho Federal de Medicina (CFM), mas também a qualidade embrionária, as tentativas anteriores e a intenção de evitar gestações múltiplas — pode-se, inclusive, optar pela transferência de um único embrião.
Quais técnicas complementares podem ser indicadas?
Existem várias práticas e ferramentas que podem ser incorporadas à FIV para contornar fatores específicos de infertilidade. Sendo assim, faz parte da personalização do tratamento acrescentar ou não técnicas como:
- ovodoação;
- doação de sêmen;
- teste genético pré-implantacional (PGT);
- barriga solidária;
- preservação da fertilidade.
Ao compreender as particularidades de cada pessoa ou casal e construir um plano de tratamento sob medida, é possível evitar abordagens genéricas e ineficazes e tornar o processo mais humano, respeitando o tempo, as condições e as decisões de quem está tentando realizar o sonho de formar uma família.
A personalização da investigação da infertilidade e da indicação do tratamento não é um diferencial: é uma necessidade em qualquer clínica de reprodução assistida que pretende oferecer um atendimento de excelência, de modo ético e visando resultados alcançáveis.
Antes de ir: leia o texto completo sobre FIV – fertilização in vitro e entenda como essa técnica é realizada!







