Útero e fertilidade estão diretamente associados, visto que é nesse órgão que o feto se desenvolve durante a gestação. Contudo, a reprodução humana envolve vários processos complexos, então precisamos abordá-los para explicar melhor as funções uterinas.
Junto com o útero, os outros órgãos fundamentais para a fertilidade feminina são as tubas uterinas e os ovários, responsáveis pela ovulação e pelo transporte do óvulo. Em resumo, ocorrem as seguintes etapas até o embrião chegar à cavidade uterina:
- os folículos ovarianos se desenvolvem a partir do estímulo dos hormônios hipofisários, FSH e LH;
- um dos folículos amadurece e se rompe, liberando o óvulo;
- a tuba uterina recolhe o óvulo no momento da ovulação e o transporta para o local onde a fecundação acontece;
- os espermatozoides migram até as tubas uterinas e um deles fecunda o óvulo;
- o embrião começa a se desenvolver, enquanto é levado para o interior do útero pela motilidade tubária;
- aproximadamente de 3 a 5 dias após a fecundação, o embrião chega ao útero;
- se o endométrio estiver em condições apropriadas e o embrião for sadio, este se implanta no útero e a gravidez inicia.
Continue lendo este texto e entenda mais sobre a importância do útero na fertilidade!
Como é a estrutura do útero?
O útero está localizado na cavidade pélvica, entre a bexiga urinária e o reto. Em seu formato normal, assemelha-se a uma pera de cabeça para baixo e mede cerca de 7,5 cm em mulheres não gestantes. O tamanho uterino pode variar conforme influência hormonal, número de gestações e outros fatores.
Na gravidez, o órgão multiplica de tamanho em várias vezes, chegando a medir mais de 35 cm de altura. A expansão da cavidade é possibilitada pela camada fibromuscular da parede uterina, e isso é necessário para acomodar o feto enquanto ele cresce.
Nas laterais de sua parte superior, o útero recebe as tubas uterinas — antigamente, chamadas de trompas de falópio —, as quais se prolongam até os ovários. Na porção inferior, o órgão se liga à vagina.
Anatômica e funcionalmente, o útero é dividido em três partes:
- o colo do útero, ou cérvice, é a porção inferior, que se une ao canal vaginal;
- o istmo é a passagem estreita e cilíndrica que liga o colo ao corpo uterino;
- o corpo do útero é a maior parte do órgão, abrangendo seus dois terços superiores.
A parede uterina também se divide em 3 partes. Sendo assim, a estrutura histológica do útero apresenta as seguintes camadas:
- endométrio — revestimento interno e local de implantação do embrião;
- miométrio — camada espessa, constituída por tecido muscular, responsável pela expansão uterina e pelas contrações de parto;
- serosa — membrana que cobre a parte externa do órgão.
Qual é a função do útero na fertilidade?
A relação entre útero e fertilidade é óbvia: acolher o embrião, proteger e sustentar o feto até seu nascimento. Entretanto, há vários aspectos importantes que podemos explorar, como as funções uterinas relacionadas ao ciclo menstrual, à manutenção da gestação e ao trabalho de parto.
Função do útero no ciclo menstrual
Começando por seu papel no ciclo menstrual, podemos dizer que o útero tem atividades controladas por hormônios que modificam as caraterísticas do endométrio e o preparam, mês após mês, para uma possível gravidez.
Na ausência de um embrião para se implantar, o tecido endometrial descama e se renova no ciclo seguinte. O sangramento da menstruação é resultado desse processo cíclico de descamação do tecido intrauterino.
Função do útero na gestação
É na cavidade endometrial que ocorre a implantação do óvulo fecundado e a nutrição do embrião/feto para que se desenvolva. Para ofertar condições uterinas adequadas, vários hormônios agem durante toda a gestação, mantendo o ambiente receptivo e seguro.
A placenta se torna responsável pela secreção de altos níveis de hormônios reprodutivos, assim como garante o transporte de sangue, oxigênio e nutrientes para o feto.
Função do útero no parto
Quando a hora do parto se aproxima, as fibras musculares do miométrio, camada mais espessa da parede uterina, têm atividade importante para promover as contrações que empurram o bebê para fora do útero. Isso também acontece em resposta à ação dos hormônios, sobretudo da ocitocina.
Mulheres com problemas uterinos podem engravidar?
Como vimos, o útero precisa estar em condições adequadas para cumprir suas funções. No entanto, algumas doenças afetam o órgão e causam infertilidade. Entre elas, estão:
- mioma;
- pólipo;
- endometrite;
- adenomiose;
- sinequias;
- malformações müllerianas.
Algumas dessas condições são tratadas com medicação, outras com cirurgia. A reprodução assistida também é indicada. Mulheres com problemas uterinos têm mais chances de engravidar ao realizar uma fertilização in vitro (FIV).
Mesmo quando, em casos específicos, a mulher não tem o útero — seja por anomalia congênita, seja por ter feito cirurgia para remoção do órgão (histerectomia) —, é possível realizar o sonho de ter um filho com sua herança genética se recorrer à cessão temporária de útero.
Também chamada de útero de substituição, ou barriga solidária, essa técnica permite que a futura mãe utilize seus próprios óvulos, os quais são fertilizados em laboratório e transferidos para o útero de outra mulher.
Entre as orientações do CFM (Conselho Federal de Medicina) para essa prática, estão o grau de parentesco com a cedente temporária de útero, que deve pertencer à família do casal, e a decisão solidária, isto é, sem requerer lucro em troca.
Confira nosso texto específico sobre útero de substituição e entenda, de forma detalhada, como a prática funciona!