Muitos casais sonham em ter filhos, mas lidam com algumas condições que dificultam esse sonho. Os problemas podem decorrer de infertilidade feminina, masculina ou dos dois. Dentre os muitos fatores que podem interferir nas chances de gravidez, a SOP é uma das principais.
A SOP afeta o processo de ovulação e provoca irregularidades menstruais, inclusive chega a interromper a menstruação por alguns meses. Esse é um dos principais indícios de que há alguma alteração no sistema reprodutor, sendo necessário realizar o acompanhamento médico para investigar o problema — sobretudo, se a mulher deseja uma gravidez.
Além da menstruação irregular e da infertilidade, em razão das falhas de ovulação, a SOP pode desencadear sintomas que afetam a estética e, por consequência, a autoestima da mulher. O risco de repercussões negativas na saúde geral, incluindo problemas metabólicos e cardiovasculares, também existe.
Confira as informações que reunimos a seguir para conhecer essa doença melhor e entender quais são as possibilidades de gravidez com SOP!
O que é SOP?
SOP — sigla de síndrome dos ovários policísticos — é uma disfunção do sistema endócrino que acomete as funções ovarianas. Essa endocrinopatia é caracterizada pelo aumento nos níveis dos hormônios andrógenos (masculinos) no corpo da mulher, o que afeta o equilíbrio das substâncias que regulam o funcionamento dos ovários.
Importante saber que os ovários são as gônadas femininas, órgãos responsáveis por liberar os gametas (óvulos) necessários para a fecundação. Também está entre as funções ovarianas produzir os hormônios estrogênio e progesterona, os quais mantém as características sexuais secundárias da mulher e preparam o útero para a gravidez.
A alta concentração de hormônios andrógenos circulantes no corpo feminino interfere no desenvolvimento dos folículos, que param de crescer no meio do processo pré-ovulatório, formando múltiplos microcistos — outra importante característica da SOP, confirmada por ultrassonografia pélvica.
Os sinais e sintomas mais evidentes da SOP são as manifestações de hiperandrogenismo, como: acne, seborreia, alopecia (queda de cabelo), hirsutismo (crescimento de pelo em locais tipicamente masculinos), aumento da gordura abdominal, entre outros.
A SOP é uma condição que requer tratamento, pois, além de causar infertilidade, está associada a problemas de saúde como resistência insulínica, diabetes tipo 2, dislipidemia (aumento de colesterol), síndrome metabólica, obesidade e complicações cardiovasculares.
Os critérios diagnósticos da SOP, portanto, incluem:
- sinais clínicos ou laboratoriais de hiperandrogenismo;
- presença de policistos ovarianos e aumento do volume dos ovários, aspectos confirmados por ultrassom;
- amenorreia (ausência de menstruação) ou oligomenorreia (ciclos menstruais infrequentes), decorrentes da anovulação.
O que é anovulação?
A SOP é a principal causa de infertilidade feminina por anovulação, isto é, ausência de ovulação. Isso acontece porque o excesso de hormônios masculinos prejudica o processo de foliculogênese (desenvolvimento dos folículos que guardam os óvulos), de modo que nenhum deles consegue chegar ao estágio ideal de crescimento e maturação para ovular.
Sem ovulação, não há óvulo disponível para ser fecundado e a gravidez não acontece. Em vez disso, a SOP também pode causar oligovulação, que é uma liberação irregular dos óvulos — em alguns ciclos, pode acontecer, mas em outros, não. Dessa forma, a mulher não consegue calcular seu período fértil para aumentar as chances de concepção natural.
A relação negativa entre SOP e gravidez também é explicada pela falta de preparo adequado do útero para receber um embrião. Os níveis elevados de andrógenos afetam a produção dos hormônios ovarianos, estrogênio e progesterona, que são responsáveis pela receptividade endometrial — referente ao tecido intrauterino no qual o embrião se implanta.
É possível engravidar com SOP?
SOP e gravidez espontânea não é uma junção impossível, mas as chances são baixas. Um casal sem problemas de fertilidade tem apenas cerca de 20% de chance de engravidar em cada ciclo. Com a disfunção ovulatória causada pela SOP, essa margem é menor.
Em casos de anovulação crônica, a gravidez realmente não tem como acontecer. No entanto, se a mulher tiver ovulação irregular, mas praticar relações íntimas sem contracepção, é possível engravidar se a relação sexual ocorrer em torno do dia em que o óvulo foi liberado.
O tratamento de SOP é feito com medicamentos antiandrogênicos e contraceptivos hormonais que ajudam a amenizar os sintomas e a irregularidade menstrual, mas, como se trata de um método anticonceptivo, não é interessante para mulheres que querem engravidar.
Algumas mudanças nos hábitos de vida também podem ajudar. A condição de sobrepeso ou obesidade é um dos fatores de risco para a SOP. Sendo assim, a redução de 5% a 10% do peso corporal pode diminuir os níveis de hormônios andrógenos e melhorar as funções ovarianas, aumentando as chances de uma gravidez espontânea.
SOP e gravidez na reprodução assistida: quais são as possibilidades?
A reprodução assistida trabalha com técnicas que podem auxiliar mulheres com SOP. O tratamento indicado é a estimulação ovariana com indução de ovulação, que utiliza medicações hormonais para aumentar a função dos ovários, fazendo mais folículos se desenvolverem a fim de obter vários óvulos maduros.
A estimulação ovariana é indicada em associação com as técnicas de baixa complexidade — relação sexual programada e inseminação artificial — para os casos mais simples de infertilidade, a exemplo da anovulação.
Mulheres com SOP e idade superior a 35 anos, ou se o casal apresentar outros fatores de infertilidade — tubários, uterinos ou masculinos — têm mais chances de conseguir a gravidez com a fertilização in vitro (FIV).
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