A busca por tratamentos de reprodução assistida tem crescido consideravelmente, visto que a infertilidade já é um tema preocupante na sociedade contemporânea. As taxas são crescentes, sendo proporcionais entre homens e mulheres. Esse crescimento no número de casais inférteis reflete mudanças no estilo de vida atual e o adiamento da maternidade.
Outro fator importante a destacar é que os métodos de investigação para diagnóstico estão mais requintados e podem identificar problemas reprodutivos que antes poderiam passar despercebidos. Também por isso, temos documentado um percentual maior de pessoas inférteis.
Diversos fatores contribuem para a infertilidade feminina e masculina, de forma que ambos, mulher e homem, precisam ser examinados de maneira detalhada para chegar às causas específicas da dificuldade de reprodução.
Fizemos este post para esclarecer quem pode utilizar as técnicas de reprodução assistida. Acompanhe e entenda!
O que é reprodução assistida e por que hoje é tão relevante?
A reprodução assistida é o campo da medicina que trabalha especificamente com um conjunto de técnicas que ajudam a controlar o processo conceptivo, aumentando as chances de gravidez. É uma área voltada para pessoas que têm o sonho de gerar um filho biológico, mas enfrentam desafios para isso.
A infertilidade agora afeta um número preocupante de pessoas ao redor do mundo. Nesse cenário, surge o seguinte questionamento: por que os casais estão enfrentando dificuldades para ter filhos, se isso é um fenômeno natural e inerente ao processo de reprodução de todos os seres vivos?
Podemos abordar 4 fatores importantes relacionados ao mundo moderno:
- hábitos prejudiciais à saúde;
- aumento de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis);
- adiamento da maternidade;
- falta de estabilidade nos relacionamentos.
As mudanças no estilo de vida representam um ponto que merece atenção na sociedade moderna. Tanto os homens quanto as mulheres estão propensos a ter hábitos que prejudicam a saúde, de modo geral, como: tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, má alimentação e sedentarismo (que levam à obesidade e doenças metabólicas).
Além disso, temos altos índices de estresse emocional na contemporaneidade e a constante exposição a substâncias tóxicas presentes no ambiente. Todos esses fatores podem interferir no equilíbrio hormonal e, por consequência, tornar a pessoa infértil.
Outro aspecto determinante para as taxas crescentes de infertilidade é o adiamento da maternidade. A capacidade de reprodução espontânea reduz conforme a idade avança, o que acontece mais rápido com as mulheres, que se tornam menos férteis após os 35 anos. Isso porque a quantidade e a qualidade dos óvulos diminuem.
No contexto atual, as mulheres têm postergado cada vez mais a gravidez, pois buscam estabelecer suas carreiras e conquistar estabilidade financeira, além de realizar outros projetos pessoais antes de ter filhos.
Por fim, também podemos mencionar o aspecto psicossocial da reprodução humana. Embora seja possível ter um filho de forma independente com a ajuda da medicina reprodutiva, a maioria das pessoas ainda espera ter uma relação conjugal estável para realizar esse sonho. Entretanto, é notória a mudança nos padrões de relacionamento.
Por todas as razões mencionadas, os serviços de reprodução assistida têm sido cada vez mais relevantes para a sociedade, o que justifica o aumento na procura.
Quais são as técnicas de reprodução assistida?
Relação sexual programada (RSP), inseminação artificial ou intrauterina (IIU) e fertilização in vitro (FIV) são as técnicas empregadas nos tratamentos de reprodução assistida. As duas primeiras são de baixa complexidade e a FIV é considerada de alta complexidade.
Na RSP e na IIU, a fecundação do óvulo é in vivo, isto é, acontece no corpo da mulher, em uma das tubas uterinas. Entretanto, realiza-se a estimulação ovariana para ter mais chances de que a ovulação seja bem-sucedida. Outro procedimento feito na IIU é o preparo seminal, com o objetivo de introduzir no útero da paciente uma amostra processada com espermatozoides capazes de realizar a fertilização.
Na FIV, que envolve procedimentos mais complexos, todas as etapas que antecedem a implantação de um embrião no útero são controladas em laboratório, incluindo: estímulo ao desenvolvimento de vários óvulos, preparo seminal, fecundação dos óvulos e cultivo dos embriões em incubadora. Após todos esses processos, os embriões são colocados no útero da paciente.
Além dessas três técnicas principais, há vários métodos e procedimentos complementares que são realizados na reprodução assistida, conforme as necessidades específicas de cada casal, por exemplo: recuperação espermática, teste genético pré-implantacional (PGT), doação de gametas, criopreservação, entre outras.
Quem pode utilizar as técnicas de reprodução assistida?
Os serviços de reprodução assistida podem ser utilizados por todas as pessoas maiores de idade que queiram ter filhos biológicos, mas que tenham alguma condição que as impeça de fazer isso de forma natural.
Quando falamos “todas as pessoas”, nos referimos a: casais heteroafetivos, casais homoafetivos, além de mulheres e homens solteiros que queiram se tornar mães/pais sem parceiros — isso é possível com técnicas como doação de sêmen, doação de óvulos e útero de substituição.
Essas possibilidades abrangentes refletem a evolução da resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que acompanha as mudanças da sociedade e adota atualizações para democratizar os serviços de reprodução assistida, de forma que possam ser utilizados por qualquer pessoa que queira e precise.
Segundo a resolução 2.320/2022: “Todas as pessoas capazes que tenham solicitado o procedimento e cuja indicação não se afaste dos limites desta resolução podem ser receptoras das técnicas de reprodução assistida, desde que os participantes estejam de inteiro acordo e devidamente esclarecidos, conforme legislação vigente”.
Uma das normas éticas é referente à idade da mulher candidata à gravidez por técnicas de reprodução assistida, que deve ser de, no máximo, 50 anos — mas há exceções, conforme a própria resolução esclarece.
Para finalizar, vale lembrar que todos que vão se submeter às técnicas de reprodução assistida precisam passar por uma investigação diagnóstica detalhada para que sejam feitas as indicações mais apropriadas de tratamento. Portanto, todos podem utilizar essas técnicas, mas apenas quando há indicações médicas que justifiquem seu uso.
Já que está aqui, faça também a leitura do texto sobre fertilização in vitro (FIV) e conheça os detalhes dessa técnica de alta complexidade!