A varicocele é uma das doenças mais conhecidas entre os homens, sobretudo aqueles em idade reprodutiva, com potencial de levar à infertilidade masculina.
As causas da varicocele ainda são estudadas pela medicina, embora evidências mostrem que existe uma predisposição hereditária e que fatores genéticos possam estar por trás dos defeitos valvulares responsáveis pelo quadro de varicocele.
Nesta doença, as veias que realizam o retorno venoso do cordão espermático – composto por ducto deferente, artérias, veias, vasos linfáticos e nervos – apresentam defeitos em suas válvulas, que impedem a manutenção de um fluxo unidirecional do sangue.
Consequentemente, o sangue se acumula nesses vasos, que podem dilatar-se e provocar um aumento na temperatura e na pressão internas dos testículos, prejudicando principalmente a espermatogênese (processo de formação dos espermatozoides).
Embora a varicocele possa ser corrigida cirurgicamente, nem sempre esse procedimento é indicado, especialmente quando seu objetivo não é o tratamento dos sintomas dolorosos, resultantes da doença, e sim o tratamento da infertilidade. Em outros casos, mesmo com a indicação para a correção da varicocele, o casal tem também indicação para reprodução assistida.
Você sabe quando cada um dos procedimentos – ou a sua associação – é indicada? Acompanhe a leitura do texto a seguir e entenda melhor como é feita essa escolha!
Como identificar a varicocele?
A varicocele é uma alteração dos sistemas reprodutivo e vascular dos homens, que pode não manifestar sintomas ao longo de toda a vida, embora muitos casos assintomáticos possam ser identificados quando o casal dá início às tentativas para engravidar e encontra dificuldades nesse percurso.
Os principais sintomas da varicocele são:
- Sensação de peso nos testículos;
- Dor testicular e na região da virilha, que diminui com repouso e é mais intensa no fim do dia;
- Aumento do volume testicular (inchaço);
- Presença de nódulo testicular;
- Presença de veias arroxeadas na bolsa escrotal;
- Alterações na temperatura da bolsa escrotal;
O diagnóstico inicial da varicocele é feito com o exame clínico, que verifica alterações no volume testicular e a presença de nódulos e veias arroxeadas na bolsa escrotal, principalmente com auxílio da manobra de valsalva – em que o homem, em pé, expira com a boca e narinas tapadas.
De acordo com a gravidade e estadiamento da doença, a manobra de valsalva evidencia em que grau de desenvolvimento encontra-se a varicocele:
Grau I: as alterações testiculares somente são palpáveis com a manobra de valsalva;
Grau II: as alterações não são visíveis, contudo podem ser palpadas sem a manobra de valsalva;
Grau III: nódulos testiculares, alterações no volume testicular e as veias arroxeadas podem ser observadas a olho nu, sem que seja necessário palpar os testículos.
Além do exame clínico, a varicocele deve ser confirmada pela ultrassonografia com Doppler, que fornece imagens da integridade da rede vascular responsável pela irrigação do cordão espermático.
Qual a relação entre a varicocele e a infertilidade masculina?
A varicocele pode levar à infertilidade principalmente porque as alterações na temperatura podem prejudicar a espermatogênese – processo pelo qual os espermatozoides são formados, no interior dos túbulos seminíferos.
Como escolher as melhores formas de tratamento mais adequadas?
A correção cirúrgica da varicocele é a única forma de tratamento da doença, embora esta possa ser abordada também de forma expectante, caso o homem não apresente sintomas dolorosos ou visíveis.
Atualmente, correção cirúrgica para a varicocele é feita por microcirurgia subinguinal, que acessa a rede venosa do cordão espermático com auxílio de um microscópio cirúrgico e de ultrassom com doppler intraoperatório.
Esse procedimento é capaz de aumentar a precisão na identificação e correção das veias defeituosas, sem que isso afete os vasos linfáticos e arteriais, também presentes no cordão espermático.
A correção cirúrgica é importante também para os homens que apresentam dor.
A reprodução assistida pode ser interessante também para casos em que, além da varicocele, existem fatores femininos na composição da infertilidade conjugal e quando a mulher apresenta mais de 35 anos, mesmo sem diagnóstico de infertilidade feminina – quando o potencial de fertilidade feminino é naturalmente mais baixo
A FIV (fertilização in vitro) costuma ser a técnica mais indicada para varicocele, pois a doença pode provocar alterações severas nos parâmetros seminais, e esta técnica permite a coleta de espermatozoides diretamente nos testículos (TESE e micro-TESE), local onde a espermatogênese acontece, se for necessário.
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