Os casais que estão tentando engravidar chegam até nossa clínica com dúvidas diversas sobre as diferenças entre o processo conceptivo natural e a gravidez por reprodução assistida. Muitas etapas são semelhantes, inclusive a fase de clivagem.
A gravidez parece ser um evento simples, mas envolve processos biológicos complexos que começam ainda antes da formação do embrião. O primeiro passo para a geração de uma nova vida é a gametogênese, que se refere à produção dos gametas ou células reprodutoras.
Os óvulos são os gametas femininos, os quais se desenvolvem nos ovários. Os masculinos são os espermatozoides, produzidos nos testículos.
Um óvulo é liberado em cada ciclo menstrual, no caso de mulheres que ovulam normalmente. Após a ovulação, o gameta feminino é captado e levado para dentro de uma das tubas uterinas, pois é nesse órgão que a fecundação acontece.
Nos homens, os gametas são produzidos nos testículos e amadurecem nos epidídimos. Quando há estímulo sexual, milhões de espermatozoides são transportados pelos ductos deferentes e se juntam às secreções da próstata, das vesículas seminais e das glândulas bulbouretrais, formando o sêmen, fluído viscoso que é introduzido no corpo feminino contendo as células reprodutivas.
Agora, leia este texto na íntegra e entenda como é o processo de clivagem na reprodução assistida!
Como acontece o desenvolvimento embrionário?
O desenvolvimento de um embrião começa com a formação do zigoto. Isso pode ocorrer quando o casal tem relações sexuais no período fértil da mulher, ou seja, próximo ao dia da ovulação. Assim, os espermatozoides entram no corpo feminino e migram até as tubas uterinas.
Vários gametas masculinos podem se ligar ao óvulo, que é uma célula maior, mas somente um consegue penetrar a membrana que o circunda (zona pelúcida). A fertilização se completa quando os núcleos das duas células se fundem, ocasionando a mistura cromossômica e a formação do zigoto, uma célula com DNA único.
Após o zigoto se formar, tem início a fase de clivagem, que segue por cerca de 5 dias até o embrião se tornar blastocisto, que é o estágio ideal para a implantação no endométrio (camada interna do útero).
Os fatores determinantes para que a implantação embrionária seja bem-sucedida são a receptividade do endométrio e a qualidade do embrião, que também depende da qualidade dos gametas que o originaram.
A implantação ou nidação marca o início da gravidez. A partir de então, o embrião (e depois, feto) continua se desenvolvendo no ambiente intrauterino, sendo nutrido e protegido no ventre materno até o fim da gestação.
O que é clivagem?
Em embriologia, chamamos de clivagem a fase em que o zigoto passa por divisões celulares sucessivas até chegar ao estágio de blastocisto. Portanto, é esse processo mitótico que transforma o zigoto, que é uma célula única, em um embrião pluricelular.
As novas células que se formam na fase de clivagem são nucleadas e chamadas de blastômeros. As divisões ocorrem rapidamente. A cada 24 horas, o embrião dobra seu número de células.
Quando o embrião chega à cavidade uterina, já apresenta um aglomerado numeroso de células, estando em condições adequadas para estabelecer a sincronização fisiológica com o endométrio e realizar o processo de implantação.
Durante toda a fase de clivagem, os blastômeros ficam protegidos e compactados dentro da zona pelúcida. No momento da implantação, essa película protetora se rompe para que o blastocisto consiga aderir ao endométrio. Esse fenômeno é chamado de hatching ou eclosão.
Como a clivagem acontece na reprodução assistida?
As pessoas têm muitas dúvidas sobre as diferenças entre a concepção natural e por reprodução assistida. Em resumo, a principal distinção está nas etapas que antecedem o encontro dos gametas, mas o desenvolvimento embrionário é semelhante, seja in vivo (no corpo da mulher), seja in vitro (em incubadora de cultivo). Portanto, a fase de clivagem também não é alterada.
Nas técnicas de baixa complexidade (relação sexual programada e inseminação artificial), o óvulo é fecundado nas tubas uterinas e a fase de clivagem ocorre da mesma forma que na concepção espontânea. As intervenções ocorrem somente nas etapas de ovulação, com a administração de medicação hormonal para estimulação ovariana. Nos tratamentos com inseminação artificial, também é feito o preparo seminal.
Na fertilização in vitro (FIV), que é uma técnica complexa, há mais intervenções, incluindo a estimulação dos ovários, o preparo do sêmen, a fertilização dos óvulos em ambiente laboratorial, o cultivo dos embriões durante a clivagem e a transferência para o útero.
Mesmo que a clivagem aconteça fora do corpo da mulher, em incubadora, não há manipulação dos embriões nessa fase. Inclusive, com o sistema moderno da incubadora Geri com sistema time-lapse, não há exposição dos embriões a interferências do meio externo, pois eles são monitorados constantemente com microcâmeras.
Com 2 a 5 dias de desenvolvimento embrionário em incubadora, os embriões são transferidos para o útero em fase de clivagem ou estágio de blastocisto ou, ainda, são congelados para transferência em outro ciclo.
Aproveite sua visita em nossa página e leia o texto sobre FIV ICSI para conhecer mais essa possibilidade nos tratamentos de reprodução assistida!