O preparo seminal é um procedimento importante nos tratamentos de reprodução assistida, sendo empregado como uma etapa das técnicas fertilização in vitro (FIV) e inseminação artificial ou intrauterina.
A qualidade do sêmen é um dos fatores determinantes para a fertilidade masculina espontânea. O líquido seminal, chamado também de esperma, é introduzido no corpo da mulher durante a relação sexual — sem uso de preservativos —, contendo os espermatozoides, que são as células reprodutivas do homem.
Então, para começar, podemos deixar claro que sêmen ou esperma é o fluído ejaculado, enquanto os espermatozoides são as células sexuais ou gametas masculinos. Em uma amostra seminal normal, geralmente, existem milhões de espermatozoides.
Siga em frente com a leitura e entenda quais são os objetivos do preparo seminal na reprodução assistida!
Elementos do sêmen e fertilidade
O sêmen contém milhões de espermatozoides, mas sua maior parte é formada por fluídos provenientes da próstata e das vesículas seminais. As glândulas bulbouretrais também secretam substâncias que compõem uma pequena fração dos elementos do esperma.
Os espermatozoides são produzidos nos testículos e amadurecem nos ductos que ficam na borda testicular, os epidídimos. Já os componentes produzidos nas glândulas acessórias incluem: vitaminas, proteínas, colesterol, enzimas, aminoácidos livres, ácido cítrico, cálcio, zinco, fósforo, potássio e frutose.
As diversas substâncias presentes no sêmen nutrem e protegem os espermatozoides durante seu trajeto pelo trato reprodutivo feminino. Portanto, o líquido seminal, em toda a sua composição e qualidade, é necessário para fertilidade masculina no processo natural de reprodução humana.
Apesar de o sêmen ter vários elementos, os espermatozoides são os grandes responsáveis pela fertilidade do homem. Na reprodução assistida, precisamente nos tratamentos com FIV, é preciso utilizar somente essas células para fecundar os óvulos.
Portanto, os gametas devem ter a melhor qualidade possível para completar a fertilização e formar embriões saudáveis e com capacidade de implantação — aqui, entra o preparo seminal.
Preparo seminal: o que é
O preparo seminal consiste em um conjunto de métodos de capacitação espermática, cujo objetivo é fazer a seleção dos melhores espermatozoides para a fertilização do óvulo. Esse processo é realizado para aumentar as chances de sucesso nos tratamentos com FIV e inseminação artificial.
As práticas empregadas na etapa de preparo seminal ajudam a identificar os gametas com alterações na motilidade e na morfologia. Assim, é separada uma amostra contendo os mais saudáveis e com maior capacidade de fertilização.
O primeiro passo é a coleta do esperma, feita por masturbação. Quando o espermograma revela azoospermia (ausência de espermatozoides no sêmen), é preciso utilizar técnicas de recuperação espermática testicular ou epididimária. Essas técnicas podem ser utilizada também em casos de criptozoospermia (alterações graves do sêmen).
O preparo inclui a remoção do plasma seminal e de outras substâncias que podem prejudicar a motilidade e a viabilidade dos espermatozoides. Depois disso, os métodos mais utilizados para capacitação dos gametas são:
- lavagem simples;
- swim-up;
- gradiente descontínuo de densidade.
Com essas técnicas de processamento seminal, os espermatozoides são submetidos a condições semelhantes às que são encontradas no trato reprodutivo da mulher. Assim, as células que atendem aos critérios de boa morfologia e motilidade apresentam mais chances de transpor as barreiras naturais dos órgãos femininos para conseguir fertilizar um óvulo.
O preparo seminal nos tratamentos de reprodução assistida
Na reprodução assistida, 3 técnicas são realizadas para promover a gestação em casais inférteis: a relação sexual programada e a inseminação artificial são de baixa complexidade, enquanto a FIV é considerada de alta complexidade. A indicação depende dos fatores de infertilidade de cada casal.
Na relação sexual programada, o preparo seminal não é realizado, pois o esperma e os espermatozoides entram no corpo feminino pela forma natural, a partir da ejaculação masculina.
O preparo seminal é necessário nos tratamentos com inseminação artificial e FIV, os quais têm percursos diferentes. Veja:
Inseminação artificial
Essa técnica tem poucas indicações, as quais abrangem: disfunções ovulatórias, reprodução com doação de sêmen e alterações leves na morfologia ou na motilidade dos espermatozoides.
A mulher passa, primeiramente, por estimulação ovariana com hormônios que levam ao desenvolvimento folicular e à ovulação. A amostra de esperma é submetida ao preparo seminal e, depois de processada e contendo os espermatozoides selecionados, é introduzida no útero da paciente com um fino cateter, via vaginal.
Do útero, os gametas devem migrar para as tubas uterinas, onde poderão encontrar o óvulo. Se a fertilização acontecer, o embrião segue se desenvolvendo naturalmente e é transportado para a cavidade uterina para efetuar a implantação.
FIV
A FIV é mais complexa que a inseminação artificial, da mesma forma que é indicada para um leque maior de condições de infertilidade. O tratamento também começa com a estimulação ovariana, mas a ovulação não chega a acontecer. Os folículos ovarianos são aspirados para que os óvulos sejam obtidos em laboratório.
No dia da aspiração folicular, o esperma é coletado por masturbação para o preparo seminal — ou isso é feito por recuperação espermática, conforme a necessidade de cada caso.
Depois do preparo seminal, os óvulos são fertilizados em ambiente laboratorial controlado e permanecem em meio de cultura. Durante 2 a 7 dias, os embriões são monitorados em incubadora. Após o cultivo, são congelados ou transferidos para o útero em estágio de implantação, conforme o protocolo de transferência.
Acesse o texto principal sobre preparo seminal e veja, de forma detalhada, como os métodos de capacitação espermática são realizados.