A endometrite é uma inflamação do endométrio, tecido de reveste internamente a cavidade uterina, e pode ser aguda ou crônica, quando persiste por mais de três meses.
Embora não haja consenso sobre a relação entre a endometrite crônica e a infertilidade ou abortamentos, a possibilidade de tratá-la deve ser avaliada em parceria entre paciente e equipe que a acompanha em reprodução assistida, se for o caso. É fundamental descartar outras causas de infertilidade, principalmente de aborto e falhas de implantação.
Portanto, o tratamento da endometrite crônica antes de técnicas de reprodução assistida é uma possível indicação, não rotina.
Vamos mostrar qual é a possível relação entre a endometrite crônica e a infertilidade feminina, além de apresentar as formas de tratamento mais bem-sucedidas e o papel da reprodução assistida quando a infertilidade é persistente.
O que é endometrite crônica?
A endometrite crônica é uma condição caracterizada pela inflamação persistente do endométrio, o tecido que reveste o interior do útero, e é definida quando dura mais de três meses. Essa condição pode surgir após uma infecção, mas também pode ocorrer na ausência de uma infecção ativa.
Os sintomas da endometrite crônica podem variar amplamente e em alguns casos as mulheres afetadas não apresentam sintomas claros, o que a torna ainda mais complexa. Quando sintomática, os sinais da endometrite crônica podem ainda ser sutis, incluindo manifestações semelhantes a de outras doenças, como dor pélvica, alterações no fluxo menstrual, sangramentos entre os períodos e corrimento vaginal anormal.
A falta de sintomas evidentes torna o diagnóstico desafiador, levando muitas mulheres a não perceberem que têm a condição, até que problemas de fertilidade se tornem evidentes. A doença pode até não ser a causa da infertilidade, mas pode ser descoberta na investigação.
O diagnóstico da endometrite crônica geralmente envolve uma combinação de exames clínicos, que incluem a avaliação dos sintomas e do histórico médico, além de exames de imagem que podem ajudar a identificar anormalidades no útero.
A análise do tecido endometrial também pode ser feita por biópsia, que é um método mais preciso para confirmar a inflamação crônica e identificar possíveis agentes infecciosos.
A detecção e o tratamento precoces da endometrite crônica podem prevenir complicações relacionadas à fertilidade e à saúde geral da mulher.
Quais são as causas da endometrite crônica?
As causas da endometrite crônica são diversas e podem envolver fatores infecciosos e não infecciosos, embora na maior parte dos casos a presença de infecções bacterianas, sendo a Chlamydia trachomatis uma das mais comuns, seja a causa mais recorrente da doença.
A infecção por clamídia é considerada uma IST (infecção sexualmente transmissível), assim como Mycoplasma e Ureaplasma, outras bactérias frequentemente implicadas na etiologia da endometrite crônica.
Da mesma forma, complicações pós-parto, como retenção de placenta ou infecções que ocorrem após o parto, também são causas da endometrite crônica, já que podem levar a uma inflamação prolongada do endométrio, especialmente se não forem tratadas adequadamente.
Além das infecções, outra causa frequente de endometrite crônica é o DIU (dispositivo intrauterino), que pode irritar o tecido endometrial e desencadear uma resposta inflamatória longa, ou seja, crônica. A curetagem ou o AMIU também podem levar a essa condição.
Endometrite crônica causa infertilidade?
A endometrite crônica pode causar infertilidade, embora não haja consenso. A hipótese é que a inflamação crônica do endométrio altere a composição celular desse tecido, interferindo no processo de implantação do embrião e dificultando a gravidez. Por outro lado, essa inflamação pode não ser suficiente para afetar a fertilidade.
Além de seu papel na fertilidade, o endométrio também é importante para a saúde geral do útero, ou seja, determinadas alterações em sua estrutura ou função, como a inflamação causada pela endometrite crônica, pode afetar a fertilidade, estando associada à dificuldade para engravidar e abortamento de repetição.
A presença de cicatrizes e aderências no útero, uma das consequências da endometrite crônica, é outro fator que contribui para a infertilidade em mulheres afetadas por essa condição.
Endometrite crônica: tratamentos e reprodução assistida
Não é rotina nem a investigação nem o tratamento da endometrite crônica antes de tratamentos de reprodução assistida. No entanto, a indicação pode acontecer, com base na anamnese e em exames iniciais.
Quando se trata de endometrite resultante de infecção, o tratamento é importante para evitar que a infecção se espalhe e crie condições para um quadro mais grave de DIP (doença inflamatória pélvica), que afeta outras estruturas além do útero.
O tratamento inicial geralmente envolve o uso de antibióticos para erradicar qualquer infecção bacteriana subjacente que possa estar contribuindo para a inflamação. Dependendo da gravidade da condição e dos sintomas apresentados, pode ser prescrito um curso específico de antibióticos que atue diretamente nas bactérias identificadas.
O tratamento primário pode ser suficiente, mas, em alguns casos, especialmente quando a endometrite crônica causou outras consequências, a mulher pode continuar encontrando dificuldade para engravidar. Nessas situações, a reprodução assistida, mais especificamente a FIV (fertilização in vitro), pode ser indicada.
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