A sigla se refere às palavras hipotálamo-hipófise-ovários. O eixo HHO compreende essas três glândulas, fundamentais para a fertilidade feminina e, consequentemente, para a reprodução humana.
O hipotálamo e a hipófise agem em conjunto, localizam-se em uma cavidade óssea chamada sela túrcica, situada na base do cérebro. São estruturas de importante papel no sistema endócrino, pois sintetizam e liberam hormônios que estimulam o funcionamento de outras glândulas, incluindo tireoide, suprarrenais ou adrenais e gônadas.
Os ovários são as gônadas femininas, assim como os testículos são para os homens. Essas glândulas sexuais são responsáveis pelo desenvolvimento dos gametas e pela produção de hormônios reprodutivos.
Neste texto, vamos explicar como o eixo HHO desencadeia as funções do sistema reprodutor feminino e quais doenças podem afetá-lo. Leia e entenda!
Como o eixo HHO funciona?
O eixo HHO é um sistema complexo que regula a gametogênese (processo de desenvolvimento dos gametas). O estímulo inicial parte do hipotálamo, que secreta o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH).
A atividade pulsátil hipotalâmica estimula a glândula hipófise a liberar os hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH) na corrente sanguínea. Esses hormônios são chamados de gonadotrofinas, pois agem sobre as gônadas para desencadear o desenvolvimento das células reprodutivas.
O eixo hipotálamo-hipófise tem atividade elevada na primeira fase do ciclo menstrual, chamada de fase folicular. Durante esse período, os hormônios hipofisários estimulam o crescimento dos folículos ovarianos.
Enquanto crescem, as células germinativas respondem, principalmente, ao FSH. Por volta de 2 semanas após o início da menstruação, ocorre um aumento súbito de LH, que provoca o amadurecimento final do folículo ovariano mais desenvolvido. No dia da ovulação, esse folículo se rompe e libera um óvulo para ser captado pela tuba uterina, órgão onde ocorre a fecundação.
Após sua ruptura, o folículo que ovulou se torna corpo-lúteo, sendo responsável pela produção de estrogênio e progesterona. Esses dois hormônios agem em conjunto, preparando o endométrio, tecido interno do útero, para receber um embrião.
Se a implantação não ocorrer, o corpo-lúteo se degrada, a produção de estrogênio e progesterona diminui e o endométrio é descamado, resultando na menstruação. Em seguida, um novo ciclo reprodutivo tem início com o hipotálamo estimulando a hipófise a produzir gonadotrofinas e o processo recomeça. Essa atividade cíclica ocorre durante toda a idade fértil da mulher, determinando sua fertilidade.
O que pode prejudicar o eixo HHO e a fertilidade?
A atividade do eixo HHO pode sofrer falhas, caso a mulher desenvolva alguma doença ovariana ou disfunção que afete as glândulas hipotálamo e hipófise. Os problemas de ovulação são, justamente, os fatores que mais ocasionam a infertilidade feminina.
Entre as alterações ovarianas, a mais frequente é a síndrome dos ovários policísticos (SOP). Endometriose no ovário (endometrioma), cistos e tumores ovarianos, assim como disfunções endócrinas, de modo geral, também podem afetar o desenvolvimento ou a qualidade dos óvulos.
Lesões decorrentes de traumas ou tumores na hipófise são causas de alterações na secreção das gonadotrofinas, interferindo no estímulo ovariano. Além disso, fatores associados ao estilo de vida podem afetar as atividades hipotalâmicas, aumentando ou diminuindo a liberação e a pulsatilidade do GnRH — por exemplo: estresse, exercícios físicos em excesso, uso de anabolizantes, antidepressivos, ansiolíticos etc. e extremos de peso (obesidade ou magreza excessiva).
O que fazer diante do diagnóstico da infertilidade?
Casais que não conseguem engravidar após 1 ano de tentativas (mulheres com 35 anos ou menos ou 6 meses com idade superior) podem contar com o acompanhamento de profissionais especializados em medicina reprodutiva. A partir da anamnese e da realização de exames específicos, o médico identifica se existem doenças subjacentes ou outros fatores impactando a fertilidade da mulher, do homem ou de ambos.
As alterações encontradas podem ser tratadas diretamente, com uso de medicações ou até cirurgia, se necessário. As técnicas de reprodução assistida também são apresentadas como opção de tratamento para aumentar as chances do casal que quer ter filhos.
Fatores que afetam o eixo HHO, como vimos, podem causar problemas de ovulação. Para esses casos, podemos indicar, com base nas características do casal, a técnica de estimulação ovariana associada à relação sexual programada ou à inseminação artificial. Esses tratamentos são de baixa complexidade e têm mais chances de êxito quando a mulher tem menos de 35 anos e boa permeabilidade tubária.
Quando a disfunção ovulatória não é o único fator de infertilidade conjugal, a indicação para a fertilização in vitro (FIV) é considerada. Essa é uma técnica de alta complexidade, que pode ser bem-sucedida em situações diversas, como idade materna avançada, obstrução das tubas uterinas e infertilidade masculina por ausência ou baixa contagem de espermatozoides.
A FIV também é iniciada com a estimulação ovariana, mas utilizando um protocolo mais intenso, ou seja, a dose de medicação hormonal é maior para ativar o eixo HHO e levar ao desenvolvimento de um grande número de folículos ovarianos. Então, os óvulos são coletados e fertilizados em laboratório para que os embriões gerados por esse processo sejam colocados diretamente no útero da paciente.
Complemente sua leitura com nosso texto que explica os procedimentos empregados na estimulação ovariana!