A endometriose é uma doença ginecológica que pode se tornar muito grave e afetar severamente a qualidade de vida da mulher. É também uma das principais causas de infertilidade feminina, portanto, é uma condição que requer muita análise.
O diagnóstico da endometriose é um grande desafio. Pode demorar vários anos para que a doença seja confirmada. Somente depois da confirmação diagnóstica é que a portadora recebe a indicação para um tratamento efetivo.
Uma das razões para a demora na identificação da endometriose é que, nos estágios iniciais, a doença pode causar dores toleráveis. Como os sintomas se manifestam mais no período menstrual, a portadora pode pensar que a dor é algo comum durante esses dias.
Com o passar dos anos e o agravamento das lesões, as manifestações podem se tornar mais intensas, chegando a incapacitar a mulher de desempenhar suas atividades habituais durante o período menstrual. Além disso, a dificuldade para engravidar pode levar a portadora à avaliação médica e à descoberta da endometriose.
A informação é o melhor caminho para chegar ao diagnóstico e ao tratamento o quanto antes. Então, continue a leitura e conheça os subtipos dessa patologia, com base em sua classificação morfológica!
O que é endometriose?
A endometriose é uma afecção crônica e inflamatória, que se apresenta em uma variedade de subtipos. As lesões são caracterizadas por implantes de tecido semelhante ao endométrio fora de seu local habitual.
O endométrio é o tecido que reveste o útero internamente. Essa camada uterina é estimulada pelos hormônios reprodutivos de forma cíclica: torna-se mais espesso para iniciar uma possível gravidez e, na ausência de um embrião para se implantar, passa por descamação, causando o sangramento menstrual.
Na endometriose, fragmentos de endométrio são encontrados fora da cavidade uterina. Os locais mais atingidos são os órgãos próximos, como: tubas uterinas, ovários, intestino, bexiga, entre outras estruturas circundantes.
Assim como ocorre dentro do útero, os implantes de células endometriais que se encontram em outros órgãos — que podemos chamar de endométrio ectópico ou tecido endometriótico —, respondem à ação hormonal, crescem e, no período da menstruação, sangram. Isso desencadeia uma resposta inflamatória local com sintomas dolorosos.
Mesmo podendo ser assintomática, a maioria das mulheres apresenta sinais e sintomas de endometriose, que são: cólicas menstruais intensas, dor pélvica, dor na relação sexual e infertilidade. Quando há lesões na bexiga e no intestino, a mulher também pode ter alterações urinárias e intestinais durante a menstruação, como micção e defecação dolorosas.
Como é a classificação morfológica da endometriose?
A endometriose tem três subtipos: peritoneal, endometrioma e endometriose profunda. Há também outras formas menos frequentes da doença, como a extra-abdominal. De modo geral, é uma condição complexa e de variadas apresentações.
Conheça as diferentes formas de endometriose, classificadas de acordo com seus aspectos morfológicos:
Endometriose peritoneal/superficial
O peritônio é a membrana que recobre os órgãos da cavidade pélvica e abdominal. A endometriose peritoneal é assim classificada quando as lesões teciduais se localizam somente na superfície do peritônio, e não chegam a se infiltrar nos órgãos. Ainda que seja uma forma menos agressiva da doença, também pode causar sintomas dolorosos e infertilidade.
Cisto endometriótico ovariano/endometrioma
Nesse tipo de endometriose, os fragmentos endometriais se implantam nos ovários, formando cistos contendo um líquido escuro (sangue envelhecido). Essa forma da doença é potencialmente causadora de infertilidade, pois pode afetar a reserva ovariana (estoque de óvulos).
Endometriose profunda
A endometriose profunda pode se manifestar como o tipo mais agressivo da doença. As lesões são nodulares e se estendem sobre ou sob a superfície peritoneal, invadindo as estruturas adjacentes. Essas lesões podem desencadear fibroses (aderências de tecido cicatricial) e distorcer a anatomia dos órgãos.
Outras formas de endometriose
Embora não sejam subtipos, também devemos destacar a endometriose de bexiga e a intestinal. Geralmente, fazem parte da doença profunda e podem se tornar severas, visto que afetam órgãos responsáveis por funções básicas do organismo.
Outras formas pouco comuns de endometriose são: a extra-abdominal, que se estende para órgãos distantes da pelve; e a iatrogênica, resultante da disseminação direta ou indireta de tecido endometriótico durante procedimentos cirúrgicos, como cesariana ou laparoscopia.
Como diagnosticar e tratar essa doença?
O levantamento dos sintomas e o exame físico são os primeiros passos para o diagnóstico de endometriose. O principal exame de imagem para detectar e mapear as lesões é a ultrassonografia pélvica com preparo intestinal. A ressonância magnética também pode ser indicada.
O tratamento é individualizado. Pacientes com sintomas leves e sem comprometimento anatômico e funcional dos órgãos podem controlar a doença com medicamentos hormonais, anti-inflamatórios e analgésicos.
A cirurgia é indicada quando não há resposta ao tratamento medicamentoso, distorção dos órgãos, presença de muitas aderências pélvicas e infertilidade. As portadoras que querem engravidar também podem contar com as técnicas de reprodução assistida.
A técnica escolhida para engravidar depende da gravidade da endometriose. Quando há danos nos ovários e nas tubas uterinas, a opção mais adequada é a fertilização in vitro (FIV). Inclusive, se houver indicação para cirurgia de retirada de endometrioma, a paciente pode primeiramente congelar seus óvulos como forma de preservação da fertilidade.
Aproveite para saber mais com a leitura do texto principal sobre endometriose!