As funções do sistema reprodutor são estimuladas por vários hormônios, os quais são secretados pela hipófise ou pelas gônadas (ovários e testículos). As principais substâncias que participam do processo reprodutivo são GnRH, FSH, LH, estrogênio, progesterona e testosterona.
Nas mulheres, o eixo HHO — hipotálamo, hipófise e ovários — é regulado por retroalimentação negativa e positiva pelos hormônios gonadotróficos (FSH e LH) e ovarianos (estrógenos e progesterona). O GnRH é a substância que dá o estímulo inicial para o ciclo reprodutivo feminino. Com ação intercalada, esses hormônios promovem o desenvolvimento dos óvulos, a ovulação e o preparo do útero para a gravidez.
Nos homens, a produção de espermatozoides depende de um mecanismo semelhante ao da mulher. O eixo hipotalâmico-hipofisário secreta as substâncias que estimulam os testículos a produzirem testosterona, hormônio responsável pela produção dos espermatozoides.
Partindo desse resumo inicial, leia este post inteiro para ver, de forma detalhada, o que é GnRH e por que é tão importante para a fertilidade!
O que é GnRH?
GnRH é a sigla para hormônio liberador de gonadotrofina. É uma substância sintetizada pelo hipotálamo que estimula a glândula hipófise a liberar os hormônios folículo-estimulante e luteinizante, FSH e LH.
Indiretamente, o GnRH é responsável por regular a atividade das glândulas sexuais, ou seja, das gônadas. Consequentemente, o hormônio atua nas funções reprodutivas, tanto da mulher quanto do homem.
Na infância, a atividade do GnRH é baixa. Com a chegada da puberdade, a secreção do hormônio aumenta para manter o funcionamento equilibrado do sistema reprodutor. Entretanto, algumas condições podem causar supressão hipotalâmica, reduzindo todo o processo do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal. Há também as doenças que aumentam a atividade pulsátil, provocando a liberação desordenada de FSH e LH.
Como o GnRH age na hipófise?
Os neurônios do hipotálamo secretam GnRH de forma pulsátil. O hormônio chega à hipófise anterior ou adeno-hipófise por meio da circulação sanguínea, sendo transportado por uma rede de capilares.
Na glândula hipofisária, o GnRH se liga ao seu receptor, GNRHR, e cumpre sua função de estimular a síntese e a liberação das gonadotrofinas. A hipófise, então, passa a secretar FSH e LH, que estimulam a atividade das gônadas.
Na mulher, esses hormônios são essenciais para a regulação do ciclo menstrual. Eles promovem o desenvolvimento dos folículos ovarianos e o amadurecimento de um deles, que se rompe no dia da ovulação e libera um óvulo para ser fecundado.
Na fase pós-ovulatória, o folículo rompido dá origem ao corpo-lúteo e produz estrogênio e progesterona, hormônios que fazem o preparo do endométrio (tecido que reveste o útero por dentro) para permitir a implantação de um embrião.
Após a ovulação, o estrogênio e a progesterona realizam o feedback negativo no eixo hipotálamo-hipófise, inibindo a liberação de GnRH, FSH e LH. Se não ocorrer a implantação embrionária, os níveis desses hormônios diminuem, o tecido endometrial descama e causa a menstruação. Assim, reiniciam as atividades hipotalâmicas e hipofisárias para um novo ciclo.
No homem, o processo é semelhante, mas não ocorre em ciclos mensais, como na mulher. A espermatogênese (produção de espermatozoides), dura cerca de 75 dias. Da mesma forma que no sistema reprodutor feminino, tudo começa com a atividade pulsátil do GnRH que promove a liberação das gonadotrofinas pela hipófise.
Os hormônios FSH e LH estimulam as células germinativas de Leydig e de Sertoli, presentes nos túbulos seminíferos, nos testículos. Essas células produzem testosterona, essencial para o desenvolvimento dos espermatozoides, além de garantir a nutrição e a maturação dos gametas.
Nesse caso, é a testosterona que realiza o mecanismo de feedback negativo. Então, as concentrações elevadas desse hormônio controlam a atividade hipotalâmica, inibindo a secreção de GnRH.
GnRH, infertilidade e reprodução assistida: qual a relação?
Alterações hipotalâmicas podem reduzir ou aumentar a secreção de GnRH, afetando as funções reprodutivas, sendo essa uma das causas de desequilíbrio hormonal e infertilidade. Entre os problemas associados, estão:
- lesões orgânicas (traumatismo craniano ou tumor);
- acidente vascular cerebral (AVC);
- hiperprolactinemia;
- hiperinsulinemia;
- síndrome dos ovários policísticos (SOP);
- síndrome de Kallmann.
Anorexia nervosa e condições relacionadas ao estilo de vida, incluindo obesidade, magreza extrema, prática exacerbada de exercícios físicos, uso de esteroides anabolizantes e outras substâncias químicas, também podem afetar a atividade hipotalâmica-hipofisária.
Casais com infertilidade podem tentar engravidar com o auxílio da reprodução assistida. Após uma avaliação diagnóstica acurada, realiza-se a indicação para o tratamento. Quando os fatores são femininos, é possível intervir nos casos mais brandos com estimulação ovariana e relação sexual programada ou inseminação artificial.
Fatores femininos mais complexos e alterações masculinas graves podem precisar da fertilização in vitro (FIV). Um exemplo é o caso dos homens com azoospermia ou oligoastenozoospermia moderada ou grave, seja causada por obstruções no trato reprodutivo, seja decorrente da secreção insuficiente de hormônios, incluindo GnRH. Esses pacientes podem precisar de recuperação espermática e FIV com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) (ausência de espermatozoides no sêmen).
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