O sistema reprodutor feminino é composto pelos ovários, tubas uterinas, útero e vagina. Para que a gravidez seja bem-sucedida, todas as estruturas devem funcionar corretamente.
Desde a puberdade, fase em que a mulher inicia a idade fértil, em cada ciclo menstrual os ovários liberam um óvulo para ser fecundado. Ele é capturado pelas uterinas, também responsável pelo transporte dos espermatozoides: nelas, a fecundação, ou fusão do óvulo e espermatozoide acontece.
Após ser fecundado o óvulo se transforma na célula-ovo conhecida como zigoto, que passa por sucessivas divisões celulares até formar o embrião. Nos primeiros dias de desenvolvimento o embrião também é transportado pelas tubas uterinas para o útero, onde se implanta e desenvolve até o nascimento.
O colo do útero possui, da mesma forma, uma função fundamental no processo reprodutivo. Continue a leitura até o final para saber qual é.
O que é o colo do útero e qual a sua função para a fertilidade?
Considerado o principal órgão do sistema reprodutor feminino o útero é dividido em três porções: corpo, istmo e colo do útero.
O corpo do útero possui três camadas: endométrio, miométrio e perimétrio.
O endométrio é a camada interna, formada por tecido epitelial altamente vascularizado. Nele o embrião implanta é abrigado e nutrido até que ocorra o desenvolvimento da placenta. Já o miométrio é camada intermediária, formada por fibras musculares lisas e garante as contrações na hora do parto, enquanto o perimétrio, camada externa serosa, não possui nenhuma função no processo reprodutivo.
O colo uterino, por outro lado é composto pela ectocérvice e endocérvice e tem em média 3-4 cm de comprimento e 2,5 cm de largura. Ectocérvice é a porção que se projeta para a vagina, cuja abertura é chamada de orifício externo.
A passagem entre o orifício externo e a cavidade uterina é conhecida como canal endocervical e tem aproximadamente 7 mm de largura. O canal endocervical termina no orifício interno, ou seja, a abertura do colo para a cavidade uterina.
O colo do útero é responsável pela produção do muco cervical e pela manutenção da gravidez no útero até o início do trabalho de parto.
O muco cervical, por outro lado, é um fluido secretado pelas glândulas no colo do útero e é composto de água (95% a 99%), íons, enzimas, proteínas bactericidas, proteínas plasmáticas e mucinas.
Ele preenche a abertura do canal cervical e possui duas funções importantes: facilitar o transporte dos espermatozoides até as tubas uterinas para que a fecundação aconteça e impedir a ascensão das bactérias naturalmente presentes na vagina, evitando, inclusive, que infecções afetem o feto durante a gravidez.
Durante o ciclo menstrual o muco cervical sofre variações influenciadas pelos hormônios estrogênio e progesterona. No início do período fértil, por exemplo, quando os níveis de estrogênio são mais elevados, há um aumento na secreção de muco cervical que é mais fino e elástico. É este muco que facilita a migração do espermatozoide para o útero.
Após a ovulação o ovário começa a secretar progesterona, a quantidade de muco cervical é reduzida e fica mais espessa e pegajosa. Este muco bloqueia a migração do esperma.
O colo do útero, portanto, é a porta de entrada do útero. Anatomicamente, deve permitir a passagem de espermatozoides para o útero através do canal endocervical, produzir muco para facilitar esse processo e o transporte de espermatozoides até as tubas uterinas. Enquanto imunologicamente, precisa reconhecer e prevenir a entrada de bactérias.
O que pode afetar o colo do útero e resultar em infertilidade?
A cervicite ou inflamação do colo do útero é o principal fator de risco para a fertilidade relacionado à essa porção do útero, principalmente quando se torna crônica. Geralmente é causada por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) como clamídia ou gonorreia.
A inflamação causa alterações na quantidade e qualidade de muco cervical: não há produção suficiente de muco com qualidade fértil no período de ovulação, assim como a consistência dele pode ser alterada: torna-se mais espessa e pegajosa. Ambos os casos podem dificultar ou impedir o transporte dos espermatozoides e, consequentemente, a fecundação.
Além disso, também afeta a sua função imunológica, possibilitam que as bactérias espalhem para outras camadas uterinas, provocando novos processos inflamatórios, no órgão ou em estruturas vizinhas.
No endométrio, a inflamação é chamada endometrite e pode interferir na receptividade endometrial, período em que a camada está apta para receber o embrião, resultando, assim, em falhas na implantação e perda da gravidez.
Se a inflamação atingir os ovários, ooforite, pode comprometer processo de desenvolvimento e amadurecimento dos folículos (bolsas que armazenam o óvulo), impedindo o rompimento para liberação do óvulo ou interferindo na qualidade dele.
Nas tubas uterinas impossibilitam a captação do óvulo ou o transporte deles e, assim, a fecundação.
Inflamações no útero podem resultar, ainda, na formação de aderências que provocam distorções na anatomia do órgão, dificultando ou impedindo o desenvolvimento da gravidez, o que também leva ao abortamento.
Para diagnosticar a cervicite são realizados principalmente dois exames: de sangue, que confirma a inflação e o exame especular que possibilita uma avaliação detalhada do colo do útero, indicando a presença de inflamação.
Os resultados diagnósticos orientam o tratamento mais adequado para cada paciente.
A cervicite ou outros processos inflamatórios provocados por bactérias, são facilmente tratados por antibióticos prescritos de acordo com o tipo. Alterações na anatomia, por outro lado são corrigidas por técnicas minimamente invasivas.
Após o tratamento há uma normalização da função das estruturas afetadas na maioria dos casos, possibilitando a gravidez espontânea.
Porém, se não houver sucesso, as chances pelo tratamento por fertilização in vitro (FIV) são bastante expressivas.
Na técnica são secionados os melhores óvulos para a fecundação, realizada em laboratório, e os embriões formados são transferidos para o útero.
Se não houver sucesso na correção anatômica do útero, outra técnica complementar, o útero de substituição, pode ser indicada. Nesse caso, o casal precisa de uma outra mulher para passar pela gravidez.
Os percentuais de sucesso registrados pela técnica são, em média, 50% por ciclo de tratamento.
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