O tecido que se desenvolve anormalmente em uma membrana mucosa é chamado pólipo. Quando esse crescimento anormal ocorre nas células do endométrio, camada que reveste internamente a cavidade uterina, são conhecidos como pólipos endometriais.
Eles podem ser únicos ou múltiplos, ter poucos milímetros ou vários centímetros, ocupando toda a cavidade uterina. Geralmente têm a forma alongada, superfície lisa e consistência amolecida, podem ser sésseis ou pediculados, quando se fixam por uma haste vascularizada ao endométrio.
Embora as causas que provocam o surgimento de pólipos até o momento não sejam conhecidas, é consenso entre as pesquisas médicas que eles possuem uma ligação com os hormônios femininos. Especula-se, por exemplo, que o desequilíbrio dos níveis de estrogênio, que atua no espessamento do endométrio a cada mês, seja um dos fatores estimuladores.
Ainda que eles sejam mais prevalentes após a menopausa, período em que é registrada a maior incidência da doença, podem ocorrer em qualquer idade. Na fase reprodutiva, entretanto, há risco de causarem alterações na fertilidade, dificultando a gravidez.
São benignos, raramente evoluem para malignidade, assim como a gravidez pode ser obtida por técnicas de reprodução assistida quando eles causam infertilidade. Continue a leitura para saber mais.
Endométrio e sua função
O útero é dividido em três camadas. O endométrio é um tecido altamente vascularizado que o reveste internamente. No processo reprodutivo é responsável por abrigar e nutrir o embrião até que a placenta seja formada: é nele que o embrião implanta quando ocorre o processo de nidação.
Para isso, é preparado a cada ciclo menstrual: desde o início do ciclo, estimulado pela ação do estrogênio, torna-se mais espesso. Após a ovulação, o folículo que abrigava o óvulo se transforma em corpo lúteo, que secreta progesterona, fundamental para garantir o espessamento adequado para receber o embrião formado.
Se a concepção não ocorrer, o endométrio descama iniciando um novo ciclo. O funcionamento correto do ciclo endometrial é, portanto, fundamental para o sucesso da gravidez.
Porém, as células podem se desenvolver de forma desordenada durante o espessamento do endométrio, originando, assim, os pólipos endometriais. Alguns estudos atribuem o efeito a um desequilíbrio que ocorre nos níveis de estrogênio, justificados pelo fato de os pólipos serem dependentes da ação do hormônio para crescer e espalhar.
Atualmente, entretanto, também é aceita a teoria de que a desregulação dos receptores hormonais das células do endométrio, que estão diminuídos no estroma e aumentados no epitélio glandular, respondem de forma diferente aos hormônios.
Hipertensão arterial, obesidade e idade são ainda apontadas como fatores associados.
Como os pólipos podem afetar a fertilidade?
Quando ocorrem alterações no ciclo endometrial o endométrio pode não desenvolver adequadamente, ao mesmo tempo que pode haver um deslocamento da ‘janela de implantação’, período em que o há maior receptividade para o processo de nidação.
A presença de múltiplos pólipos ou de tamanho aumentado podem modificar a anatomia uterina, dificultando ou impedindo a implantação.
Ficar atenta aos sintomas provocados pelos pólipos contribui para o diagnóstico precoce e, consequentemente, para minimizar os efeitos, apesar de boa parte das mulheres ser assintomática ou manifestá-los apenas de forma mais leve.
O sintoma mais comum é o sangramento uterino anormal, caracterizado por períodos menstruais com mais quantidade de fluxo, sangramento irregular, sangramento entre os períodos, após a relação sexual e depois da menopausa. As cólicas menstruais também podem se tornar mais severas antes e durante a menstruação, condição conhecida como (dismenorreia).
Tratamentos e reprodução assistida
Como algumas mulheres são assintomáticas ou os sintomas podem ser confundidos com os de outras patologias dependentes de estrogênio, como miomas uterinos, por exemplo, o diagnóstico de pólipos endometriais normalmente acontece em achados de rotina.
O primeiro exame solicitado para a triagem de pacientes que apresentam sangramento uterino anormal é a ultrassonografia transvaginal. Se houver suspeita de pólipos é realizada, então, a vídeo-histeroscopia, considerada padrão-ouro para o diagnóstico da doença.
A técnica, minimamente invasiva, utiliza um histeroscópio, tubo ótico com uma câmera acoplada que possibilita uma avaliação mais detalhada da cavidade uterina, com transmissão das imagens em tempo real para um monitor.
Durante o procedimento os pólipos são retirados e podem ser enviados para análise por biópsia, que poderá determinar se há algum grau de malignidade. Ou seja, ao mesmo tempo que diagnostica, a técnica permite o tratamento.
A abordagem cirúrgica, entretanto, é apenas indicada para mulheres com alterações na fertilidade, com sintomas graves ou se houver algum risco de os pólipos evoluírem para um câncer.
Quando os pólipos são pequenos, geralmente retrocedem naturalmente e devem ser apenas observados periodicamente. Já para os maiores, são prescritos medicamentos hormonais que promovem a redução e aliviam os sintomas.
Após o tratamento quase sempre a fertilidade é restaurada e a gravidez obtida. Se isso não acontecer é indicado o tratamento por duas técnicas de reprodução assistida, de acordo com cada caso: inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).
A IA é uma técnica de baixa complexidade, na qual os ovários são estimulados por medicamentos hormonais para obter até três óvulos maduros e, os espermatozoides capacitados por técnicas de preparo seminal: os melhores são depositados no útero durante o período fértil para que a fecundação aconteça naturalmente.
De maior complexidade, na FIV com ICSI a fecundação acontece em laboratório: o espermatozoide é novamente avaliado individualmente, em movimento, por um microscópio potente e injetado diretamente no citoplasma do óvulo com o auxílio de um micromanipulador de gametas.
Na FIV, a dosagem dos medicamentos usados para estimular o desenvolvimento de mais óvulos é maior, pois o objetivo é obter vários óvulos para a fecundação, aumentando as chances de o processo ser bem-sucedido. Os embriões formados são transferidos para o útero durante o período fértil. Os que não forem transferidos naquele ciclo de tratamento, podem ser congelados para utilização no próximo ou no futuro.
Na IA as chances de gravidez são semelhantes às da gravidez espontânea: entre 15% e 20% em cada ciclo de tratamento. Enquanto na FIV os percentuais são mais expressivos: em média 40%.
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