A endometriose é uma doença que afeta uma importante fração das mulheres em idade reprodutiva. Ela pode se manifestar de várias formas e surgir em diferentes órgãos da região pélvica, causando sintomas dolorosos e infertilidade feminina. Um dos tipos mais sintomáticos é a endometriose intestinal.
Essa patologia ocorre quando o tecido que reveste o interior do útero, o endométrio, cresce fora de seu sítio habitual, desencadeando reações inflamatórias em outras estruturas da pelve. Em raros casos, as lesões também são localizadas em regiões extrapélvicas.
A causa exata da endometriose não é bem esclarecida, mas há evidências de que ela seja multifatorial. As lesões podem ser influenciadas por fatores genéticos, hormonais, anatômicos e imunológicos.
A endometriose é uma doença crônica, isto é, não tem cura definitiva. No entanto, há várias opções de tratamento para ajudar a reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida das mulheres que sofrem com essa condição.
Neste artigo, vamos falar, em específico, sobre a endometriose intestinal. Acompanhe!
Órgãos que a endometriose pode afetar
As lesões de endometriose afetam, principalmente, os órgãos e ligamentos próximos ao útero. Entre as partes mais comumente acometidas, estão:
- peritônio;
- tubas uterinas;
- ovários;
- bexiga;
- intestino;
- ligamentos uterossacros;
- fundo de saco de Douglas (região atrás do útero);
- septo retovaginal.
A depender do local e das características morfológicas das lesões, a endometriose é classificada em subtipos. A doença peritoneal/superficial, por exemplo, é caracterizada por implantes superficiais de tecido endometriótico no peritônio — a membrana peritoneal tem a função de recobrir os órgãos que ficam na cavidade abdominopélvica.
Outra importante forma da endometriose é o endometrioma ou cisto endometriótico ovariano, ou seja, é um tipo de cisto preenchido com líquido escuro (sangue degradado), que se forma no ovário devido à presença e ao sangramento cíclico do tecido endometrial ectópico.
A endometriose profunda, por sua vez, é um dos tipos mais severos da doença. Nesse caso, os implantes de tecido endometriótico penetram no peritônio e atingem os órgãos, formando nódulos e fibroses. As aderências podem alterar a anatomia das estruturas afetadas e comprometer suas funções.
A endometriose intestinal faz parte da doença profunda. As lesões desse subtipo afetam a parede do intestino, sobretudo a área retossigmoide. No entanto, quando os implantes permanecem na superfície peritoneal do intestino, o diagnóstico é de endometriose superficial.
Sintomas da endometriose intestinal
Cada mulher pode relatar sintomas de endometriose que variam quanto à especificidade e intensidade. As apresentações clínicas variadas podem ou não estar associadas ao tipo da doença e ao comprometimento dos órgãos.
No caso da endometriose intestinal, há sintomas específicos relacionados ao funcionamento do intestino, principalmente no período perimenstrual, como evacuação dolorosa, diarreia ou constipação e presença de sangue nas fezes. As manifestações podem ser mais preocupantes quando há obstrução intestinal decorrente da formação de aderências.
É comum que a portadora apresente diferentes subtipos de endometriose, com focos da doença em vários órgãos. Sendo assim, além dos sintomas intestinais, a mulher pode sentir:
- cólicas menstruais severas;
- dor pélvica acíclica, isto é, que pode surgir a qualquer momento do ciclo, não somente no período menstrual;
- alterações urinárias antes e durante a menstruação quando a bexiga ou os ureteres são afetados, como dor para urinar;
- dor no fundo da vagina (dispareunia de profundidade) durante a relação sexual;
- infertilidade.
Diagnóstico e tratamento da endometriose intestinal
O diagnóstico da endometriose é feito por meio de exames de imagem, como ultrassonografia pélvica e ressonância magnética. Uma biópsia também pode ser realizada após videolaparoscopia para análise do tecido doente. Na suspeita de implantes intestinais, a colonoscopia pode estar indicada.
O passo inicial para diagnosticar qualquer doença ginecológica é a avaliação clínica. Por meio da anamnese, o médico investiga os sintomas e o histórico menstrual e reprodutivo da paciente, além de colher informações a respeito da incidência da patologia em parentes próximas, visto que a endometriose pode ter um componente genético.
O exame físico também é útil para chegar à suspeita diagnóstica, pois o especialista pode identificar nódulos e massas na região pélvica que sejam sugestivos de aderências de endometriose. Contudo, a confirmação é feita somente com exames de imagem, que também são importantes para mapear as lesões e nortear o planejamento terapêutico.
O tratamento da endometriose, de modo geral, varia de acordo com a gravidade dos sintomas e a extensão da doença, podendo incluir medicamentos hormonais e anti-inflamatórios para controlar a dor e a progressão das lesões.
A indicação para tratamento cirúrgico é feita, sobretudo, para mulheres com endometrioma, obstrução ureteral ou intestinal e sintomatologia intensa que não melhora com intervenção medicamentosa. Em casos de endometriose intestinal, geralmente é indicada a cirurgia por videolaparoscopia para remover as lesões endometriais.
A reprodução assistida também é uma possibilidade de tratamento em caso de infertilidade. Quando as lesões prejudicam os ovários e obstruem as tubas uterinas, a fertilização in vitro (FIV) é a indicação mais apropriada. Em condições mais simples, é possível iniciar o tratamento com estimulação ovariana associada a técnicas de baixa complexidade — relação sexual programada ou inseminação artificial.
A endometriose intestinal, por si só, não causa infertilidade. No entanto, como a doença tem várias manifestações e pode afetar diferentes órgãos ao mesmo tempo, existe o risco de a portadora ficar infértil. Em todo caso, o acompanhamento médico é recomendado para avaliação detalhada e prescrição do tratamento mais adequado.
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