Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por várias transformações para proteger e sustentar o feto em desenvolvimento. Entre essas mudanças estão as alterações hormonais, metabólicas e circulatórias que, embora naturais, podem elevar o risco de algumas complicações, como a trombose venosa.
A trombose é uma condição que requer muita atenção. Sendo assim, compreender de que modo a gestação pode favorecer seu surgimento é importante para prevenir riscos e garantir uma gravidez segura.
Leia este artigo e entenda: o que é a trombose, por que ela pode ocorrer na gravidez e quais são os cuidados recomendados!
O que é trombose e quais são as causas?
A trombose venosa profunda (TVP) ocorre quando há a formação de um coágulo sanguíneo (trombo) no interior de uma veia, geralmente nas pernas. Esse coágulo pode obstruir o fluxo de sangue e, em casos mais graves, se desprender e migrar para os pulmões, causando embolia pulmonar — uma emergência médica.
As causas da trombose estão ligadas à chamada tríade de Virchow, que postula três fatores que predispõem o desenvolvimento do problema vascular:
- redução do fluxo sanguíneo nos vasos (estase venosa), favorecendo o acúmulo de sangue e a formação de trombos;
- lesão na parede dos vasos sanguíneos (dano endotelial);
- estado de hipercoagulabilidade do sangue.
Algumas condições podem intensificar os fatores acima descritos, tais como:
- gravidez e pós-parto;
- imobilização pós-cirúrgica;
- imobilização prolongada;
- sedentarismo;
- obesidade;
- trombofilias hereditárias ou adquiridas;
- uso prolongado de anticoncepcionais hormonais;
- histórico familiar de trombose.
Por que a gravidez pode aumentar o risco de trombose?
A gestação desencadeia um estado de hipercoagulabilidade natural. O organismo da mulher passa a produzir mais substâncias que favorecem a coagulação para proteger o corpo de sangramentos excessivos durante a gravidez e o parto.
Além disso, o útero cresce e comprime as veias pélvicas que se conectam com os membros inferiores, o que pode dificultar o retorno venoso e facilitar a estase sanguínea. Essa combinação aumenta o risco de formação de coágulos, especialmente no terceiro trimestre e nas primeiras semanas após o parto.
Outros fatores que contribuem para o risco de trombose durante a gravidez incluem:
- longos períodos de repouso, o que é mais comum em gestações de risco;
- idade materna avançada;
- presença de trombofilias (predisposição aumentada para a formação de trombos);
- gestação gemelar ou múltiplos procedimentos médicos;
- história prévia de trombose.
Estudos mostram que o risco de tromboembolismo venoso pode ser de 5 a 10 vezes maior na gravidez e até 20 vezes maior durante o período do puerpério, se comparado ao estado não gravídico. O risco residual pode permanecer por até 12 semanas após o parto, mas tende a diminuir rapidamente ainda dentro desse período.
Quais cuidados devem ser tomados?
A prevenção da trombose começa com a identificação dos fatores de risco em cada mulher. Por isso, a avaliação médica antes da gestação ou do início de um tratamento de reprodução assistida é essencial.
Veja os cuidados importantes antes de tentar engravidar:
- avaliação clínica e exames específicos para identificar trombofilias ou alterações na coagulação, quando indicados;
- controle do peso corporal e adoção de hábitos saudáveis relacionados à alimentação e à prática de atividade física;
- suspensão do tabagismo, que é um fator agravante para doenças vasculares;
- acompanhamento multidisciplinar em casos de trombofilia conhecida ou história familiar relevante de trombose.
Durante a gravidez, os cuidados para a prevenção de eventos trombóticos são fundamentais, sobretudo para mulheres que têm fatores de risco para o problema. Veja o que deve ser feito:
- manter-se ativa sempre que possível, com caminhadas leves ou exercícios orientados;
- usar meias de compressão nos casos recomendados, principalmente as gestantes com queixas de inchaço nas pernas ou com risco aumentado para trombose;
- hidratação adequada para manter o sangue menos viscoso;
- acompanhamento com hematologista, quando necessário.
Para pacientes com diagnóstico de trombofilia ou outras condições de risco significativo para o tromboembolismo, pode ser indicada a profilaxia com medicamentos anticoagulantes, como a heparina de baixo peso molecular.
Também há risco de trombose em tratamentos de reprodução assistida?
Se a mulher apresenta diagnóstico de disfunções da coagulação sanguínea ou fatores predisponentes para trombose, o risco existe tanto em gestações naturais quanto obtidas por meio da reprodução assistida.
Inclusive, o risco de trombose merece atenção redobrada, dependendo das técnicas de reprodução assistida empregadas. Isso porque os tratamentos hormonais utilizados na fertilização in vitro (FIV) e a própria gestação podem elevar a tendência à coagulação.
Além disso, mulheres com falhas repetidas de implantação embrionária em ciclos de FIV, histórico de abortos recorrentes ou diagnóstico familiar de trombose podem ser avaliadas para possíveis trombofilias hereditárias ou adquiridas.
Quando confirmada a condição de risco aumentado, os protocolos da FIV podem ser ajustados com medidas específicas para reduzir o risco de complicações tromboembólicas, sem comprometer a chance de gestação.
O cuidado individualizado e o acompanhamento com equipe especializada — e multidisciplinar, dependendo do caso — são indispensáveis para prevenir a trombose e garantir mais segurança e tranquilidade durante o tratamento de reprodução assistida, a gestação e o pós-parto.
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