Sangramento de nidação: o que é?
O sangramento de nidação talvez não seja percebido por todas as mulheres, mas tem relação com a implantação embrionária, ou seja, o momento em que um óvulo fertilizado se prende ao endométrio, que é o revestimento interno do útero.
Implantação, nidação ou ainda fixação embrionária são termos que podemos usar como sinônimos. Para que essa etapa do processo reprodutivo seja bem-sucedida, uma série de fenômenos biológicos preparatórios devem ocorrer, a começar pela produção dos gametas (óvulos e espermatozoides).
Vamos explicar, a seguir, quais processos ocorrem antes da implantação, como é o sangramento de nidação e se isso acontece de forma diferente na gravidez espontânea e na reprodução assistida. Acompanhe!
O que acontece antes da nidação?
A nidação é a primeira etapa da gravidez, mas, antes disso, acontecem vários outros fenômenos, partindo da gametogênese — processo de produção dos gametas.
Na mulher, também é chamado de foliculogênese e consiste no desenvolvimento dos folículos ovarianos, culminando na liberação de um óvulo maduro (ovulação). Isso ocorre com o estímulo dos hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), produzidos pela glândula hipófise.
No homem, a produção de espermatozoides, ou espermatogênese, ocorre nos testículos, também a partir do estímulo de FSH e LH, assim como de testosterona. Os gametas amadurecem e adquirem motilidade nos epidídimos e percorrem os vasos deferentes para se juntar aos fluídos da próstata e das vesículas seminais, formando o sêmen ou esperma.
Quando a mulher ovula, o óvulo é levado para o interior da tuba uterina. Se o casal tiver relação sexual sem contracepção nos dias próximos à ovulação, os espermatozoides entram no corpo feminino por meio da ejaculação e migram até a tuba, onde a fecundação deve acontecer.
Assim que o óvulo é fertilizado, tem início o desenvolvimento embrionário, caracterizado por sucessivas divisões celulares (fase de clivagem). Enquanto se desenvolve, o embrião é levado para a cavidade do útero pelos movimentos musculares da tuba uterina.
Entre 5 e 7 dias após a fecundação, o embrião começa a se prender ao epitélio endometrial, estabelecendo a nidação. Entretanto, a implantação embrionária se completa somente se o endométrio estiver receptivo.
O conceito de receptividade endometrial engloba as características ideais do endométrio para o estabelecimento da nidação, o que inclui a espessura do tecido, alterações estruturais e a atividade secretória que garante o fenótipo receptivo. Esses aspectos são estimulados e mantidos pela ação dos hormônios estrogênio e progesterona, que agem de forma cíclica, preparando o útero para receber um embrião.
O ciclo endometrial e o ovariano (que leva à ovulação) fazem parte do ciclo menstrual. Isso significa que esses processos ocorrem mês após mês no corpo da mulher, durante toda sua vida fértil, para que uma gravidez possa acontecer.
Nos ciclos em que não há óvulo fecundado para realizar a nidação, os níveis de estrogênio e progesterona diminuem, provocando a descamação do endométrio e a menstruação.
O que é o sangramento de nidação?
O sangramento de nidação pode acontecer quando o embrião se prende ao revestimento intrauterino, mas nem todas as mulheres chegam a notar a presença dessa secreção. Isso ocorre cerca de uma semana após a fecundação.
O óvulo que foi fertilizado já está em fase de blastocisto no momento da nidação e apresenta um grande número de células totipotentes — células capazes de dar origem a todos os tecidos que formam o corpo humano, incluindo as estruturas extraembrionárias como a placenta.
No ato da implantação, o embrião rompe a zona pelúcida (membrana que o circunda) e se infiltra no endométrio. Esse fenômeno promove alterações na dinâmica vascular do tecido endometrial, podendo ocasionar um discreto sangramento de nidação.
Esse sangramento é bem diferente da menstruação, ou mesmo de escapes intermenstruais. Suas características incluem: coloração de rosa a marrom, não vermelho vivo; presença ocasional de manchas desse sangue, não fluxo contínuo.
Outros sintomas podem acompanhar o sangramento de nidação, como cólicas leves e sensibilidade mamária. Contudo, a implantação do embrião também pode ocorrer de forma totalmente assintomática, o que tende a confundir as mulheres que estão na expectativa de confirmar a gravidez.
Alterações no olfato, náuseas, sonolência e mudanças de humor também estão entre os primeiros sintomas de gravidez, mas começam a surgir apenas alguns dias ou semanas após o sangramento de nidação.
Por fim, é oportuno esclarecer que, mesmo que a fecundação aconteça — seja de modo espontâneo, seja com a ajuda da reprodução assistida — algumas disfunções interferem no sangramento de nidação, ou melhor, são condições que acarretam falhas de implantação. Exemplos disso são:
- doenças estruturais que modificam a arquitetura endometrial, como mioma e pólipo;
- inflamação no endométrio (endometrite);
- insuficiência lútea, caracterizada pela baixa produção de progesterona;
- endométrio fino, decorrente de baixos níveis de estrogênio ou de falhas nos receptores estrogênicos;
- baixa qualidade do embrião;
- trombofilias;
- fatores imunológicos.
A nidação é diferente na gravidez por reprodução assistida?
A implantação embrionária e o sangramento de nidação podem ocorrer em todas as gestações, independentemente se foi por vias naturais ou com tratamentos de reprodução assistida. O que diferencia esses dois percursos são as etapas anteriores, como desenvolvimento e coleta dos gametas, local da fertilização do óvulo e a forma como o embrião chega ao útero.
A técnica mais complexa da reprodução assistida é a fertilização in vitro (FIV), que realiza a coleta dos óvulos e espermatozoides, a fecundação ocorre em laboratório e os embriões, já com alguns dias de desenvolvimento pré-embrionário, são colocados no útero para estabelecer a nidação.
Nas técnicas de baixa complexidade — relação sexual programada e inseminação artificial —, o óvulo é fertilizado na tuba uterina e naturalmente transportado para o útero. Em todas essas situações, também é preciso que o endométrio esteja receptivo para que o embrião consiga se fixar, levando ao sangramento de nidação.
Confira agora nosso texto que explica tudo sobre a técnica de fertilização in vitro!
Compartilhe:
