O embrião representa a fase inicial do desenvolvimento da vida e faz parte do complexo processo da reprodução humana. Existem diferenças no modo como o óvulo é fecundado na gestação in vivo e na fertilização in vitro (FIV). No entanto, a formação embrionária passa pelos mesmos estágios nas duas formas de concepção.
Neste post, explicaremos como o embrião se desenvolve na gravidez espontânea e como isso acontece na reprodução assistida — mais precisamente nos tratamentos com FIV. Continue a leitura e compreenda o processo de desenvolvimento embrionário!
O que é FIV?
A FIV é uma técnica de alta complexidade da reprodução assistida, uma vez que todo o processo de fecundação é controlado em laboratório. O tratamento inclui desde técnicas para obtenção dos gametas (óvulos e espermatozoides) até a seleção dos embriões mais adequados para serem transferidos para o útero. Ao todo, são cinco etapas:
- estimulação ovariana;
- punção dos óvulos e coleta dos espermatozoides;
- fertilização dos óvulos;
- cultivo dos embriões gerados;
- transferência para o útero.
Além dos procedimentos principais, existem diversas técnicas complementares que podem ser indicadas conforme as especificidades de cada caso. Exemplos são a doação de gametas e embriões, o útero de substituição (barriga de aluguel), o teste genético pré-implantacional (PGT), entre outros recursos que otimizam o tratamento.
A reprodução assistida também conta com técnicas de baixa complexidade, nas quais a fecundação ocorre in vivo, isto é, dentro do corpo da paciente. Os tratamentos considerados mais simples são a relação sexual programada (RSP) e a inseminação artificial (IA).
Contudo, essas alternativas são indicadas somente para problemas leves, sendo ainda exigido que a mulher tenha menos de 35 anos e tubas uterinas desobstruídas. Por sua vez, a FIV, com sua ampla gama de recursos complementares, apresenta altas taxas de êxito diante de diferentes fatores de infertilidade.
Como o embrião se forma?
A fecundação ocorre quando o espermatozoide penetra na zona pelúcida do óvulo — uma película que o protege. Quando isso acontece, as membranas plasmáticas de ambos os gametas se fundem. Como efeito dessa fusão, a zona pelúcida se altera para impedir que outros espermatozoides consigam entrar no oócito.
Nas 24 horas que sucedem a fecundação, os pronúcleos masculinos e femininos se aproximam e dão origem a uma célula diploide chamada zigoto. Assim, tem início a fase de clivagem, que consiste em repetidas divisões celulares — estágio em que o zigoto se divide em duas células-filhas, os blastômeros.
Três dias após a fertilização (dia 4 de vida do embrião), já existem dezesseis blastômeros ou mais. A esse agrupamento celular, dá-se o nome de mórula. No quinto dia após a fecundação, a cavidade blastocística se forma no aglomerado de células embrionárias e o embrião chega ao estágio de blastocisto
Com seis dias, a zona pelúcida se rompe e o embrião se prende à parede do útero, camada chamada de endométrio. Esse é o momento da nidação, que marca o início da vida gestacional.
Quais as diferenças entre a concepção espontânea e a FIV?
Seja na fecundação espontânea, seja na FIV, o embrião passa pelos mesmos estágios de desenvolvimento. A principal diferença está no percurso que os gametas seguem até que a nidação ocorra. Entenda!
Gestação espontânea
Para que a gestação espontânea aconteça, primeiramente um folículo deve se desenvolver e romper para liberar o óvulo, que segue até as tubas uterinas.
Importante ressaltar que todo esse processo depende da ação de hormônios sexuais como FSH e LH. Portanto, alterações hormonais podem desencadear problemas ovulatórios e dificultar uma concepção natural.
Se o casal praticar relações sexuais durante o período fértil — fase em que a ovulação ocorre — há boas chances de que um espermatozoide alcance as tubas uterinas e encontre o óvulo. Ali, a fecundação acontece e o embrião começa a se desenvolver, seguindo os estágios que já vimos.
Portanto, na gestação natural, o desenvolvimento embrionário se inicia nas tubas e o embrião segue seu percurso até entrar no útero entre o segundo e o terceiro dia de vida. Aproximadamente no sexto dia de desenvolvimento, o blastocisto já está na cavidade uterina e pronto para se fixar no endométrio, dando início à gravidez.
FIV
Na FIV, o processo de reprodução é iniciado com a estimulação ovariana. Para que vários folículos se desenvolvam, são utilizados medicamentos hormonais. Em seguida são puncionados e os óvulos coletados são mantidos em laboratório. Da mesma forma, os espermatozoides são colhidos e preparados para a fertilização.
O método mais utilizado para fecundar os óvulos na FIV é a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI). Assim, é possível injetar um gameta masculino dentro de cada óvulo selecionado, aumentando as chances de que as células se misturem e formem um zigoto.
No dia seguinte à ICSI, o embriologista já pode verificar quantos embriões foram gerados, os quais são mantidos em incubadoras específicas. Tais equipamentos permitem que o desenvolvimento embrionário ocorra sem interferências do ambiente externo, garantindo a segurança e a qualidade dos embriões.
A transferência para o útero pode ser feita com 2, 3 ou 5 dias de desenvolvimento embrionário, de forma que os embriões continuem se desenvolvendo no ambiente uterino.
A transferência dos embriões para o útero ainda não garante a gravidez. Somente quando um deles consegue se implantar na parede uterina é que a gestação ocorre de fato.
Vale destacar que o cultivo dos embriões em laboratório é feito somente na FIV. Nas técnicas de baixa complexidade da reprodução assistida, o desenvolvimento embrionário acontece nas tubas e no caminho para o útero, assim como na gestação natural.
Como vimos ao longo do texto, os estágios de desenvolvimento do embrião são os mesmos na concepção espontânea e na FIV. A única diferença é o local onde isso acontece, visto que na FIV os embriões se formam em laboratório, e não no corpo da mulher.
Aproveite para ler nosso texto sobre fertilização in vitro e conheça os detalhes dessa técnica.