Na endometriose, um tecido semelhante ao endométrio (que reveste a cavidade uterina) cresce fora do útero, geralmente em locais próximos como peritônio, ligamentos uterossacros (que sustentam o útero), tubas uterinas e ovários.
É classificada em quatro estágios de desenvolvimento e em três tipos morfológicos, de acordo com critérios como localização, profundidade das lesões e danos provocados aos órgãos afetados.
Os endometriomas são característicos da doença no estágio moderado, quando ela é classificada morfologicamente como endometriose ovariana, embora também sejam encontrados no estágio mais avançado: endometriose infiltrativa profunda, que geralmente reúne as características de todos os tipos.
Os endometriomas, portanto, são uma forma de endometriose. Para entender sobre a relação entre eles e a reserva ovariana, continue a leitura deste texto até o final.
O que é endometrioma?
Endometriomas são um tipo de cisto com aspecto “achocolatado” localizado na superfície dos ovários ou mais profundamente. Possuem tamanhos, que variam de poucos milímetros a vários centímetros, podem estar presentes em um ou ambos os ovários, ser únicos ou múltiplos.
Ao mesmo tempo interferirem na saúde reprodutiva, podem provocar sintomas graves, que tendem a comprometer a qualidade de vida das mulheres com a doença, incluindo aumento excessivo do fluxo menstrual, cólicas intensas e dor durante a relação sexual (dispareunia). Se romperem durante o ciclo menstrual, causam dor abdominal súbita e aguda, entretanto, isso raramente acontece.
O que é reserva ovariana?
Reserva ovariana é o termo utilizado para definir a quantidade de folículos presentes nos ovários, cavidades em forma de saco preenchidas por líquido, que contêm o óvulo. Localizados na parte externa de cada ovário, estão presentes desde o nascimento: toda mulher nasce com uma reserva ovariana com aproximadamente 1 milhão de folículos, porém chega à puberdade com uma quantidade bem menor, mais ou menos 400 mil, número que diminui a cada ciclo menstrual, quando diversos folículos crescem, mas apenas um deles desenvolve, amadurece e rompe liberando o óvulo.
Os folículos que cresceram e não desenvolveram são eliminados pelo organismo. Dessa forma, a reserva ovariana diminui naturalmente com o envelhecimento, até que não existam mais folículos, o que acontece após a menopausa, evento marcado pela última menstruação.
Durante a menacme, isto é, vida reprodutiva, algumas condições podem afetar os ovários e interferir na reserva ovariana, causando a redução dos níveis, perda folicular de forma prematura. Os endometriomas estão entre elas e são considerados a causa mais grave de infertilidade feminina.
Qual a relação entre endometriomas e reserva ovariana?
Várias mulheres com endometriose em estágios avançados têm endometriomas. Quando estão presentes nos dois ovários, os danos causados à reserva ovariana são ainda maiores.
Podem, por exemplo, danificar o tecido ovariano, o que ocasiona a perda dos folículos ao redor, resultando na diminuição da reserva. Além disso, em tamanhos ou quantidade maiores, causam a compressão da camada externa dos ovários (córtex ovariano) afetando a circulação local, o que também leva à perda folicular.
A infertilidade tende a ocorrer principalmente quando a endometriose leva a uma mudança nas relações anatômicas dos órgãos pélvicos.
Para as mulheres que apresentam sintomas leves e não desejam engravidar, normalmente são indicados medicamentos hormonais para evitar a ovulação, controlar a dor e retardar o crescimento do cisto. Apesar dos medicamentos, entretanto, continuam a desenvolver, ainda que mais lentamente, ao mesmo tempo que ele não impede o desenvolvimento de novos cistos.
Conheça os tratamentos de endometrioma indicados para a mulher que deseja engravidar
Duas abordagens terapêuticas podem aumentar as chances de gravidez de mulheres com endometriomas, cirurgia e fertilização in vitro (FIV).
No entanto, a cirurgia é recomendada apenas se os cistos levarem a uma alteração nas relações anatômicas na pelve, quando as mulheres são inférteis. Chamada cistectomia ovariana, prevê a excisão ou remoção cirúrgica dos endometriomas e geralmente é realizada por laparoscopia, uma técnica minimamente invasiva.
Quando realizada por um profissional experiente, contribui para melhorar a fertilidade de mulheres com até 35 anos, que ainda possuem bons níveis de reserva ovariana. Porém, há ainda risco de o procedimento afetar seriamente a reserva ovariana, causando a perda dos folículos ao redor, resultando em infertilidade permanente.
Por isso, antes da cirurgia os especialistas tendem a recomentar a preservação da fertilidade, procedimento realizado a partir da coleta e congelamento dos óvulos.
Por outro lado, quando as mulheres vão ser submetidas à fertilização in vitro a cirurgia não é recomendada, uma vez que os possíveis danos provocados à reserva ovariana, podem comprometer a quantidade de óvulos necessária para garantir a fecundação.
Além disso, não é necessária para o tratamento, exceto em situações bastante específicas. Na FIV é possível contornar problemas como os distúrbios hormonais e a qualidade dos óvulos, aumentando, dessa forma, as chances de sucesso gestacional das mulheres com endometriomas.
O tratamento também é indicado quando a paciente faz a opção por congelar os óvulos. Os percentuais de sucesso proporcionados pela técnica são os mesmos quando ele é realizado com óvulos frescos ou congelados: em média 40% por ciclo.
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