LH e hCG são hormônios que participam do funcionamento do corpo feminino em diferentes situações. De modo geral, ambos são fundamentais para a fertilidade, cada um em seu momento de ação.
As siglas são referentes ao hormônio luteinizante (LH) e ao hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG). O primeiro age diretamente no ciclo ovulatório, enquanto o segundo é determinante para a continuidade da gravidez.
Os hormônios, como um todo, são substâncias mensageiras. Eles enviam sinais químicos de uma glândula endócrina para outras partes do organismo por meio da corrente sanguínea, assim como podem ter ação local. Tais substâncias estimulam ou inibem funções de diferentes sistemas para manter o organismo em funcionamento equilibrado.
Neste texto, falaremos sobre a importância dos hormônios LH e hCG na fertilidade feminina. Acompanhe!
Função do LH no ciclo menstrual e na fertilidade
O LH é um hormônio gonadotrófico liberado pelo eixo hipotálamo-hipófise, estruturas situadas na base do cérebro. É considerado uma gonadotrofina porque tem a função de estimular o funcionamento das gônadas — ovários, na mulher, e testículos, no homem.
No início do ciclo menstrual, o hipotálamo secreta o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), que provoca a liberação de LH pela hipófise. Essa substância não age sozinha, é secretada em pequenos pulsos junto com o hormônio folículo-estimulante (FSH).
A partir do estímulo dos hormônios hipofisários, os ovários começam a desenvolver folículos, suas unidades funcionais que abrigam os ovócitos. Então, ocorre um aumento súbito na concentração de LH na metade do ciclo menstrual, aproximadamente, 2 semanas após o início da menstruação.
O pico de LH provoca o amadurecimento final do folículo ovariano que cresceu mais que os outros (folículo dominante). Cerca de 36 horas depois disso, a ovulação acontece, caracterizada pela ruptura folicular seguida da liberação de um óvulo maduro.
Função do hCG e sua relação com a gravidez
Vimos que o LH, em seu nível aumentado, faz o folículo ovariano se romper para liberar o óvulo. Após a ovulação, os elementos celulares que restam do folículo rompido se transformam em uma nova estrutura endócrina chamada corpo-lúteo.
A função do corpo-lúteo é secretar estrogênio e progesterona, hormônios que preparam a parte interna do útero (endométrio) para receber um embrião. Caso ocorra a implantação embrionária no útero, células embrionárias passam a produzir hCG.
O hCG é responsável por manter o corpo-lúteo íntegro e em atividade, isto é, secretando estrogênio e, principalmente, progesterona, que é um dos hormônios fundamentais para a manutenção da gravidez.
Observe que o hCG começa a ser produzido somente após a implantação do embrião, que é o marco inicial da gravidez. Por isso mesmo, existem os exames que testam a presença desse hormônio no sangue ou na urina para confirmar se a mulher está grávida.
Os níveis de hCG sobem rapidamente nas primeiras semanas de gestação. No segundo trimestre, a concentração estabiliza, depois começa a diminuir. Isso ocorre porque a placenta, depois de completamente formada, assume a produção de progesterona e de outros hormônios reprodutivos. Assim, o corpo-lúteo já não tem essa função exclusiva e não requer mais altas doses de hCG para sua manutenção.
LH e hCG: semelhanças
LH e hCG apresentam características estruturais semelhantes. Ambos são formados por 2 subunidades: a cadeia alfa e a beta. A subunidade alfa é idêntica nos 2 hormônios, enquanto a beta tem sua especificidade — tanto que o exame para confirmação da gravidez é feito com a avaliação da fração específica, por isso é chamado de beta-hCG.
Os hormônios agem no aparelho genital feminino desde a vida intrauterina, ou seja, na fase em que o embrião feminino está em desenvolvimento. Durante a formação embrionária, é o hCG que estimula os ovários, enquanto nos ciclos menstruais, após a puberdade, é o LH e o FSH que assumem a função como gonadotrofinas.
O corpo-lúteo é outro ponto de semelhança entre as ações de LH e hCG. Após a ruptura folicular, é o LH que estimula as células residuais do folículo ovariano rompido para que se transformem na estrutura lútea. Já o hCG, como vimos, tem, justamente, a função de manter o corpo-lúteo íntegro e funcionando.
LH e hCG na reprodução assistida
LH e hCG são importantes tanto na concepção e gravidez espontâneas quanto na reprodução assistida. As técnicas disponíveis nessa área da medicina incluem relação sexual programada, inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV), todas iniciadas com a estimulação ovariana.
A estimulação ovariana com indução da ovulação é realizada para obter um número maior de folículos desenvolvidos e, por consequência, de óvulos maduros. Isso permite, também, uma quantidade maior de embriões, aumentando as taxas de gravidez, em comparação com o ciclo natural (não estimulado), em que apenas um óvulo é liberado.
Para fazer a estimulação dos ovários, utiliza-se medicamentos hormonais que intensificam as funções ovarianas. Sintéticos de FSH e eventualmente LH são utilizados no início do ciclo de estimulação, enquanto o hCG é aplicado para induzir a ovulação, simulando o pico natural de LH.
Vemos, assim, que LH e hCG são hormônios com estrutura e funções semelhantes, embora tenham ação em momentos diferentes da fertilidade espontânea. Já na reprodução assistida, suas semelhanças são bem aproveitadas para reforçar a capacidade de ovulação e aumentar as chances de gravidez.
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