O hipertireoidismo e o hipotireoidismo são alterações endócrinas que podem afetar o organismo de várias formas. A fertilidade também pode sofrer alterações quando a pessoa desenvolve essa condição, pois há impacto nos níveis dos hormônios que controlam o aparelho reprodutivo.
A glândula tireoide tem funções importantíssimas para o equilíbrio hormonal do corpo, regulando o metabolismo, o funcionamento do coração e até o sistema reprodutor. Localizada na parte frontal do pescoço, ela produz os hormônios tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3), que influenciam diversos processos corporais.
Quando a tireoide produz mais hormônios que o necessário, algumas partes do corpo funcionam de forma acelerada. Diante disso, é essencial ter um diagnóstico preciso e realizar um tratamento eficaz para normalizar as concentrações hormonais.
Leia este texto e descubra como são feitos o diagnóstico e o tratamento do hipertireoidismo!
O que é hipertireoidismo e quais são os sintomas?
O hipertireoidismo é caracterizado pela produção excessiva de T3 e T4. Assim, a glândula libera mais hormônios do que o corpo precisa, acelerando diversas funções do organismo, o que leva a desequilíbrios.
Os sintomas do hipertireoidismo variam em intensidade, mas frequentemente incluem:
- perda de peso, apesar do aumento de apetite;
- aumento da frequência cardíaca;
- sudorese excessiva;
- nervosismo ou irritabilidade;
- tremores nas mãos;
- insônia;
- alterações no ciclo menstrual;
- intolerância ao calor;
- fraqueza muscular;
- evacuações frequentes.
Além de causar sintomas que prejudicam o bem-estar e a qualidade de vida, o hipertireoidismo, se não tratado, pode ter complicações, como insuficiência cardíaca, oftalmopatia de Graves, osteoporose, problemas musculares e infertilidade.
Como chegar ao diagnóstico de hipertireoidismo?
O diagnóstico do hipertireoidismo começa com a observação dos sintomas relatados pelo paciente e um exame clínico detalhado. O médico pode perceber sinais, como o aumento da tireoide (bócio) ou tremores nas mãos.
Para confirmar a doença, exames laboratoriais são essenciais. Os principais são:
- dosagem de TSH (hormônio estimulador da tireoide) — normalmente, níveis baixos indicam hipertireoidismo;
- dosagem de T3 e T4, hormônios que se apresentam em níveis elevados em casos de tireoide hiperativa;
- anticorpos antitireoidianos, dosagem que é útil para identificar doenças autoimunes que causam a disfunção;
- ultrassonografia para avaliar a glândula, além de orientar a punção aspirativa para biópsia, o que é importante para identificar se o nódulo da tireoide é benigno ou maligno.
A combinação dos sintomas relatados, descobertas clínicas e resultados laboratoriais é fundamental para um diagnóstico preciso e o planejamento do tratamento.
Como é o tratamento dessa doença?
O tratamento do hipertireoidismo depende da causa subjacente, da gravidade dos sintomas e das condições individuais do paciente, como idade, possíveis alergias aos medicamentos, presença de doença cardíaca ou gravidez.
As principais abordagens são:
Medicamentos antitireoidianos
Esses medicamentos são utilizados para reduzir a produção de hormônios tireoidianos. Eles são uma primeira linha de tratamento, especialmente em casos mais leves ou quando o paciente apresenta contraindicações a outras terapias.
Iodo radioativo
A terapia com iodo radioativo destrói lentamente parte das células da tireoide, reduzindo sua atividade. É uma opção eficaz, mas pode resultar em hipotireoidismo (redução das funções tireoidianas), o que também afeta negativamente a saúde.
Cirurgia
Indicada em casos mais graves, como quando há bócio volumoso ou o paciente não responde bem a outros tratamentos. Após a cirurgia, pode ser preciso fazer ajustes hormonais pelo resto da vida.
O que fazer em caso de hipertireoidismo e infertilidade?
O hipertireoidismo pode ser uma causa de infertilidade, tanto em mulheres quanto em homens. As disfunções da tireoide, de modo geral, apresentam risco às funções reprodutivas, visto que os hormônios tireoidianos interagem com outros hormônios para orquestrar o funcionamento do sistema reprodutor.
Nas mulheres, a desregulação hormonal afeta diretamente o ciclo menstrual e a ovulação, dificultando a concepção. Além disso, desequilíbrios hormonais podem impactar a saúde uterina, prejudicando o preparo do endométrio e a implantação do embrião e provavelmente está associada ao aborto de primeiro trimestre.
Nos homens, a qualidade do sêmen pode ser comprometida, diminuindo as chances de uma gravidez natural. As alterações nos níveis hormonais também podem modificar a libido.
Caso a mulher engravide com hipertireoidismo, é preciso ter um acompanhamento pré-natal ainda mais cauteloso, pois, se não for controlada, a doença pode afetar tanto a saúde da mãe quando o desenvolvimento fetal.
Diante da dificuldade para engravidar naturalmente, seja devido ao hipertireoidismo ou outra condição, o casal pode procurar assistência na medicina reprodutiva para fazer uma avaliação individualizada e conhecer as possibilidades de tratamento.
Antes de iniciar qualquer tratamento de reprodução assistida, também é necessário estabilizar os níveis hormonais da tireoide. Uma vez controlada a disfunção, é possível aumentar as chances de gravidez com técnicas avançadas, como a fertilização in vitro (FIV).
O hipertireoidismo é uma condição que vai muito além dos sintomas, visto que chega a comprometer a qualidade de vida e a fertilidade, além de apresentar o risco de causar problemas mais sérios de saúde. O diagnóstico precoce, aliado a um tratamento adequado, não só restabelece o equilíbrio hormonal como também oferece novas possibilidades para quem ainda deseja ter filhos.
Agora, leia nosso texto sobre infertilidade feminina e conheça várias outras condições que podem atrasar os planos de gravidez!