O embrião cumpre um longo processo de desenvolvimento, que começa com a fecundação e passa pelos estágios de zigoto, divisão mórula e blastocisto para que possa se implantar no endométrio uterino — o que acontece aproximadamente 5-7 dias após a fertilização do óvulo.
Utilizamos os termos “embrião” e “desenvolvimento embrionário” para explicar como um novo ser humano se forma desde o momento da fecundação. No entanto, vale esclarecer que, em embriologia, o desenvolvimento pré-natal humano é dividido em 3 etapas:
- pré-embrionário — que vai desde a fertilização até o final da 3ª semana gestacional;
- embrionário — que dura entre a 4ª e a 8ª semanas de gravidez;
- fetal — da 9ª semana até o nascimento.
Tudo começa com a gametogênese, que é o processo de produção dos gametas pelas gônadas. Os óvulos são as células reprodutivas femininas, desenvolvidos nos ovários, e os espermatozoides são os gametas masculinos, produzidos nos testículos.
O embrião é a estrutura originária da fecundação, etapa essa que promove o contato e a fusão dos gametas, bem como a mistura cromossômica das células. Após ser fertilizado, o óvulo é chamado de zigoto e começa a se desenvolver de forma acelerada, estando pronto para a implantação no útero poucos dias depois.
Entenda, agora, o que é mórula e como é o desenvolvimento embrionário na gestação natural e na fertilização in vitro (FIV)!
O que é mórula?
Mórula é um dos estágios do desenvolvimento pré-embrionário, precisamente o quarto estágio da segmentação celular que acontece após o óvulo ser fertilizado pelo espermatozoide.
A formação da mórula representa a última etapa da fase de clivagem (divisão celular) e precede o blastocisto na evolução do embrião. Nessa etapa, o zigoto tem entre 16 e 32 blastômeros — células embrionárias resultantes do processo de mitose.
Os blastômeros da superfície da mórula dão origem aos anexos embrionários, como o saco amniótico e a placenta. Já as células que ficam no interior do aglomerado celular formam o futuro feto.
O óvulo é fertilizado em uma das tubas uterinas e é transportado para o útero enquanto se desenvolve. Cerca de 4 dias após a fecundação, em estágio de mórula, o embrião alcança a cavidade uterina e permanece por 2 dias antes de se implantar no endométrio. Ali, ele recebe nutrientes e fluídos do próprio útero que ajudam a formar o blastocisto.
Como o embrião se desenvolve?
Vamos ao começo do processo reprodutivo para falar sobre o desenvolvimento embrionário.
A mulher que tem ciclos menstruais regulares libera um óvulo maduro por mês, cerca de 14 dias após o início da menstruação. A ovulação marca o período fértil, sendo o momento ideal para que o casal tenha relações sexuais quando deseja engravidar.
Os espermatozoides são produzidos nos testículos e ficam armazenados nos epidídimos para amadurecer. No momento da ejaculação, os gametas são transportados pelo trato reprodutivo masculino, se unem ao líquido seminal e são introduzidos no corpo da mulher, onde devem migrar até as tubas uterinas para encontrar o óvulo.
A fertilização bem-sucedida ocorre com a fusão dos gametas e a formação do zigoto, marcando o primeiro estágio celular do embrião. A segmentação das células transforma o zigoto em pré-embrião em estágio de divisão, depois em mórula e, por fim, em blastocisto.
As divisões celulares acontecem de forma compactada, isto é, a célula ovo não aumenta de volume, mas as células-filhas (blastômeros) se agrupam em seu interior, formando uma massa celular compacta. No processo de clivagem, o número de blastômeros dobra sucessivamente e, no quarto dia, a mórula já é formada por mais de 16 células.
Ao chegar no útero, a mórula recebe fluídos uterinos que preenchem os espaços intersticiais entre os blastômeros. Isso leva ao rearranjo das células e à formação do blastocisto, que é constituído por 3 partes:
- blastocele — cavidade cheia de líquido;
- embrioblasto — massa celular interna que formará o embrião;
- trofoblasto — células periféricas que darão origem às estruturas extraembrionárias.
Por volta do sexto dia após a fecundação, o blastocisto se prende ao tecido endometrial que reveste a parede do útero.
Desenvolvimento embrionário natural e na FIV: existe diferença?
Essa é uma dúvida comum, e a resposta é: o desenvolvimento embrionário passa pelos mesmos estágios na concepção natural e na FIV. A diferença está nas etapas anteriores, isto é, na obtenção dos gametas e na fertilização.
Na FIV, os óvulos e espermatozoides são coletados e a fecundação é feita em laboratório. Após se formarem, os zigotos ficam em incubadoras que permitem o acompanhamento ininterrupto do desenvolvimento embrionário.
O monitoramento é possível devido ao sistema time-lapse, utilizado em equipamento moderno que contém microcâmera em seu interior. Assim, as imagens são captadas em intervalos programados, sem precisar abrir a incubadora e expor os embriões a alterações no ambiente.
Após o acompanhamento inicial, os embriões podem ser transferidos para o útero materno ainda na fase de clivagem, com 2-3 dias de desenvolvimento, ou no estágio de blastocisto. O protocolo de transferência é individualizado, considerando o potencial de implantação dos embriões, entre outros fatores.
Quando o casal é aconselhado a realizar o teste genético pré-implantacional (PGT), é possível fazer a biópsia embrionária para rastreio de alterações gênicas e cromossômicas na fase de clivagem (dia 3), ou em blastocisto.
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