A infertilidade afeta cerca de 15 a 25% das pessoas em idade reprodutiva, e suas causas podem estar relacionadas a fatores hormonais, anatômicos, entre outros. Para encontrar as condições subjacentes, é preciso realizar uma investigação completa, cuidadosa e sempre personalizada, norteada por: anamnese, exame físico e técnicas diagnósticas complementares.
O exame físico na investigação da infertilidade pode revelar muitas informações importantes para direcionar os passos seguintes do acompanhamento médico. Essa inspeção é realizada logo na primeira consulta com o especialista.
Neste artigo, você verá como é feito o exame físico na investigação da infertilidade, o que ele pode mostrar e como contribui para definir os melhores caminhos de diagnóstico e tratamento. Leia com atenção!
O que é infertilidade e quando procurar um médico?
A infertilidade é definida como a dificuldade de engravidar após 12 meses de tentativas regulares (com relações sexuais frequentes e sem métodos contraceptivos). Nesse contexto, também pode ser considerado infértil o casal que confirma a gestação, mas não consegue levar adiante — são os casos de abortamento espontâneo.
Após o período de 12 meses sem sucesso no propósito de concepção, é aconselhável procurar avaliação médica. Para mulheres com mais de 35 anos, esse tempo de espera recomendado cai para 6 meses, já que o fator idade tem impacto direto na fertilidade feminina.
Diversas condições podem interferir na fertilidade: disfunções hormonais, alterações anatômicas, doenças inflamatórias, distúrbios imunológicos ou genéticos, além de condições desconhecidas — infertilidade sem causa aparente (ISCA).
É importante que as pessoas entendam que a infertilidade é conjugal, ou seja, não deve ser atribuída apenas à mulher ou ao homem. Ambos devem ser examinados desde o início da investigação diagnóstica.
Como funciona a primeira consulta com o especialista?
A primeira consulta com o médico especialista em reprodução humana é o ponto de partida para construir uma visão completa do casal, com foco em esclarecer causas, expectativas e possibilidades de tratamento. Essa consulta inclui dois momentos essenciais: a anamnese e o exame físico da mulher.
A anamnese é uma conversa clínica aprofundada, em que o médico reúne o máximo possível de informações sobre o histórico médico e reprodutivo de ambos os parceiros, condições de saúde geral, estilo de vida etc.
Veja alguns exemplos de pontos que podem ser investigados:
- tempo de tentativas de gravidez;
- regularidade das relações sexuais do casal;
- padrão dos ciclos menstruais;
- histórico de abortos espontâneos ou gestações anteriores;
- histórico de infecções genitais;
- cirurgias prévias nos órgãos reprodutores;
- uso de medicamentos ou hormônios;
- diagnóstico de doenças, como distúrbios autoimunes, endometriose, miomas, SOP, varicocele e outras;
- diagnóstico de síndrome genética na família;
- hábitos de vida (alimentação, atividades físicas, padrão de sono, estresse, tabagismo etc.).
Essa etapa ajuda a garantir a personalização da investigação da infertilidade e do plano terapêutico. Afinal, cada caso é único, estão é importante entender o contexto clínico e emocional do casal para propor estratégias individualizadas.
Após a anamnese, o médico, que geralmente também é ginecologista, pode realizar o exame físico na mulher, que complementa a avaliação inicial com dados objetivos e pode revelar alterações importantes. Já o exame físico masculino pode ser feito por um urologista.
Como o exame físico é feito na investigação da infertilidade?

Tanto a mulher quanto o homem podem passar pelo exame físico na investigação da infertilidade, com foco na identificação de alterações anatômicas, sinais de distúrbios hormonais, infecções e outras condições associadas a disfunções reprodutivas.
O exame físico da mulher inclui:
- avaliação geral — verificação de peso corporal, presença de sinais clínicos de alterações hormonais, como hirsutismo (crescimento anormal de pelos), acne, entre outros;
- exame abdominal — palpação para verificar se existe dor à mobilização do útero ou dos anexos uterinos, além da presença de nódulos ou massas pélvicas;
- exame ginecológico — inspeção da vulva, vagina e colo do útero, com auxílio de um espéculo. É possível observar sinais de doenças genitais, como secreção cervical anormal ou presença de verrugas e feridas;
- coleta de material para exames complementares, como Papanicolau, se necessário.
O exame físico masculino, feito com o urologista, pode identificar sinais de condições relacionadas a problemas na produção e no transporte dos espermatozoides.
A avaliação geral considera também o índice de massa corporal (IMC), a distribuição de pelos corporais, presença de ginecomastia (crescimento anormal das mamas), desenvolvimento muscular, entre outros aspectos.
O exame genital do homem envolve:
- inspeção da genitália externa (pênis e testículos);
- palpação dos testículos para avaliar volume, simetria e presença de dor;
- investigação de varicocele, caracterizada pela dilatação das veias (varizes testiculares);
- coleta de amostra de secreção peniana, se houver.
O que o exame físico pode revelar?
O exame físico na investigação da infertilidade pode revelar alterações sutis ou evidentes. Esses achados podem sugerir a presença de doenças estruturais uterinas, endometriose profunda, infecções genitais, atrofia testicular, varicocele palpável ou outras anormalidades.
Com base nos resultados da anamnese e do exame físico, o médico define quais exames laboratoriais ou de imagem devem ser solicitados, além de avaliar a necessidade de encaminhamento para outros especialistas.
Os exames complementares podem incluir ultrassonografia pélvica, histerossalpingografia, dosagens hormonais, espermograma, ultrassonografia escrotal com Doppler, entre outros. A indicação é personalizada.
O exame físico, como visto, é uma etapa importante da investigação da infertilidade, muitas vezes já realizado antes de o casal comparecer a uma clínica de reprodução humana. Ele pode revelar sinais de doenças nos órgãos reprodutores e orientar a escolha dos demais recursos laboratoriais e de imagem, guiando o percurso diagnóstico.
Confira agora nosso texto que aborda as principais causas de infertilidade feminina!







