Há diversos fatores implicados na etiologia da infertilidade conjugal, um deles é a fragmentação do DNA espermático. Essa condição nem sempre é investigada quando o casal procura avaliação médica e ajuda para engravidar.
O DNA espermático é o material genético presente na cabeça do espermatozoide. Esse material carrega as informações que serão transmitidas para o embrião, caso ocorra a fecundação, para determinar as características físicas e biológicas que o novo ser humano vai apresentar.
Quando o espermatozoide fecunda o óvulo, o DNA espermático se mistura ao DNA do gameta feminino, dando origem a uma nova célula, com código genético único. Essa primeira célula, o zigoto, começa a se desenvolver passando por sucessivas divisões celulares até se tornar um organismo pluricelular, composto por DNA exclusivo, que garantirá a herança de características genéticas do pai e da mãe.
Com a leitura deste artigo, você vai descobrir o que é fragmentação do DNA espermático e qual a relação com a infertilidade. Leia e entenda!
O que é fragmentação do DNA espermático?
Fragmentação do DNA espermático é a condição definida pela perda de integridade da cadeia de DNA dos espermatozoides, resultando em prejuízo funcional. Encontrar gametas com a cromatina danificada não é incomum, mas quanto mais altas são as taxas de fragmentação, maior é o risco de formar embriões de baixa qualidade.
Para formar embriões com potencial para a implantação no útero e o desenvolvimento de uma gravidez saudável, é preciso que as células reprodutivas (espermatozoides e óvulos) também tenham boa qualidade. Caso contrário, há risco de alterações cromossômicas e dificuldades reprodutivas.
A fragmentação do DNA espermático é principalmente causada por falhas na fase final da espermatogênese (produção de espermatozoides) e estresse oxidativo. Entre os fatores de risco, estão determinadas doenças e condições relacionadas ao estilo de vida, por exemplo:
- tabagismo;
- obesidade;
- varicocele;
- infecções genitais;
- exposição repetida a agentes gonadotóxicos (medicações quimioterápicas, radiação, poluentes ambientais, entre outros);
- avanço da idade (acima de 45 anos).
Qual é a relação com a infertilidade?
As altas taxas de fragmentação do DNA espermático estão associadas à infertilidade devido aos seguintes fatores:
- falhas na fertilização do óvulo;
- falhas no processo de desenvolvimento embrionário;
- embrião com baixa qualidade e dificuldade para se implantar no útero;
- abortamento.
Caso a fragmentação do DNA espermático leve à formação de um embrião com alteração cromossômica, há risco de gerar uma criança com síndrome. Entretanto, isso pode ser evitado com um recurso avançado da reprodução humana assistida, o teste genético pré-implantacional (PGT).
A fragmentação do DNA espermático pode ser detectada com testes laboratoriais específicos, sendo o Terminal dUTP Nick End Labelling (TUNEL) o mais utilizado atualmente. Com a incorporação de corante fluorescente, esse teste revela os sítios fragmentados e calcula de forma automatizada os danos à cromatina dos espermatozoides.
A partir dos resultados do teste de fragmentação do DNA espermático, é possível reconsiderar as possibilidades de tratamento, incluindo, por exemplo, a modificação dos fatores de risco e técnicas de reprodução assistida.
Como tratar?
O tratamento depende das condições que causaram o aumento da fragmentação do DNA espermático. Boa parte dos fatores de risco pode ser modificada, melhorando a integridade do DNA e a qualidade dos espermatozoides. Veja exemplos de condutas que podem ajudar:
- abstenção ou redução do tabaco;
- manutenção de peso corporal saudável;
- tratamento para correção de varicocele;
- antibioticoterapia para infecções genitais;
- antioxidantes;
- outras alternativas.
Dentre as técnicas de reprodução assistida — além do PGT, que já foi mencionado —, pode-se destacar o preparo seminal com dispositivo de microfluidos e a fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI).
O preparo seminal é uma etapa importante dos tratamentos de reprodução como a inseminação intrauterina e a FIV. É feito tradicionalmente com métodos de capacitação espermática que selecionam uma amostra de espermatozoides com boa qualidade, isto é, com morfologia adequada e motilidade progressiva.
O dispositivo de microfluidos é um método inovador empregado no preparo seminal para a FIV. Consiste no uso de uma placa capaz de processar quantidades reduzidas de fluídos. Dessa forma, é possível preparar os espermatozoides sem exposição a substâncias químicas que podem causar estresse oxidativo. Como resultado, recuperamos amostras com bons gametas e baixos índices de fragmentação do DNA espermático.
A FIV, por sua vez, é uma técnica de alta complexidade que pode ajudar casais com diversos fatores de infertilidade. Com a ICSI, um espermatozoide de cada vez é micromanipulado, imobilizado, analisado com um microscópio de alta qualidade e injetado dentro de um óvulo.
Na concepção natural e nas técnicas de reprodução assistida de baixa complexidade, é preciso ter milhões de espermatozoides para tentar fertilizar o óvulo. Isso porque os gametas masculinos precisam passar por várias barreiras no corpo feminino para chegar ao local da fertilização, mas a maioria deles não completa o trajeto.
Na FIV com ICSI, há chances de formar embriões mesmo com uma quantidade menor de espermatozoides, visto que eles são diretamente introduzidos nos óvulos. Esse é um aspecto favorável para contornar a infertilidade quando há fragmentação do DNA espermático e poucos gametas coletados com boa qualidade.
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