O gameta masculino carrega o código genético do homem e tem a função de fecundar o óvulo, garantindo a fusão das duas células, a mistura cromossômica e a formação de um novo ser humano, com DNA único. Entretanto, para isso acontecer, a morfologia do espermatozoide é um dos fatores determinantes.
Além de ser normal quanto aos seus aspectos morfológicos, o espermatozoide precisa ter motilidade progressiva para ser capaz de fecundar um óvulo. Em gestações espontâneas, isto é, sem técnicas de reprodução assistida, também é preciso que os gametas masculinos estejam presentes no sêmen em quantidade necessária — o que significa, no mínimo, 39 milhões em cada ejaculação.
Leia mais e entenda qual é a importância da morfologia do espermatozoide na fertilidade masculina!
Qual é o percurso do espermatozoide no processo de fecundação?
Uma gravidez espontânea depende de muitos fatores, sendo um deles a morfologia do espermatozoide. Para chegarmos à explicação do que isso significa, vamos, primeiramente, relembrar como os gametas masculinos chegam ao feminino.
Sabe-se que a reprodução humana resulta da junção das células sexuais masculina e feminina. Por mais óbvio que isso pareça, nem todas as pessoas sabem exatamente qual é o trajeto do espermatozoide para chegar até o óvulo.
É fato conhecido que os gametas masculinos entram no corpo feminino por meio da relação sexual e da ejaculação. Assim, eles são depositados próximo ao colo do útero, de onde devem partir nadando para cima, rumo aos órgãos do trato reprodutivo superior.
A primeira barreira é o muco cervical. Dependendo da fase do ciclo reprodutivo da mulher, esse muco fica mais espesso, dificultando a passagem dos espermatozoides. No período fértil, o muco cervical se torna mais transponível, facilitando a subida dos gametas.
Seguindo com seu percurso, os espermatozoides precisam atravessar o corpo uterino para chegar à abertura para as tubas, que se encontra na parte superior do útero, uma de cada lado. No entanto, por várias razões (processos inflamatórios, ação das células de defesa etc.), o ambiente uterino pode estar inóspito a até tóxico para os gametas masculinos.
É nas tubas uterinas que o óvulo é fecundado, mas são poucos os espermatozoides que conseguem chegar nesse órgão. Dos que chegam, vários podem se ligar ao óvulo, mas apenas um, fisiologicamente, o fecunda.
A fecundação envolve a penetração do espermatozoide na zona pelúcida (membrana que circunda o óvulo) e a junção dos núcleos das células masculina e feminina. A morfologia do espermatozoide é uma característica necessária para que isso aconteça.
Como é a morfologia do espermatozoide?
O espermatozoide é uma célula especializada que passa por uma série de divisões meióticas e mitóticas até chegar à sua morfologia normal, constituído por cabeça, peça intermediária e cauda. Falhas durante esse processo podem resultar em gametas anormais.
A morfologia do espermatozoide tem relação com sua função. A cabeça deve ser lisa, em formato oval e contorno regular, medindo de 3 a 5 μm (micrômetro) de comprimento e 2 a 3 μm de largura. Na cabeça está o núcleo contendo o DNA espermático.
Conectada à cabeça está a peça intermediária do espermatozoide, contendo as mitocôndrias que fornecem energia para o movimento do gameta. Portanto, defeitos nessa parte podem causar problemas de motilidade.
Por fim, temos a cauda, que deve ter calibre uniforme, ser mais fina que a porção intermediária e medir 45 μm de comprimento. Na cauda, estão complexos proteicos que ajudam a dar propulsão para o deslocamento do espermatozoide.
Quais alterações espermáticas podem levar à infertilidade?
Existem vários tipos de alterações espermáticas, as quais são reveladas com análise microscópica, feita no exame de espermograma. No resultado, podem constar as seguintes anormalidades relacionados a concentração, motilidade e morfologia do espermatozoide:
- aspermia — ausência de sêmen;
- oligozoospermia — número total de espermatozoides abaixo do valor de referência;
- azoospermia — ausência de espermatozoides no ejaculado;
- astenozoospermia — percentual de espermatozoides com motilidade progressiva abaixo do valor de referência;
- teratozoospermia — percentual de espermatozoides morfologicamente normais abaixo do valor de referência, que seria de, no mínimo, 4% de gametas com forma normal.
A lista de alterações é bem maior, de acordo com o manual de processamento seminal da Organização Mundial da Saúde (OMS). Há, inclusive, condições que associam duas ou mais anormalidades, como astenoteratozoospermia (problemas na motilidade e na morfologia) e oligoastenoteratozoospermia (problemas na quantidade, na motilidade e na morfologia).
Quais técnicas de reprodução assistida são utilizadas na infertilidade masculina?
Quando o casal procura os serviços de reprodução assistida porque o homem é infértil, existem duas técnicas que podem ajudar: inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV). A indicação depende da gravidade das alterações espermáticas.
A inseminação artificial é uma técnica de baixa complexidade e uma opção relevante quando há somente problemas leves relacionados à motilidade ou à morfologia do espermatozoide. Entretanto, as chances de sucesso são maiores quando a mulher tem menos de 35 anos e tubas uterinas desobstruídas.
A FIV é indicada quando o homem tem alterações espermática graves, que podem ou não estar associadas a defeitos na morfologia do espermatozoide. Em alguns casos, como azoospermia, são utilizadas técnicas de recuperação espermática para encontrar células reprodutivas nos testículos ou epidídimos do paciente. Então, a fecundação dos óvulos é feita com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (FIV ICSI).
Quer informações a respeito das condições que podem deixar o homem infértil? Faça também a leitura do nosso texto sobre infertilidade masculina!