A espermatogênese tem relação direta com a fertilidade masculina. Ela ocorre continuamente e depende de uma série de fatores hormonais, genéticos e até relacionados ao estilo de vida. Alterações nesse processo podem afetar os parâmetros seminais e reduzir as chances de fecundação.
Quando falamos sobre fertilidade masculina, é comum que os termos “sêmen” e “espermatozoide” sejam confundidos. Apesar de estarem relacionados, eles representam materiais biológicos diferentes:
- o sêmen ou esperma é o líquido ejaculado durante a relação sexual. Ele é composto por espermatozoides, mas sua maior parte é formada por fluídos secretados pelas vesículas seminais e próstata. Essas secreções contêm um conjunto de substâncias que nutrem e protegem os espermatozoides para que eles consigam cumprir seu percurso dentro do trato reprodutivo feminino;
- os espermatozoides são as células reprodutivas masculinas, os gametas (assim como o óvulo para a mulher). Cada um deles carrega metade da carga genética necessária para formar um embrião. Em uma amostra de sêmen, podem existir até centenas de milhões de espermatozoides.
Agora que já esclarecemos essa dúvida, leia mais e entenda: o que é espermatogênese, qual sua relação com a fertilidade masculina e como ela pode ser avaliada!
O que é espermatogênese?
A espermatogênese é o processo de produção dos espermatozoides. Ela acontece nos túbulos seminíferos, dentro dos testículos, sob influência de hormônios, e cada ciclo leva mais de dois meses para ser concluído.
Veja como a espermatogênese acontece:
- multiplicação celular — as células precursoras, chamadas de espermatogônias, se dividem por mitose;
- processo de meiose — em seguida, as células passam por divisões celulares que reduzem seu material genético pela metade, formando espermátides com 23 cromossomos;
- espermiogênese — as espermátides se transformam em espermatozoides com cabeça oval, peça intermediária e cauda longa, características necessárias para que eles consigam se movimentar;
- maturação — os espermatozoides são produzidos nos testículos, depois ficam armazenados nos epidídimos. Dentro desses ductos localizados na borda posterior testicular, eles amadurecem;
- transporte e liberação — os espermatozoides saem dos epidídimos, são transportados pelos canais deferentes, juntam-se aos fluídos que formam o sêmen, passam pela uretra e são liberados durante a ejaculação.
A espermatogênese é regulada por um complexo sistema hormonal, começando com os hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), secretados pela glândula hipófise, que estimulam a produção de espermatozoides e de testosterona.
A testosterona é produzida nos testículos e é necessária tanto para a espermatogênese quanto para a potência sexual masculina, influenciando, por exemplo, a libido e a capacidade de iniciar e manter uma ereção.
Além disso, a testosterona é responsável pelo desenvolvimento e a manutenção das características sexuais secundárias masculinas e por aspectos gerais da saúde, como crescimento muscular e densidade óssea.
Qual é a importância da espermatogênese para a fertilidade?
A espermatogênese tem clara importância para a fertilidade masculina, pois trata-se do processo responsável por gerar as células reprodutivas que terão a função de fecundar o óvulo e dar origem a um embrião.
Alterações na espermatogênese podem resultar em:
- baixa contagem de espermatozoides;
- ausência de espermatozoides no sêmen (azoospermia);
- baixa motilidade espermática;
- anormalidades morfológicas nos espermatozoides.
Essas alterações podem ser causadas por: desequilíbrios hormonais; infecções ou inflamações genitais; problemas genéticos; exposição a toxinas ambientais, calor excessivo ou radiação; uso excessivo de álcool, cigarro e outras drogas; varicocele (dilatação das veias testiculares); entre outras condições.
Qual exame é feito para avaliar o sêmen?
Alterações na espermatogênese não são facilmente identificáveis, a única forma de confirmá-las é com um espermograma. Esse exame é utilizado para avaliar as características do sêmen e dos espermatozoides.
O que o espermograma avalia? Veja:
- volume do sêmen;
- número total de espermatozoides em uma amostra;
- concentração de gametas por ml de sêmen;
- motilidade espermática (capacidade de movimentação);
- morfologia espermática (formato das células);
- vitalidade dos espermatozoides;
- pH, viscosidade, coloração e tempo de liquefação do sêmen.
É um exame simples, mas que fornece informações importantes sobre a fertilidade masculina. Dependendo dos resultados, a análise seminal pode ser complementada por outros exames, como dosagens hormonais, ultrassonografia da bolsa escrotal, exame do cariótipo e outros testes genéticos.
O que fazer em caso de alteração na espermatogênese?
Quando o espermograma indica alterações relevantes no sêmen, um médico especialista em reprodução assistida pode ser consultado para investigar mais a fundo a causa da infertilidade e indicar a melhor conduta.
As opções terapêuticas podem incluir mudanças no estilo de vida, tratamentos medicamentosos ou hormonais, cirurgias em alguns casos (como para correção de varicocele) e técnicas de reprodução assistida.
Quando o homem apresenta alterações discretas na morfologia ou na motilidade dos espermatozoides, e sua parceira é jovem e com órgãos reprodutores saudáveis, a inseminação artificial é uma possibilidade simples e acessível. Nesse tratamento, a amostra seminal é preparada em laboratório para selecionar os gametas com potencial fecundativo e introduzida no útero.
Nos casos de infertilidade masculina grave, seja por falhas na espermatogênese ou outra condição, a melhor indicação é a fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) — alguns pacientes precisam de procedimentos de recuperação espermática (PESA, MESA, TESE ou Micro-TESE) quando não é possível obter um número viável de gametas por meio da ejaculação.
Veja muito mais informações no texto sobre infertilidade masculina!