Nidação na reprodução assistida e na concepção natural: será que acontece da mesma forma ou existe alguma interferência médica nessa etapa do tratamento? Muitas pessoas que buscam ajuda da medicina reprodutiva podem ter essa dúvida, então precisamos esclarecê-la.
Para começar, é necessário falar sobre o endométrio. Esse tecido reveste o útero internamente e passa por modificações celulares e moleculares em todos os ciclos menstruais. Sob ação dos hormônios estrogênio e progesterona, a camada endometrial se torna mais espessa e com características receptivas para que um embrião possa se implantar.
As condições favoráveis do endométrio são fundamentais tanto para a gravidez espontânea quanto para o sucesso das técnicas de reprodução assistida.
Continue a ler o post para entender como é a nidação na reprodução assistida!
O que é nidação?
Nidação ou implantação embrionária é um fenômeno biológico de importância ímpar no processo reprodutivo, pois é esse momento que marca o início de uma gravidez. Isso ocorre cerca de uma semana após a fecundação.
Depois que o espermatozoide fertiliza o óvulo, o zigoto inicia sua jornada pela tuba uterina até chegar ao útero. Durante esses dias, o embrião passa pela fase de clivagem, marcada por divisões celulares sucessivas que o tornam um organismo pluricelular.
Quando chega no estágio fisiologicamente adequado para a nidação, o embrião é chamado de blastocisto e apresenta centenas de células, as quais vão se diferenciar em todos os órgãos e tecidos do corpo humano, além dos anexos embrionários, como a placenta.
No momento da nidação, o blastocisto se fixa no endométrio, se este estiver em condições apropriadas. É por meio desse contato com o tecido endometrial que o embrião começará a receber os nutrientes necessários para continuar a se desenvolver.
As modificações que ocorrem no endométrio ao longo do ciclo menstrual e que o preparam para receber o embrião incluem o aumento da vascularização e da secreção de substâncias que auxiliam na adesão do embrião à camada intrauterina.
Quando o endométrio não está receptivo ou o útero é acometido por doenças e defeitos congênitos que alteram sua anatomia, a nidação ou a evolução da gravidez podem ser comprometidas. Há diversos problemas uterinos entre as causas de infertilidade feminina, abortamento e outras complicações obstétricas.
Como a nidação acontece na reprodução assistida?
Coito programado, inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV) são as técnicas realizadas no campo da reprodução humana assistida. As duas primeiras são consideradas de baixa complexidade, enquanto a FIV é um tratamento de alta complexidade.
Nas técnicas de reprodução assistida, diversos procedimentos médicos e laboratoriais são realizados para favorecer as etapas do processo conceptivo que ocorrem antes da nidação. Entretanto, não há interferência no momento da implantação embrionária.
Veja como ocorre a nidação na reprodução assistida, após o caminho percorrido em cada técnica!
Coito programado
O coito programado ou relação sexual programada é a técnica mais simples dentre as três. Consiste apenas na indução da ovulação com medicações hormonais e no acompanhamento ultrassonográfico do processo pré-ovulatório.
Assim, é possível saber o dia em que o óvulo será liberado. Com base nessa informação, o médico orienta o casal a programar suas relações sexuais para o período fértil, que inclui até 3 dias antes da ovulação e eventualmente 1 dia depois.
Essa técnica pode ser bem-sucedida diante de fatores leves de infertilidade feminina, como as disfunções ovulatórias. Para atender aos critérios de indicação, é preciso ter: tubas uterinas saudáveis, resultados normais no espermograma (ausência de fatores masculinos) e, preferencialmente, idade materna abaixo de 35 anos.
Não há procedimentos médicos após a ovulação. Portanto, a entrada e a migração dos espermatozoides, a fertilização do óvulo, o transporte do embrião para o útero e a nidação ocorrem da mesma forma que na concepção natural.
Inseminação intrauterina
A inseminação artificial ou intrauterina também é um tratamento simples, que envolve: indução da ovulação, preparo seminal e introdução do sêmen no útero. Assim como no coito programado, a técnica é mais indicada para pacientes jovens (menos de 35 anos), tubas uterinas desobstruídas e fatores leves de infertilidade.
Outras indicações importantes da inseminação artificial são:
- infertilidade masculina leve (alterações discretas na morfologia, número ou na motilidade dos espermatozoides);
- situações que precisam de doação de sêmen, como gravidez entre casais homoafetivos femininos e maternidade independente.
Na inseminação intrauterina, a mulher pode fazer estimulação ovariana para favorecer o desenvolvimento dos folículos e a liberação de mais de um óvulo, assim como pode apenas monitorar seu ciclo ovulatório natural.
No dia esperado para a ovulação, uma amostra de esperma previamente processada e com espermatozoides selecionados é introduzida no útero da paciente. Então os gametas seguem para as tubas uterinas. As demais etapas — fertilização, transporte do embrião para o útero e nidação — ocorrem naturalmente.
FIV
A FIV é o tratamento mais complexo da reprodução assistida, portanto tem mais etapas. Também é a técnica com um leque maior de indicações, demonstrando taxas de sucesso para superar diversos fatores de infertilidade, incluindo idade materna avançada, tubas uterinas obstruídas e alterações masculinas graves.
O tratamento começa com a estimulação ovariana, com protocolos mais intensos, objetivando a coleta de múltiplos óvulos. Antes da ovulação, os gametas femininos são captados. Em seguida, são fertilizados em laboratório por espermatozoides previamente selecionados.
Após a fertilização, os óvulos ficam em incubadora. Nessa etapa, os embriões são monitorados durante seus primeiros dias de desenvolvimento. O último passo é a transferência dos embriões para o útero.
Veja que os recursos da medicina reprodutiva podem auxiliar nos processos de ovulação, fertilização e transporte do embrião para o útero, mas a nidação acontece naturalmente — até mesmo na FIV, que tem todas as etapas anteriores cuidadosamente controladas.
Com o acompanhamento médico, podemos fazer uma investigação aprofundada para verificar as condições do útero, assim como utilizar medicações hormonais para melhorar a receptividade endometrial, o que é muito importante para aumentar as chances de gravidez. No entanto, a nidação na reprodução assistida não sofre interferência, ocorre da mesma forma que na gravidez natural.
Essas informações foram úteis? Leia também o artigo que explica todos os detalhes da FIV- fertilização in vitro!