As tubas uterinas, antes chamadas de trompas de falópio, fazem parte do sistema reprodutor feminino. São dois tubos longos, de aproximadamente 10 cm, que ligam o útero aos ovários. Sua função é fazer o transporte do óvulo e do embrião, o que é possível devido à motilidade tubária. Contudo, a obstrução das tubas uterinas interfere em seu funcionamento adequado, sendo uma das causas de infertilidade feminina.
No momento da ovulação, um óvulo é liberado pelo ovário, captado pelas fímbrias da tuba uterina adjacente e levado para o interior do órgão. Ali, o gameta feminino permanece por até um dia e pode ser encontrado e fertilizado por um espermatozoide, se o casal praticar relações sexuais sem contracepção durante esse período.
Quando ocorre a fertilização do óvulo, o embrião começa a se desenvolver na própria tuba, enquanto é transportado para o útero. Com 5 dias de desenvolvimento, o embrião atinge o estágio de blastocisto e chega à cavidade uterina para se implantar no endométrio — mucosa que reveste a parede interna do útero.
Assim, vemos que as tubas têm importante função na fertilidade feminina. Veja, a seguir, as informações que preparamos sobre obstrução das tubas uterinas, causas desse problema e formas de tratamento.
O que é obstrução das tubas uterinas e quais são as consequências disso?
A obstrução das tubas uterinas ocorre quando há bloqueios que impedem o encontro dos gametas ou dificultam a passagem do embrião em desenvolvimento. O problema é causado por cirurgias, infecções e outras doenças — como veremos em detalhes mais à frente.
Ambas as tubas podem ser obstruídas ou apenas uma. O bloqueio pode ocorrer de forma parcial ou total ou caracterizado por um estreitamento tubário. Os pontos de obstrução são identificados em diferentes partes da tuba: próximo à conexão com o útero; na parte distal, próximo ao ovário; ou com oclusão da trompa inteira.
A grande consequência da obstrução das tubas uterinas é a infertilidade, visto que o óvulo e o espermatozoide são impedidos de se unir. Ainda que a fecundação aconteça, existe o risco de o embrião não ser transportado até o útero e se implantar na própria tuba, dando origem a uma gravidez ectópica.
Quais são as causas de obstrução tubária?
As tubas uterinas podem ficar obstruídas devido a doenças infecciosas, endometriose, cirurgias e, em casos mais raros, anomalias congênitas. Vamos compreender um pouco mais sobre essas causas:
Hidrossalpinge
Hidrossalpinge é o acúmulo de líquido no interior das tubas uterinas. O problema pode acometer somente uma ou as duas trompas, interferindo na movimentação dos espermatozoides, na motilidade tubária e no transporte do óvulo e do embrião.
Essa é uma complicação da salpingite — inflamação na tuba uterina —, quadro que pode fazer parte da doença inflamatória pélvica (DIP). Além do acometimento tubário, na DIP, há o risco de a inflamação se estender para várias partes da pelve feminina, incluindo o peritônio, o colo do útero e o endométrio.
As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), principalmente clamídia e gonorreia, configuram a principal causa de DIP. Contudo, a hidrossalpinge também pode ser causada por outras doenças e procedimentos cirúrgicos.
Endometriose
A endometriose afeta a fertilidade feminina de várias maneiras, um desses mecanismos envolve a distorção anatômica ou a obstrução das tubas uterinas. Isso acontece devido à presença de implantes de tecido endometrial fora do útero.
Uma das consequências do processo inflamatório da endometriose é a formação de aderências de tecido cicatricial. Essas aderências podem distorcer as tubas uterinas, dificultando a captação do óvulo, ou causar a obstrução tubária.
Cirurgias
Procedimentos cirúrgicos também causam a obstrução das tubas uterinas. A laqueadura, por exemplo, tem justamente esse objetivo: bloquear as trompas — com clipes, grampos, anéis etc. — ou cortá-las. Trata-se de uma alternativa de contracepção definitiva, mas nem sempre encorajada pelos médicos, visto que muitas mulheres se arrependem anos mais tarde.
A salpingectomia é outra cirurgia que interrompe a função tubária. O procedimento consiste na remoção parcial ou total das tubas uterinas quando os órgãos são severamente comprometidos por alguma doença.
Malformações
Em situações incomuns, a mulher nasce com anomalias nos órgãos reprodutores, as quais podem ser caracterizadas pelo subdesenvolvimento do útero e das tubas uterinas. Como as malformações são assintomáticas, a condição acaba sendo diagnosticada somente durante a investigação da infertilidade.
Como diagnosticar e tratar a obstrução das tubas uterinas?
A obstrução das tubas uterinas não apresenta sintomas específicos, mas a mulher pode ter manifestações associadas às doenças que causaram a oclusão, a exemplo da endometriose e da DIP.
Os principais exames que levam ao diagnóstico de obstrução tubária são a ultrassonografia e a histerossalpingografia. O tratamento é feito com cirurgia, com a finalidade de desobstruir as tubas. No entanto, o procedimento cirúrgico nem sempre garante a restauração da fertilidade. Assim, outros fatores devem ser considerados, como idade da mulher, situação da reserva ovariana e parâmetros seminais do parceiro da paciente.
A reprodução assistida é indicada para mulheres com problemas tubários que desejam engravidar. A técnica apropriada, nesses casos, é a fertilização in vitro (FIV). O tratamento envolve a coleta dos óvulos e espermatozoides e a formação de embriões fora do útero, os quais são transferidos diretamente para a cavidade uterina, sem precisar percorrer a tuba.
Desse modo, a FIV é uma alternativa promissora para os casos de infertilidade causada pela obstrução das tubas uterinas. Até mesmo a paciente que não tem as tubas pode engravidar com essa técnica.
Assim como você, outras pessoas podem ter dúvidas quanto à obstrução tubária e as chances de gravidez nesses casos. Então, compartilhe este post em suas redes sociais e ajude a espalhar conteúdo informativo!