O útero está sujeito a diversas alterações que podem comprometer sua estrutura e funcionalidade, impactando a saúde e a fertilidade da mulher. Entre as doenças estruturais uterinas está o mioma submucoso, um tipo de tumor benigno que cresce na parede do órgão e invade sua camada interna.
Os miomas podem se desenvolver em diferentes localizações no útero, e sua classificação depende disso, isto é, da direção em que crescem. Outras alterações na estrutura uterina que também podem causar infertilidade incluem pólipo endometrial, adenomiose e malformações müllerianas.
Neste texto, você verá mais informações sobre o mioma submucoso, seus sintomas e impactos na fertilidade. Leia com atenção!
Quais são os tipos de mioma?
Os miomas são classificados de acordo com sua localização na parede uterina. A classificação mais utilizada é a da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), que divide os miomas em nove tipos. No entanto, podemos agrupá-los em três tipos principais: submucosos, intramurais e subserosos.
Para entender melhor como cada tipo de mioma se desenvolve, é importante conhecer a formação histológica da parede uterina, que é formada por três camadas:
- endométrio é a camada interna do útero, reveste a cavidade uterina e é responsável pela menstruação e pela implantação do embrião;
- miométrio é a camada muscular intermediária, responsável pelas contrações uterinas durante o parto e pela capacidade de expansão do órgão;
- camada serosa é o tecido mais externo, que reveste o útero e o protege na cavidade pélvica.
Todos os tipos de mioma são formados por células musculares, portanto nascem no miométrio, mas podem crescer em diferentes direções. Conhecendo as camadas da parede do útero, fica mais fácil compreender que:
- o mioma submucoso é aquele que cresce para dentro da cavidade uterina, distorcendo a camada endometrial;
- o mioma intramural cresce dentro do miométrio e pode causar aumento do volume uterino, alterações na contratilidade e cólicas;
- o mioma subseroso cresce para a parte externa do útero e pode causar compressão de órgãos adjacentes, interferindo no funcionamento da bexiga e do intestino, por exemplo.
Como você viu, o mioma submucoso afeta o endométrio, que é o local da implantação embrionária. Esse tecido se prepara a cada ciclo menstrual para receber um embrião. Quando a gravidez não ocorre, o tecido endometrial descama, dando origem à menstruação, e começa um novo ciclo de preparação para a gestação.
A seguir, entenda de que forma o mioma submucoso pode interferir na fertilidade, além de conhecer seus sintomas e formas de avaliação diagnóstica e tratamento.
O que fazer diante da suspeita de mioma submucoso?
O mioma submucoso pode causar sintomas que afetam o bem-estar da mulher, além de aumentar o risco de infertilidade e aborto espontâneo.
Primeiramente, é importante ficar atenta aos sintomas, que incluem:
- sangramento uterino anormal — o mioma submucoso é uma das principais causas de sangramento menstrual intenso e por período prolongado, inclusive desencadeando anemia em alguns casos;
- desconforto pélvico — embora muitas mulheres com mioma sejam assintomáticas, algumas apresentam dor pélvica que pode se agravar quando o tumor é volumoso;
- dismenorreia (cólicas intensas) é um sintoma associado ao mioma intramural, mas também pode ocorrer quando o mioma é submucoso;
- problemas reprodutivos — o mioma submucoso pode dificultar a evolução da gravidez devido a falhas de implantação do embrião e risco aumentado para abortamento.
A infertilidade nessas condições é provocada por diferentes mecanismos, como a distorção da cavidade endometrial, a oclusão dos óstios tubários, as contrações uterinas irregulares, o aspecto inflamatório do ambiente uterino e as alterações vasculares.
Ao perceber os sintomas, incluindo a dificuldade para engravidar, deve-se buscar avaliação médica. A investigação diagnóstica do mioma submucoso envolve exames de imagem. A ultrassonografia pélvica é, geralmente, o exame inicial. Outras opções são: histerossonografia, histerossalpingografia, ressonância magnética e histeroscopia.
O tratamento do mioma submucoso pode envolver acompanhamento expectante, uso de medicação ou cirurgia. Isso depende dos sintomas, do tamanho do tumor, da idade da paciente e do desejo de ter filhos.
Quando há intenção de engravidar, a cirurgia pode ser indicada para a remoção de mioma submucoso, com o objetivo de deixar o útero saudável e em condições adequadas para a gestação. A cirurgia é realizada por histeroscopia, procedimento minimamente invasivo, feito por via vaginal e sem a necessidade de cortes abdominais.
As técnicas de reprodução assistida — especialmente a fertilização in vitro (FIV), que tem as taxas mais altas de sucesso — representam alternativas relevantes. A realização da miomectomia histeroscópica antes da FIV pode aumentar as chances de sucesso do tratamento.
O mioma submucoso é uma alteração uterina comumente associada à infertilidade feminina, mas é uma condição tratável. Com o acompanhamento médico especializado, você pode recuperar a saúde do seu útero e oferecer o ambiente adequado para que a gravidez se desenvolva sem complicações.
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