Com o avanço da medicina, há procedimentos cada vez menos invasivos e eficazes para o tratamento de diferentes condições, inclusive aquelas relacionadas à infertilidade feminina. Um deles é a videolaparoscopia, uma técnica cirúrgica minimamente invasiva que permite o acesso à cavidade pélvica por meio de pequenas incisões na região do abdome.
Embora também possa ser empregada para fins de diagnóstico, esse uso é cada vez mais raro, de modo que a videolaparoscopia se consolida como um procedimento cirúrgico nos tratamentos atuais. Ela é bastante utilizada nas áreas de ginecologia e reprodução assistida, auxiliando no tratamento de uma série de afecções e alterações anatômicas no aparelho reprodutivo feminino.
Desse modo, o procedimento laparoscópico auxilia no manejo de problemas causadores de infertilidade para melhorar as chances de sucesso nos tratamentos de quem ainda deseja engravidar. Leia o texto completo para entender como a técnica é realizada!
O que é videolaparoscopia e como é feita?
A videolaparoscopia, ou laparoscopia, é uma técnica cirúrgica minimamente invasiva, que tem como característica a realização de pequenas incisões (de aproximadamente 1cm) no abdômen ou, no caso da laparoscopia ginecológica, próximas à virilha. Por elas, são inseridos os instrumentais cirúrgicos, o meio de distensão e um tubo com sistema de iluminação e microcâmera.
Desse modo, é possível realizar o procedimento com uma agressão tecidual muito menor do que ocorre na laparotomia (cirurgia aberta). O resultado é uma redução expressiva para o tempo de internação hospitalar, recuperação pós-cirúrgica e retorno às atividades rotineiras da paciente. Também há diminuição significativa da dor pós-operatória e da incidência de infecções.
Procedimento
Como dito, a videolaparoscopia é feita por meio de pequenas incisões na região abdominopélvica. Por essas minúsculas aberturas, são inseridos:
- o tubo óptico com microcâmera (laparoscópio);
- os trocartes, dispositivos que funcionam como portais para a introdução dos outros instrumentos;
- os microinstrumentos cirúrgicos, como as pinças e tesouras de ressecção de tecidos;
- o meio de distensão, que é feito com gás carbônico, com o objetivo de distender a cavidade abdominal e obter um campo de trabalho mais amplo — após o procedimento, os resíduos do gás são absorvidos pelo organismo.
Todo o procedimento é feito sob anestesia geral. Enquanto a paciente é operada, a equipe de cirurgia acompanha as imagens das estruturas que estão sendo manipuladas em um monitor de vídeo.
Antes da videolaparoscopia, são realizados exames pré-operatórios para avaliação de risco cirúrgico. Em casos nos quais é necessário explorar a cavidade abdominal, pode ser necessário cuidado prévio de esvaziamento do intestino, sob orientação médica.
Recuperação
Apesar de ser uma abordagem minimamente invasiva, é comum que a paciente sinta dor na região das incisões, um leve inchaço no abdômen e enjoos após a videolaparoscopia. Nas primeiras semanas após a cirurgia, é recomendado que seja feito um repouso parcial, evitando-se exercícios físicos e relações sexuais.
Possíveis complicações
As características do organismo de cada paciente podem influenciar o procedimento da videolaparoscopia, mas na grande maioria dos casos, a cirurgia é bem-sucedida. Devido à grande modernização dos instrumentos utilizados, quase não há contraindicações e o risco de intercorrências é baixo.
O que pode ocorrer é a conversão da videolaparoscopia para a via cirúrgica convencional, em circunstâncias específicas, como quando há hemorragia não possível de controlar ou outro imprevisto que coloque a paciente em risco durante o procedimento.
Para quais casos a videolaparoscopia é indicada?
A videolaparoscopia pode ser utilizada para fins cirúrgicos ou diagnósticos. Porém, nesse último caso, ela não é o primeiro exame a ser realizado, visto que há outros menos invasivos que fornecem a base para um diagnóstico, tais como a ultrassonografia pélvica e a ressonância magnética.
Em se tratando de procedimentos cirúrgicos, há uma ampla gama de indicações para a videolaparoscopia, como a retirada da vesícula biliar, correção de hérnia inguinal e redução de estômago.
Em ginecologia, a laparoscopia muitas vezes é a técnica preferencial no tratamento de uma série de afecções nos órgãos do sistema reprodutivo, tais como:
- retirada de focos de endometriose quase sempre com congelamento prévio de óvulos ou embriões;
- retirada de cisto ovariano, avaliando-se previamente a necessidade do congelamento de óvulos ou embriões antes do procedimento;
- drenagem de abscesso tubo-ovariano;
- retirada de tubas uterinas dilatadas (hidrossalpinge);
- retirada de aderências tubárias;
- correção de malformações anatômicas nos órgãos reprodutivos;
- excisão de massas tumorais pélvicas;
- retirada de lesões da adenomiose;
- ressecção de miomas uterinos intramurais ou subserosos.
Além disso, a videolaparoscopia pode ser utilizada para a laqueadura tubária, que induz a esterilidade feminina, bem como para a sua reversão. Ela é utilizada, também, para a coleta de material para biópsia, por exemplo, amostras de tecido endometriótico.
Qual é o papel da videolaparoscopia na reprodução assistida?
As técnicas de reprodução assistida podem contornar diversos problemas relacionados à infertilidade feminina ou masculina, situação caracterizada quando há dificuldade de engravidar espontaneamente após mais de um ano de relações sexuais frequentes.
Muitos desses problemas resultam de doenças ginecológicas ou alterações anatômicas uterinas ou tubárias. Tais anormalidades podem ser solucionadas com a videolaparoscopia, diminuindo as chances de falhas em tratamentos de reprodução assistida. Nos casos como a endometriose, ainda é um tema controverso.
Em muitos casos de infertilidade, pode-se recomendar a fertilização in vitro (FIV), em que a fecundação dos óvulos ocorre em laboratório e o desenvolvimento embrionário inicial é acompanhado antes da transferência dos embriões para o útero.
A videolaparoscopia é uma grande conquista da medicina, inserida em um contexto de avanços tecnológicos e científicos na área da saúde. Com ela, diversas condições podem ser tratadas de forma bem menos agressiva, melhorando a qualidade de vida da paciente e, inclusive, podendo restaurar sua capacidade reprodutiva.
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