Neste post, vamos explicar o que é amenorreia, mas, para isso, precisamos primeiramente falar sobre a menstruação, que é um fenômeno biológico pelo qual o corpo da mulher passa durante quase toda sua vida.
A menstruação é o sangramento cíclico causado pela descamação do tecido que reveste o útero por dentro, o endométrio. Isso acontece pela primeira vez na puberdade, normalmente entre os 10 e 14 anos — o primeiro fluxo menstrual é chamado de menarca — e termina com a menopausa, por volta dos 50 anos. O período de vida fértil, entre a menarca e a menopausa, é chamado de menacme.
Os ciclos menstruais são também ciclos reprodutivos, uma vez que acontecem devido à ação de vários hormônios que regulam as funções do sistema reprodutor, passando por três fases:
- folicular — período inicial do ciclo, quando os ovários são estimulados a desenvolver os folículos que armazenam os ovócitos primários;
- ovulatória — ocorre na metade do ciclo, quando o folículo mais desenvolvido amadurece e se rompe para liberar o óvulo;
- lútea — compreende as duas últimas semanas do ciclo reprodutivo e é marcada pela preparação do útero para iniciar uma gravidez.
Assim, mês após mês, o corpo da mulher é estimulado a passar pela ovulação, assim como o útero é preparado para receber um possível óvulo fecundado. Quando não há óvulo para se implantar no endométrio, ocorre a descamação do tecido endometrial e a menstruação.
Agora, você vai entender o que é amenorreia e quais são suas causas e consequências. Vamos explicar também qual é a relação da amenorreia com a infertilidade. Confira!
O que é amenorreia?
Amenorreia é a ausência de menstruação. Antes da menarca e após a menopausa, essa é uma condição normal. No entanto, durante a menacme, pode estar relacionada a um evento fisiológico específico, como gravidez e lactação, ou pode ser indício de alguma disfunção no sistema reprodutor.
São considerados dois tipos de amenorreia: primária e secundária.
A amenorreia primária é caracterizada pela ausência de sangramento menstrual a partir dos 15 anos de idade, ainda que a menina tenha desenvolvido as características sexuais secundárias (início do crescimento das mamas, por exemplo).
Na condição de amenorreia secundária, a mulher não menstrua por 6 meses ou mais, no caso de ciclos previamente irregulares. Quando a paciente apresentava ciclos regulares antes da parada de menstruação, o diagnóstico de amenorreia é dado após 3 meses.
A amenorreia também é classificada como anovulatória e ovulatória. Na primeira situação, significa que existe uma falha no processo que leva à ovulação, consequentemente, impedindo a menstruação. Já na condição ovulatória, o problema ocorre no escoamento do sangue menstrual, devido a obstruções ou malformações.
Quais são as causas e as consequências da amenorreia?
Gravidez, período de aleitamento exclusivo, menopausa e uso de contraceptivos hormonais são situações em que a amenorreia não é um indício de disfunção.
Quanto às alterações relacionadas à amenorreia anovulatória, podemos mencionar:
- síndrome dos ovários policísticos (SOP);
- insuficiência ovariana prematura (menopausa precoce);
- hiper ou hipotireoidismo;
- obesidade ou magreza extrema;
- transtornos alimentares (bulimia e anorexia nervosa);
- prática extenuante de exercícios físicos;
- tumores e alguns tipos de cistos ovarianos;
- tumores na hipófise — glândula que secreta os hormônios que estimulam a função ovariana;
- níveis elevados de estresse, que também afetam o eixo hipotálamo-hipófise;
- tratamentos de quimioterapia e radioterapia;
- alguns medicamentos específicos (antidepressivos, anti-hipertensivos etc.) também podem interferir nas ações hormonais que levam à menstruação.
A amenorreia ovulatória tem menos fatores causais, os principais são as malformações no trato genital que podem obstruir o escoamento da menstruação, como ausência ou formação rudimentar do útero, do colo uterino e do terço superior da vagina.
As sinequias uterinas também são alterações anatômicas que podem chegar a ocluir a cavidade do útero, impedindo a saída do sangramento menstrual. São pontes de tecido cicatricial que se formam após infecções, curetagem pós-aborto e cirurgias intrauterinas.
Em relação às consequências da amenorreia, são relativas às causas. Por exemplo, disfunções que envolvem deficiência de estrogênio podem ter efeitos a longo prazo como osteoporose e atrofia vaginal. Já a exposição prolongada à ação estrogênica elevada aumenta o risco de hiperplasia e câncer endometrial.
Também devemos lembrar da SOP, que é uma das principais causas de anovulação e amenorreia. É uma endocrinopatia com importantes repercussões: resistência insulínica, aumento do colesterol, risco de diabetes e de doenças cardiovasculares.
É fundamental, portanto, investigar as causas para realizar o tratamento da condição de base. Contudo, devemos ressaltar que a infertilidade é uma consequência da amenorreia, independentemente dos fatores causais.
Por que a amenorreia tem relação com a infertilidade?
Como vimos até aqui, a maioria das causas de amenorreia está relacionada a disfunções ovulatórias. Se a ovulação não acontece como deveria, as chances de fecundação também são menores ou até inexistentes — sem óvulo, não é possível formar um embrião e, logicamente, a gravidez não acontece.
Mesmo nos casos de amenorreia ovulatória, existem fatores uterinos envolvidos, a exemplo das malformações congênitas e das sinequias. Essas condições também provocam infertilidade, em razão da anatomia prejudicada do útero, que reduz o espaço intracavitário para o desenvolvimento fetal.
Portanto, a amenorreia é uma condição que requer avaliação diagnóstica em todos os casos, em virtude das possíveis doenças envolvidas, mas, para a mulher que está tentando engravidar, o acompanhamento médico é indispensável.
Os tratamentos possíveis incluem: administração de medicamentos para normalizar a ação dos hormônios que regulam o ciclo menstrual; cirurgia para situações específicas, como retirada de tumores e correção de sinequias; reprodução assistida para a paciente que deseja engravidar.
Na reprodução assistida, cada casal é avaliado de forma minuciosa para que sejam identificados todos os fatores de infertilidade — associados ou não à amenorreia. A partir da definição desses fatores, o tratamento pode ser feito com fertilização in vitro (FIV) ou com estimulação ovariana aliada às técnicas de baixa complexidade (relação sexual programada e inseminação artificial).
Para conhecer mais causas de infertilidade feminina, leia nosso texto institucional!