O espermatozoide é a célula reprodutiva masculina. Ele tem a missão de percorrer o trato reprodutivo feminino em busca do óvulo para que ocorra a fecundação. Para isso, não basta que os gametas estejam presentes no sêmen em grande quantidade, é preciso que boa parte deles tenha morfologia adequada e boa motilidade.
Essas duas características — morfologia e motilidade — são determinantes para a fertilidade masculina. Dependendo dos índices de alterações morfológicas ou de redução da capacidade de movimentação dos gametas, o homem pode ficar infértil. Contudo, somente é possível verificar esses critérios com um espermograma.
Confira, neste artigo, o que é motilidade espermática e sua importância na fertilidade masculina, inclusive nos tratamentos de reprodução assistida!
O que é motilidade do espermatozoide?
Motilidade é o termo usado para descrever o movimento dos espermatozoides. Com essa capacidade funcional, eles conseguem sair do sêmen (já dentro do corpo feminino), migrar pelo útero e entrar nas tubas uterinas para encontrar o óvulo e realizar a fecundação.
Com o exame de espermograma, é feita a análise macroscópica e microscópica do sêmen. Os primeiros aspectos avaliados incluem volume ejaculado, coloração do esperma, viscosidade e tempo de liquefação. Depois disso, os espermatozoides são especificamente analisados, considerando os padrões de concentração, vitalidade, morfologia e motilidade.
Em relação à capacidade de movimentação, são encontrados 3 tipos de espermatozoides:
- com motilidade progressiva — movem-se para frente, de forma direcional;
- com motilidade não progressiva — conseguem se mover, mas sem direção definida ou somente no mesmo lugar;
- imóveis, ou seja, são os espermatozoides que não apresentam nenhum movimento.
Segundo os valores de referência, o sêmen é considerado dentro do parâmetro de normalidade quando ao menos 32% dos espermatozoides apresentam motilidade progressiva. Abaixo disso, a condição é classificada como astenozoospermia, um dos fatores de infertilidade masculina. É importante lembrar que o diagnóstico não pode ser realizado apenas com um único espermograma, sendo necessários pelo menos dois com intervalos não menores que 30 dias.
Por que a motilidade é importante para a qualidade espermática?
A baixa motilidade espermática pode ser moderada ou grave. A relação com a infertilidade é justificada pela incapacidade dos gametas de chegarem ao local da fertilização. O prefixo da palavra astenozoospermia, “asteno”, significa “fraco”. Nesses casos, portanto, há um alto índice de espermatozoides que não têm força suficiente para nadar até o óvulo, o que diminui as chances de concepção natural.
Mesmo que um homem tenha uma boa concentração de espermatozoides no sêmen (acima de 39 milhões no total ejaculado), se eles não se movimentarem com eficiência e na direção certa, a fecundação natural dificilmente acontecerá. Isso porque o trajeto até o óvulo é longo e cheio de obstáculos.
Quais são os fatores de infertilidade associados à qualidade dos espermatozoides?
O homem fértil tem boa produção espermática, o que resulta na quantidade necessária de gametas, além de boa qualidade dos espermatozoides. Sendo assim, além da motilidade reduzida, outras condições seminais que prejudicam a fertilidade masculina são:
- baixa contagem de gametas (oligozoospermia);
- ausência de espermatozoides no sêmen (azoospermia);
- baixo percentual de gametas com morfologia normal (teratozoospermia);
- altas taxas de fragmentação do DNA espermático (ainda em estudo).
As causas dessas alterações são diversas, incluindo: varicocele; infecções genitais; desequilíbrio hormonal; exposição a toxinas; calor excessivo na região testicular; fatores genéticos; entre outras.
Muitas vezes, a causa não é identificada, mas isso não significa que não possa ser tratada, pois o objetivo final é a gestação e, muitas vezes, não conseguimos melhorar o sêmen, mas a gestação pode ser obtida por meio das técnicas de reprodução assistida.
A motilidade espermática é importante na reprodução assistida?
Sim, a motilidade dos espermatozoides também é um fator decisivo nos tratamentos de reprodução assistida. No entanto, diferentes técnicas podem ser indicadas para otimizar as chances de fecundação.
Veja as possíveis abordagens, de acordo com o grau de comprometimento da motilidade:
Inseminação intrauterina
Conhecida popularmente como inseminação artificial, essa técnica pode ser indicada em casos leves de alterações na morfologia ou na motilidade espermática, principalmente quando a mulher tem menos de 35 anos, boa reserva ovariana e tubas uterinas saudáveis.
A inseminação intrauterina consiste em introduzir os espermatozoides no útero da mulher, com uma cânula, durante o período fértil. Antes dessa etapa principal, o material masculino passa por preparo seminal com métodos que ajudam a selecionar uma amostra com gametas de boa motilidade.
Colocados no útero, os espermatozoides devem continuar seu trajeto naturalmente, entrando nas tubas uterinas e seguindo até o óvulo. Por isso, é essencial que eles tenham motilidade progressiva para cumprir sua função. As taxas de sucesso podem chegar a 20% por ciclo, ou seja, as mesmas de um casal fértil.
Fertilização in vitro (FIV)
A FIV é recomendada quando há alterações mais graves no sêmen ou quando outros fatores de infertilidade também estão presentes (por exemplo, idade avançada da mulher, endometriose, falhas em tratamentos anteriores etc.).
Essa é uma técnica de alta complexidade, na qual os óvulos são coletados e fertilizados em laboratório com a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI). Técnicas como ZyMot podem ajudar na seleção das melhores células germinativas. Assim, é possível selecionar um único espermatozoide com boa morfologia e motilidade de cada vez e injetá-lo dentro do óvulo.
Na FIV com ICSI, não são necessários vários milhões de gametas como na concepção natural ou na inseminação intrauterina. Portanto, mesmo que exista um baixo número de espermatozoides com motilidade progressiva, há chances de fertilização.
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