Obesidade e infertilidade feminina: qual é a relação?

Por Equipe Origen

Publicado em 27/11/2025

A infertilidade feminina é uma condição multifatorial. São diversas as causas possíveis — hormonais, anatômicas, infecciosas, inflamatórias, genéticas ou até mesmo idiopáticas (sem causa definida). Entre os fatores que merecem atenção está a obesidade, que tem aumentado nas últimas décadas.

O excesso de gordura corporal pode ter impactos na saúde de modo geral. Muitos desses impactos são bastante conhecidos, como aumento do risco para alterações metabólicas e cardiovasculares. Entretanto, nem todos sabem que a obesidade também tem relação com a dificuldade para engravidar.

Neste artigo, vamos explicar essa relação e mostrar as alternativas para mulheres com sobrepeso que desejam ficar grávidas, com ou sem ajuda da reprodução assistida. Acompanhe!

O que caracteriza a obesidade?

A obesidade é definida como o acúmulo excessivo de gordura corporal que pode aumentar o risco para problemas de saúde, como hipertensão arterial, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e alterações hormonais.

A classificação mais comum é feita com base no Índice de Massa Corporal (IMC). Veja:

  • IMC menor que 18,5 = peso abaixo do normal;
  • IMC entre 18,5 e 24,9 = peso normal;
  • IMC entre 25 e 29,9 = sobrepeso;
  • IMC entre 30 e 34,9 = obesidade grau I;
  • IMC entre 35 e 39,9 = obesidade grau II;
  • IMC igual ou maior que 40 = obesidade grau III (mórbida).

Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 60% dos adultos apresentam excesso de peso atualmente no Brasil, com prevalência maior no público feminino. Esse cenário levanta preocupações, não apenas em relação ao risco aumentado para doenças crônicas, mas também pelos impactos na saúde reprodutiva.

A obesidade pode causar infertilidade?

Em alguns casos, pode contribuir sim. A obesidade não é uma causa direta de infertilidade feminina, mas está associada a desequilíbrios hormonais e condições ginecológicas que comprometem a ovulação e dificultam a gestação, tanto natural quanto por reprodução assistida.

Os possíveis fatores que justificam a relação entre obesidade e infertilidade feminina incluem:

  • alterações no eixo hormonal hipotálamo-hipófise-ovários, que regula a ovulação;
  • aumento da resistência à insulina, que pode interferir na função ovariana;
  • excesso de estrogênio produzido pelo tecido adiposo, afetando a maturação dos folículos ovarianos;
  • estado de inflamação crônica associado a alterações endometriais que podem prejudicar a implantação do embrião;
  • aumento do risco de abortamento espontâneo.

Além disso, mulheres com obesidade têm maior propensão para desenvolver algumas doenças ginecológicas, como síndrome dos ovários policísticos (SOP), miomas uterinos e outras condições inflamatórias que podem interferir na fertilidade.

No entanto, vale esclarecer que a relação entre obesidade e infertilidade é baseada no aumento de fatores de risco, mas não significa que todas as mulheres com sobrepeso terão dificuldade para engravidar. Muitas conseguem confirmar a gestação de forma natural e ter um desenvolvimento gestacional sem intercorrências.

Também cabe mencionar que a obesidade não tende a afetar somente a infertilidade feminina. Homens com excesso de peso podem apresentar desequilíbrios hormonais e, por consequência, redução de testosterona, disfunções sexuais e ejaculatórias e alterações na qualidade do sêmen.

Quais são as alternativas de tratamento para engravidar?

A primeira abordagem, em geral, é promover mudanças no estilo de vida, incluindo reeducação alimentar, atividade física regular e acompanhamento com nutricionistas e endocrinologistas. A perda de 5% a 10% do peso corporal já pode melhorar os padrões hormonais, a ovulação e a saúde geral de mulheres com obesidade.

No entanto, nem sempre a perda de peso é suficiente para normalizar a fertilidade espontânea, de modo que, em alguns casos, a mulher pode ser orientada a realizar tratamentos complementares ou técnicas de reprodução assistida para aumentar as chances de gravidez.

A obesidade pode ser um dos fatores associados à infertilidade do casal, mas é importante que ambos (a mulher e o homem) passem por avaliação médica. Dessa forma, outros fatores também podem ser elucidados para direcionar um plano individualizado de tratamento.

As técnicas de reprodução assistida podem ser recomendadas quando:

  • a mulher com obesidade apresenta anovulação persistente mesmo após mudanças no estilo de vida;
  • há associação com SOP ou outras doenças ginecológicas;
  • a paciente tem idade materna avançada;
  • o casal apresenta fatores múltiplos de infertilidade.

Dependendo das características do casal e dos resultados da avaliação médica, é possível iniciar com técnicas de baixa complexidade, que incluem indução da ovulação, coito programado e inseminação artificial. Se estas não forem eficazes, o casal pode considerar a fertilização in vitro (FIV), que é um tratamento mais complexo e com taxas mais altas de sucesso. O congelamento prévio de óvulos e /ou embriões é recomendado em muitos casos, como idade materna avançada ou pacientes que apresentam dificuldade para a perda de peso.

E durante a gravidez, a obesidade é um fator de risco para complicações?

Conforme havíamos mencionado, muitas mulheres com obesidade conseguem engravidar naturalmente e ter uma gestação saudável. Contudo, trata-se de uma condição que pode, sim, contribuir para a infertilidade e para complicações gestacionais.

Sendo assim, mulheres que engravidam com obesidade precisam de um acompanhamento pré-natal cuidadoso. Há maior risco de:

  • hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia;
  • diabetes gestacional;
  • parto prematuro;
  • complicações no parto;
  • macrossomia fetal (bebês com peso elevado);
  • necessidade de cesariana.

Portanto, ao pensar na relação entre obesidade e infertilidade feminina, é importante considerar não apenas os fatores que dificultam a concepção, mas também a saúde gestacional e neonatal.

Leia agora o artigo sobre infertilidade feminina e conheça outras causas!

Importante Este texto tem apenas caráter informativo e não substitui a avaliação médica individualizada. Atualizamos nosso conteúdo com frequência, mas o conhecimento médico e a ciência evoluem rapidamente, por isso alguns conteúdos podem não refletir as informações mais recentes. Dessa forma, a consulta médica é o melhor momento para se informar e tirar dúvidas. Além disso, podem existir diferenças plausíveis baseadas em evidências científicas nas opiniões e condutas de diferentes profissionais de saúde.

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