Mioma é uma doença ginecológica bastante conhecida, dado que um grande número de mulheres chega ao diagnóstico dessa doença, principalmente durante a investigação da infertilidade feminina. Entretanto, poucas pessoas têm conhecimento de que os miomas são uma alteração no miométrio, que se trata de uma das camadas da parede uterina.
Existem vários tipos de miomas, que se diferenciam em relação à sua localização na parede do útero — podendo se projetar para a parte de dentro (cavidade uterina) ou para a superfície serosa do órgão. Também podem variar quanto ao número e tamanho. Alguns crescem de modo anormal e chegam a causar sintomas compressivos e alterar o funcionamento dos órgãos adjacentes, como bexiga e intestino.
Para entender com mais clareza como os miomas afetam a saúde e a fertilidade da mulher, é importante conhecer a estrutura do útero e compreender, afinal, o que é o miométrio e qual é sua função no sistema reprodutor feminino. Confira agora essas informações!
O que é miométrio?
O miométrio é camada intermediária da parede uterina. O útero é formado ainda por duas outras camadas: a mais externa, que recobre o órgão por fora, é chamada de serosa ou perimétrio; o tecido que reveste a parede do útero internamente é o endométrio.
O miométrio é constituído por células de músculo liso. Representa a camada mais espessa do útero, devido aos vários feixes entrelaçados de fibras musculares. Os feixes são separados por tecido conjuntivo e vasos sanguíneos necessários para a irrigação local.
Histologicamente, o útero é dividido nas três camadas que acabamos de mencionar — endométrio, miométrio e superfície serosa. Anatomicamente, o órgão também apresenta três partes: o corpo uterino, o istmo e o colo do útero (ou cérvice).
Em seu tamanho normal (não gravídico), o útero mede no máximo 6-10 cm, mas passa por uma mudança considerável durante a gestação. A principal função do órgão é acolher o embrião e acomodar o feto em crescimento. Para isso, ele precisa aumentar em muitas vezes o seu tamanho.
Além da dilatação da cavidade uterina, a espessura miometrial também é maior nessa fase, ou seja, as células do miométrio aumentam em tamanho e quantidade. Isso faz parte do processo fisiológico da gravidez, que envolve inúmeras transformações no organismo feminino.
O miométrio tem uma característica contrátil. As contrações, bem conhecidas como parte do trabalho de parto, acontecem devido ao encurtamento das células miometriais. A partir do estímulo de hormônios, sobretudo a ocitocina, as células apresentam retração e o útero inicia um processo para retornar ao seu tamanho original — assim, é chegada a hora de o feto sair do corpo materno.
Portanto, a função do miométrio está relacionada à contratilidade uterina, que permite a expulsão ou descida do feto durante o parto. A retração das células musculares também é necessária para controlar a hemorragia após o parto.
Alterações no miométrio podem causar infertilidade?
A infertilidade feminina pode ter diversas causas, incluindo problemas hormonais, disfunções ovulatórias, endometriose, obstrução tubária e doenças uterinas. As patologias que acometem o útero podem afetar o endométrio — como pólipo, endometrite, entre outras — ou o miométrio.
Das doenças que afetam a camada miometrial, podemos falar sobre duas que estão relacionadas à infertilidade: miomas e adenomiose.
Os miomas se desenvolvem propriamente no miométrio, mas também se projetam em direção à superfície serosa ou à cavidade endometrial. Já na adenomiose, o que ocorre é que células do endométrio invadem o miométrio, provocando inflamação.
Se o útero não estiver em condições normais — seja pelo ambiente inflamatório da adenomiose (ainda muito controverso), seja pelo crescimento dos miomas que distorcem a anatomia uterina —, existe o risco de o embrião não conseguir se implantar para iniciar a gestação ou não encontrar um ambiente apropriado para continuar se desenvolvendo. Sendo assim, doenças uterinas estão associadas à infertilidade devido a falhas de implantação embrionária ou abortamento espontâneo.
O que são miomas e como tratá-los?
Os miomas são tumores benignos, formados por células de músculo liso. Crescem no miométrio, únicos ou múltiplos, e alguns podem chegar a grandes dimensões. Muitos destes não provocam sintomas, mas possíveis manifestações incluem: distensão abdominal; cólicas; dor pélvica; sangramento abundante; alterações urinárias e intestinais, quando crescem de modo anormal.
Nem todos os miomas causam infertilidade. O risco é maior quando há tumores submucosos, os quais crescem em direção ao endométrio. Os que se desenvolvem inteiramente no miométrio são chamados de intramurais. Já os que se projetam para a camada serosa são classificados como subserosos.
O tratamento depende de vários aspectos, como tamanho do mioma, intensidade dos sintomas e comprometimento da fertilidade. Quando há indicação para cirurgia, o procedimento é feito por videolaparoscopia (para miomas subserosos e intramurais) ou por histeroscopia (para miomas submucosos).
As técnicas de reprodução assistida são indicadas quando a mulher não consegue engravidar naturalmente. Nos casos de alterações no miométrio ou no endométrio, considera-se a infertilidade por fator tubário e a fertilização in vitro (FIV) é a opção com mais chances de sucesso.
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