Uma em cada seis mulheres sofre aborto espontâneo, uma das complicações mais comuns do primeiro trimestre da gravidez.
Na grande parte das vezes não se consegue identificar a causa específica.
A maioria dos casos de aborto espontâneo acontece antes da 12a semana de gravidez e o principal sintoma é o sangramento vaginal.
Quer saber quais são os sintomas de aborto espontâneo? Vamos descrever abaixo os principais, as causas que provocam a perda de gravidez, os tipos de aborto e o tratamento de pacientes com aborto de repetição pelas técnicas de reprodução assistida.
O que provoca o aborto?
O aborto espontâneo é considerado a forma mais comum de perda de gravidez. De acordo com diferentes estudos, entre 10% e 50% de todas as gestações clinicamente reconhecidas resultam em aborto, dependendo da idade da mulher.
Em mais da metade dos casos, a perda ocorre logo após a implantação do embrião, resultando em sangramento que se confunde com o período menstrual e, por isso, não é percebida.
As causas mais comuns de aborto espontâneo no primeiro trimestre são anormalidades cromossômicas, que podem ser secundárias a alterações no óvulo ou espermatozoide, provocadas, geralmente, pelo avanço da idade da mulher, ou mesmo a alterações durante o crescimento e divisão celular.
Outros problemas de saúde materna também podem causar a perda de gravidez ou interferir na implantação do embrião, como alterações hormonais, anormalidades uterinas, infecções, doenças da tireoide, diabetes e trombofilia ou respostas do sistema imunológico.
O risco é ainda maior para mulheres com mais de 35 anos, que tiveram três abortos ou mais.
Na maioria dos casos, o aborto não interfere na próxima gravidez e as gestações após a ocorrência se desenvolvem normalmente.
Quais são os principais sintomas do aborto?
O principal sintoma de aborto é o sangramento vaginal, marrom ou vermelho vivo. Pode começar de forma mais leve ou já abundante. Representa a descamação da parede interna do útero com o saco gestacional implantado.
Na grande maioria das vezes, o sangramento está associado a dor em cólica, de média ou alta intensidade e que não cessa mesmo após o uso de analgésicos.
Outros sintomas também podem indicar o problema, como diminuição repentina dos sinais de gravidez, secreção de muco branco-rosa e eliminação de tecido com coágulo.
Se houver a manifestação desses sintomas, o mais importante é buscar ajuda para tentar interromper o processo, minimizar a dor e resolver o sangramento.
Aborto pode causar infertilidade?
Os abortos geralmente não afetam a fertilidade. No entanto, em casos raros, podem resultar em algumas complicações que provocam infertilidade, como:
- Abortamento incompleto: a curetagem realizada para retirada dos restos embrionários pode levar à formação de aderências, dificultando a gravidez;
- Endometrite pós-aborto: processo inflamatório do endométrio que ocorre quando há restos do tecido sem tratamento adequado;
- Perfurações no útero: perfurações no útero podem ocorrer durante os procedimentos de curetagem ou aspiração do produto da concepção.
Para confirmar a suspeita de aborto, podem ser realizados diferentes testes diagnósticos, como exame pélvico para constatar se há dilatação do colo uterino, ultrassonografia para confirmação dos batimentos cardíacos e exames de sangue para verificar os níveis de hCG.
Os resultados classificam os abortamentos em diferentes tipos.
Quais são os tipos de aborto?
Os abortos são classificados em diferentes tipos e preveem abordagens de tratamento também distintas:
Ameaça de aborto
A ameaça de aborto é caracterizada por um sangramento moderado ou leve que pode ser acompanhado de cólicas, também com baixa intensidade. O colo uterino ainda se encontra fechado, o volume uterino é compatível com a idade gestacional e a ultrassonografia apresenta resultados normais.
Nesse caso, são indicados apenas medicamentos para aliviar a dor, repouso e abstinência sexual enquanto houver sangramento. Se os sintomas persistirem ou se surgir febre, dor pélvica localizada e sangramento, a mulher deve ser novamente avaliada.
Aborto completo
O abortamento completo ocorre após a expulsão completa de restos ovulares, seguida de parada de sangramento e dor. O colo uterino pode estar aberto, o volume uterino é menor e a ultrassonografia mostra imagens vazias da cavidade uterina ou sugestivas de coágulos.
Aborto inevitável ou incompleto
Quando o aborto é inevitável ou ocorreu de forma incompleta, o sangramento é de maior intensidade e diminui com a expulsão de coágulos e restos ovulares. O colo uterino também pode estar aberto.
Em gestações até 12 semanas, as abordagens indicadas também são a AMIU e a curetagem. Já acima de 12 semanas, a expulsão é anteriormente induzida por medicamentos, para posteriormente serem empregados os procedimentos de aspiração ou curetagem.
Aborto retido
O aborto retido manifesta sinais de regressão da gestação, não há sangramento vaginal e o colo uterino permanece fechado. O exame de ultrassonografia, entretanto, não detecta sinais vitais ou aponta apenas a presença do saco gestacional, sem embrião. Nesse caso, a expulsão também é induzida por medicamentos e a abordagem empregada para o esvaziamento é a aspiração.
Aborto infectado
Geralmente associado a manipulações inadequadas da cavidade uterina que podem provocar perfuração uterina, as infecções são causadas pela ascensão de bactérias naturalmente presentes na flora vaginal. Independentemente da vitalidade do feto, devem ser tratadas com urgência.
Os sintomas manifestados incluem sangramento, dores abdominais, secreção de pus pelo colo uterino, sensibilidade e dor ao toque.
Aborto de repetição
Quando há perda espontânea e consecutiva de duas ou mais gestações antes da 22ª semana, o aborto é classificado como de repetição.
Abortos de repetição e tratamentos de reprodução assistida
Embora os abortos de repetição tenham uma origem multifatorial, algumas causas que provocam a condição podem ser superadas pela FIV.
As principais causas de aborto de repetição são anomalias cromossômicas parentais. Na FIV, a partir da realização do teste genético pré-implantacional (PGT), é possível fazer a avaliação das células dos embriões. Apenas os que não apresentarem alterações são posteriormente transferidos para o útero.
Quando há problemas de anormalidades uterinas congênitas, que impeçam o desenvolvimento da gravidez, é possível ainda contar com o útero de substituição, em que uma mulher com parentesco de até 4º grau de um dos membros do casal recebe os embriões para apenas realizar a gestação.
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