A síndrome dos ovários policísticos (SOP) pode provocar uma variedade de alterações físicas, hormonais e metabólicas. Um dos sinais clínicos menos discutidos, mas que causa grande impacto no bem-estar e na autoestima da mulher, é a alopecia.
A SOP é um distúrbio endócrino caracterizado por desequilíbrios na secreção dos hormônios sexuais femininos e aumento dos níveis de andrógenos (hormônios masculinos). Essa alteração hormonal pode desencadear a formação de pequenos cistos nos ovários e irregularidades na ovulação e na menstruação, entre outros efeitos.
Neste artigo, você vai entender o que é alopecia, por que ela está relacionada com a SOP e como elas podem afetar a fertilidade feminina.
O que é alopecia?
A alopecia é o termo médico para queda de cabelo. Ela pode surgir por diferentes causas e apresentar diversos padrões. Entre os tipos mais conhecidos, estão:
- alopecia areata — queda repentina de cabelo em áreas circulares, geralmente associada a fatores autoimunes;
- alopecia androgênica ou androgenética — perda de cabelo gradual, em áreas específicas do couro cabeludo, geralmente relacionada a fatores hormonais e predisposição genética;
- eflúvio telógeno — aumento da queda diária dos fios de cabelo, que pode ser provocado por estresse, alterações hormonais súbitas, doenças infecciosas, dietas muito restritivas, entre outras causas.
Nas mulheres com SOP, o tipo mais comum é a alopecia androgênica feminina, caracterizada pelo afinamento progressivo dos fios e pela perda de cabelo nas regiões central e frontal do couro cabeludo, com padrão tipicamente masculino.
Por que a SOP causa alopecia?
A SOP causa um aumento anormal na produção de andrógenos, como a testosterona, que são hormônios responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção de características masculinas. Quando os níveis dessas substâncias estão elevados, há modificações também nos folículos capilares, levando ao afinamento dos fios e à queda de cabelo em regiões específicas do couro cabeludo.
Esse quadro é agravado em mulheres com predisposição genética à alopecia androgênica. Ou seja, a combinação entre alterações hormonais da SOP e fatores hereditários pode desencadear ou intensificar a queda capilar. No entanto, as mulheres não chegam a desenvolver calvície completa como a que é observada nos homens.
A resistência à insulina, comum em muitas portadoras de SOP, também está relacionada à piora do quadro de alopecia, uma vez que afeta o metabolismo e o crescimento saudável dos folículos capilares.
É importante lembrar que a SOP é uma condição complexa, multifatorial e de manifestações variadas. Além da alopecia, podem surgir outros sinais clínicos e laboratoriais que afetam a saúde e o bem-estar da mulher:
- ganho de peso, principalmente com acúmulo de gordura na região abdominal;
- acne e pele oleosa;
- hirsutismo (crescimento anormal de pelos em locais como abdome e queixo);
- resistência insulínica;
- alterações menstruais;
- risco aumentado para diabetes tipo 2 e síndrome metabólica.
A SOP também causa infertilidade?
Sim. A SOP é uma das principais causas de infertilidade feminina, quando não tratada adequadamente. Isso acontece devido à anovulação crônica, ou seja, a ausência de ovulação, que impede que o óvulo esteja disponível para ser fecundado.
Entretanto, a anovulação é uma condição geralmente tratável. Muitas mulheres conseguem engravidar com acompanhamento médico, mudanças no estilo de vida e, se for preciso, com auxílio das técnicas de reprodução assistida.
É preciso avaliar vários aspectos antes de propor um tratamento. Se não houver intenção imediata de engravidar, a mulher pode, inicialmente, fazer uso de medicações que normalizam os ciclos menstruais e controlam os sintomas da SOP.
Mudanças no estilo de vida são amplamente recomendadas a todas as mulheres com SOP — com intenção de gravidez ou não. Ajustes na alimentação e na rotina de exercícios físicos podem ser muito benéficos, principalmente quando a portadora apresenta sobrepeso ou obesidade. Isso porque a redução de 10% do peso corporal já é capaz de fazer diferença no organismo e, inclusive, recuperar a ovulação.
SOP e reprodução assistida
No contexto da avaliação da infertilidade e da reprodução assistida, a paciente que tem SOP encontra alternativas e pode realizar um tratamento personalizado. O primeiro passo é a investigação do casal, não somente da mulher. Ou seja, ambos os parceiros precisam passar por exames, porque, muitas vezes, há fatores de infertilidade masculina e feminina concomitantes.
Caso a mulher seja jovem (menos de 35 anos) e o casal não tenha outros fatores mais graves de infertilidade, o tratamento pode ser iniciado com técnicas de baixa complexidade. Nesse caso, a indicação é para indução da ovulação associada ao coito programado ou à inseminação artificial.
Se outros fatores precisarem ser considerados, como idade materna avançada e alterações masculinas, ou se os tratamentos de baixa complexidade não levarem a resultados positivos, a fertilização in vitro (FIV) pode ser indicada. Trata-se de uma técnica mais complexa, mas que tem taxas mais altas de sucesso.
Além do apoio dos especialistas em medicina reprodutiva, é importante prosseguir com o acompanhamento ginecológico regular para tratar todos os sintomas da SOP, incluindo a alopecia, com foco na melhora da saúde integral.
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