TetraStim, DuoStim, estímulo convencional: o que esses termos têm em comum? Todos são protocolos de estimulação ovariana, uma técnica importantíssima realizada em tratamentos de reprodução humana assistida.
A estimulação ovariana consiste no uso de medicações hormonais com ação similar à dos hormônios endógenos que estimulam o ciclo ovulatório. Com essa técnica, é possível desenvolver vários folículos e obter múltiplos óvulos maduros em um mesmo ciclo — lembrando que, na ovulação natural, a mulher geralmente libera apenas um óvulo por vez.
Não existe um só protocolo que possa ser indicado como método padrão. Cada um é adaptado às necessidades e características individuais de cada mulher. Durante o processo de estimulação, também é possível ajustar as doses e o tipo de medicação, conforme a resposta ovariana da paciente.
Neste texto, explicaremos como funciona o protocolo TetraStim, abordando seu objetivo, os benefícios e as aplicações na prática clínica. Compreenda!
O que é TetraStim?
O TetraStim é um protocolo inovador de estimulação ovariana que pode aumentar as chances de coletar um bom número de óvulos, especialmente no caso de mulheres com baixa resposta ao estímulo hormonal convencional.
O baixo número de óvulos é um desafio nos tratamentos com fertilização in vitro (FIV), pois quanto mais óvulos são desenvolvidos e coletados, maiores são as chances de chegar ao final do processo com um ou mais embriões saudáveis que possam ser transferidos para o útero.
O protocolo TetraStim envolve 4 estímulos consecutivos, feitos com doses baixas de medicação. Cada estímulo é seguido de coleta e congelamento das células. Dessa forma, é possível acumular um número razoável de óvulos (entre 3 e 12), ao longo de aproximadamente 2 a 3 meses de estimulação ovariana.
Quando esse protocolo pode ser indicado?
O TetraStim pode ser indicado para mulheres que apresentam baixa reserva ovariana, verificada nos exames de avaliação, ou que tiveram má resposta à estimulação ovariana convencional em tratamentos anteriores.
A ovodoação (doação de óvulos) é uma importante opção para os casais que não conseguem coletar gametas próprios em quantidade ou qualidade suficiente para o tratamento. Entretanto, nem todas as mulheres aceitam engravidar com óvulos doados.
Baixa reserva ovariana e má resposta à estimulação hormonal são condições que podem estar relacionadas aos seguintes fatores: idade avançada (superior a 37 anos); alterações genéticas; cirurgia nos ovários; entre outros.
Considera-se que a mulher tem resposta pobre ao estímulo ovariano quando são coletados três ou menos óvulos, mesmo utilizando os protocolos de doses hormonais mais altas. Quando isso acontece, podemos ter o cancelamento da FIV devido à baixa chance de sucesso no tratamento. Além disso, alguns casais podem até desistir de tentar novamente.
Quais são os objetivos e benefícios do TetraStim?
O principal objetivo do protocolo TetraStim é coletar um número suficiente de óvulos para aumentar as chances de chegar ao final da FIV com um ou mais embriões com potencial para estabelecer uma gravidez.
Quanto mais óvulos coletados, maiores as chances de sucesso. Isso porque nem todos os óvulos obtidos apresentam boa qualidade e nem todos são fertilizados. Além disso, dentre os gametas que são fecundados e originam embriões, nem sempre o desenvolvimento embrionário progride conforme o esperado até o estágio de implantação no útero.
Para resumir, entre os benefícios do TetraStim, estão:
- é uma alternativa viável para mulheres que não conseguem obter óvulos em quantidade suficiente com outros protocolos;
- utiliza baixa dose hormonal e, dessa forma, também há uma redução de custos para a paciente;
- é possível coletar até 12 óvulos, de acordo com nossos estudos, aumentando as chances de ter embriões para a transferência e, por consequência, de confirmar uma gravidez;
- é uma possibilidade valiosa para mulheres que querem engravidar com óvulos próprios e não aceitam a ovodoação.
Como o TetraStim é realizado?
O TetraStim é realizado na etapa da estimulação ovariana para os tratamentos com FIV. Os mesmos procedimentos são seguidos nos quatro estímulos:
- administração das medicações hormonais em doses baixas;
- acompanhamento ultrassonográfico do crescimento dos folículos ovarianos;
- indução da maturação final dos óvulos;
- aspiração do líquido folicular e coleta dos óvulos;
- congelamento dos óvulos coletados.
Nesse protocolo, a primeira estimulação tem início na fase lútea, por volta do vigésimo dia do ciclo menstrual. Um dia depois de cada coleta e congelamento, o estímulo seguinte é iniciado, até que os últimos óvulos sejam coletados. Assim, mesmo que um baixo número seja obtido em cada captação, conseguimos criar um banco de óvulos, resultante da soma das 4 estimulações.
O próximo passo do tratamento é a fertilização em laboratório. Então, os óvulos são descongelados e fecundados com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI). Depois disso, temos as etapas de cultivo em incubadora e transferência de embriões para o útero — para melhorar as condições uterinas (receptividade endometrial), a paciente passa por preparo com medicações hormonais antes da transferência.
O TetraStim é uma estratégia inovadora para mulheres que lidam com os desafios da baixa resposta ovariana e querem engravidar com óvulos próprios. No entanto, vale lembrar que a indicação de protocolo de estimulação, assim como das demais técnicas de reprodução assistida, deve ser sempre individualizada.
Para entender melhor, leia também nosso texto institucional sobre TetraStim!