A infertilidade feminina pode resultar de uma vasta quantidade de disfunções do sistema reprodutor, desde desequilíbrios hormonais até doenças mais complexas, como a endometriose. Quando se trata de irregularidade nos níveis dos hormônios, também há várias substâncias envolvidas, e é entre esses fatores que podemos nos deparar com a prolactina baixa.
A prolactina é um hormônio secretado a partir da atividade do eixo hipotálamo-hipófise. Pertence às somatotropinas, uma família de proteínas que inclui também lactogênios placentários, proliferinas, entre outras substâncias.
Vamos abordar, neste texto, quais são as funções da prolactina, sobretudo no organismo feminino, quais são as consequências dos níveis irregulares desse hormônio e como isso pode afetar a fertilidade.
Leia mais e entenda!
Quais são as funções da prolactina no corpo da mulher?
A principal função da prolactina está no desenvolvimento das glândulas mamárias durante a gravidez e na estimulação da lactação no pós-parto. Nos últimos anos, estudos foram realizados para conhecer outros efeitos dessa substância no organismo e, com isso, verificou-se que o hormônio também tem propriedades metabólicas, com participação importante no metabolismo glicídico e no tecido adiposo.
Embora não tenha papel central em outras funções, a prolactina participa, ainda, dos mecanismos de fome e saciedade, da motilidade gastrintestinal, da modulação renal e cardiovascular e das ações do sistema límbico (sistema responsável pela cognição e pelas emoções).
Além disso, a prolactina tem relação com a secreção de outras substâncias pela hipófise, como os hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), os quais são responsáveis por ativar as gônadas, isto é, os ovários e testículos. Portanto, indiretamente, a prolactina também ajuda a regular as funções reprodutivas.
Muitos fatores estão associados à produção de prolactina, incluindo a concentração de insulina e de outros hormônios, como os ovarianos (estrogênio e progesterona), os tireoidianos, o hormônio liberador de tireotrofina (TRH), a serotonina, a vasopressina e a ocitocina. Dentre os quais, o estriol, um dos estrógenos, é o principal estimulante da secreção de prolactina.
Já a dopamina, ao contrário, é o principal inibidor da produção de prolactina. Assim também, a noradrenalina, a histamina, entre outros, ajudam a manter o equilíbrio da liberação desse hormônio.
Ainda, é interessante informar que, embora seja predominantemente secretada pela hipófise, a prolactina tem fontes de liberação nas próprias glândulas mamárias, nos fibroblastos cutâneos, na placenta, entre outras.
Quais são níveis normais de prolactina?
Os níveis normais de prolactina podem variar de acordo com os valores de referência utilizados pelos laboratórios. A concentração do hormônio é considerada adequada quando o resultado do exame de sangue fica entre 17 e 20 ng/ml (nanogramas por mililitro de sangue) para homens e entre 25 e 30 ng/ml para mulheres não grávidas. Em gestantes e lactantes, os níveis ficam acima de 35 ng/ml.
Valores mais altos que o normal, principalmente quando ultrapassam os 100 ng/ml em homens e mulheres não grávidas, podem ser sugestivos de alterações, como microtumores benignos hipofisários. A hiperprolactinemia pode causar irregularidades menstruais e infertilidade na mulher. No homem, o aumento do hormônio pode provocar disfunções sexuais, ginecomastia (aumento das mamas) e alterações na produção de espermatozoides.
No lado oposto da hiperprolactinemia, está a prolactina baixa. A concentração do hormônio é considerada inferior ao adequado quando os valores são menores que 2,8 ng/ml em mulheres não grávidas ou menores que 9,7 ng/ml em gestantes e lactantes.
Quais são as causas e consequências da prolactina baixa?
Os problemas que podem deixar a secreção de prolactina baixa incluem:
- lesões na hipófise;
- uso de alguns medicamentos, como os agonistas de dopamina;
- hipopituitarismo;
- síndrome de Sheehan — um tipo de hipopituitarismo decorrente de necrose hipofisária, causada por hipotensão ou hemorragia pós-parto.
A hipófise também é chamada de glândula pituitária. Sendo assim, o hipopituitarismo se refere à deficiência hipofisária na produção de um de seus hormônios. Quando mais de uma substância deixa de ser secretada em quantidade suficiente, chama-se pan-hipopituitarismo.
A prolactina baixa, por si só, não tem impactos na fertilidade. Entretanto, dependendo do tipo de hipopituitarismo, uma das consequências é o hipogonadismo (mau funcionamento das gônadas), que pode desencadear:
- irregularidades menstruais;
- atrofia mamária;
- perda de massa muscular;
- redução da libido;
- disfunção erétil;
- infertilidade masculina e feminina.
Apesar de não ter tantos impactos clínicos como condição isolada, a prolactina baixa durante a gestação e o período de amamentação é um problema que precisa de atenção médica, visto que interfere na preparação das glândulas mamárias e na produção do leite materno.
Já as mulheres e os homens com hipogonadismo secundário ao hipopituitarismo podem precisar de medicação hormonal e técnicas de reprodução assistida, caso queiram recuperar a fertilidade.
Casais com fatores femininos de infertilidade são indicados ao tratamento com estimulação ovariana e indução da ovulação associadas à relação sexual programada, à inseminação artificial ou à fertilização in vitro (FIV), dependendo da complexidade do caso.
Quando o problema é masculino, principalmente se for uma alteração grave como a azoospermia (ausência de células reprodutivas no ejaculado), o casal pode precisar de FIV com recuperação espermática e injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI).
Portanto, a prolactina baixa não afeta tanto as funções reprodutivas quanto a hiperprolactinemia, a não ser que faça parte de um quadro de pan-hipopituitarismo. De qualquer forma, as dosagens desse hormônio são importantes, tanto para avaliar a fertilidade do casal quanto durante a gestação.
Faça a leitura de mais um texto e veja outros fatores relacionados à infertilidade feminina!