Os tratamentos para câncer oferecem um grande risco de o paciente ficar infértil, isso tanto no caso do homem quanto da mulher. Por essa razão, a relação entre quimioterapia e infertilidade tem sido estudada no campo da medicina reprodutiva.
Além das terapias oncológicas, existem inúmeros fatores de infertilidade feminina e masculina que podem ser detectados após o casal passar por exames. Muitos casos são tratados com uso de medicação ou cirurgia, enquanto outros podem precisar das técnicas de reprodução assistida.
Diante da indicação de tratamento com quimioterapia, a reprodução assistida também pode ajudar por meio de técnicas para preservação da fertilidade. Quer entender como isso é feito? Continue a ler o texto!
O que é quimioterapia e quando pode ser indicada?
A quimioterapia é um tratamento para câncer, feito com medicamentos que agem de forma sistêmica, isto é, com efeito que progride por todo o organismo — diferentemente da radioterapia e da cirurgia para retirada de tumores, que são intervenções localizadas.
Os fármacos utilizados na quimioterapia são, geralmente, citotóxicos. Isso significa que eles têm potencial para destruir as células cancerígenas, resultando na interrupção ou no controle do câncer.
Esse tipo de tratamento é indicado para diversos tipos de câncer, embora possa ser feito com finalidades diferentes. Em síntese, são três os objetivos médicos:
- curar a doença (curativo);
- controlar a progressão da neoplasia;
- aliviar o sofrimento causado pelo câncer em casos avançados (paliativo).
A quimioterapia pode ser realizada como único tratamento oncológico, mas, muitas vezes, é associada a outros métodos, como a cirurgia, a radioterapia — que também pode levar à infertilidade, dependendo do local que sofre radiação —, a imunoterapia etc.
Por que a quimioterapia pode causar infertilidade?
A quimioterapia tem potencial efeito na destruição das células cancerígenas, as quais se formam e se espalham de forma desordenada, mais rápido do que as células saudáveis. Entretanto, o efeito destrutivo pode ocorrer de forma indiscriminada, prejudicando também os tecidos sadios.
Por essa razão, ocorrem os conhecidos efeitos colaterais, associados a diversos sistemas do organismo. Alguns dos mais conhecidos são náuseas, vômitos, queda de cabelo, dor de cabeça, alterações no apetite, entre outros.
Então, existe sim uma relação entre quimioterapia e infertilidade, quando há impactos do tratamento diretamente no sistema reprodutor ou nas demais glândulas endócrinas — hipófise, tireoide e suprarrenais — que participam da liberação de hormônios importantes para as funções reprodutivas.
Por muito tempo, não havia o esclarecimento sobre as consequências dos tratamentos oncológicos na fertilidade. O intuito de “salvar a vida” dos pacientes falava mais alto e, assim, as terapias eram imediatamente iniciadas. Hoje, como tais efeitos são mais conhecidos, os pacientes são informados sobre as possíveis consequências antes da quimio ou da radioterapia.
O que pode ser feito antes da quimioterapia para preservar a fertilidade?
Como acabamos de pontuar, antes das terapias oncológicas, os pacientes são conscientizados sobre os riscos colaterais, inclusive sobre a possibilidade de infertilidade, seja ela provisória ou permanente.
Na reprodução assistida, o paciente com câncer encontra a alternativa de fazer a preservação da fertilidade antes da quimioterapia. Veja como isso é feito!
Preservação da fertilidade feminina
A paciente pode preservar sua fertilidade ao realizar o congelamento dos óvulos. Isso é indicado tanto antes da quimioterapia quanto por escolha da própria mulher em adiar a gravidez para depois dos 37 anos — lembrando que a idade materna avançada é um dos fatores de infertilidade feminina, em razão da redução na quantidade e na qualidade dos óvulos.
Para realizar o congelamento dos gametas, a mulher realiza a estimulação ovariana com medicações hormonais que promovem o amadurecimento de vários óvulos. Realiza-se, depois disso, a aspiração dos folículos ovarianos. Então, os óvulos são coletados do líquido folicular em laboratório e colocados em criopreservação.
Os gametas podem ficar congelados por anos. No momento em que a mulher estiver preparada para engravidar, é feito o descongelamento dos óvulos, os quais são fecundados em ambiente laboratorial, seguindo as etapas da fertilização in vitro (FIV), e os embriões gerados são transferidos para o útero.
Também é possível fazer a preservação da fertilidade com o congelamento dos embriões já formados. Outra possibilidade, especificamente para as pacientes jovens (pré-púberes, adolescentes ou jovens adultas com boa reserva ovariana) é o congelamento de tecido ovariano, que pode ser reimplantado nos ovários após a quimioterapia.
Preservação da fertilidade masculina
O homem pode congelar seu sêmen para preservar a fertilidade. Também é preciso realizar o exame de espermograma, que permite a análise macroscópica e microscópica de amostras seminais. Assim, caso o paciente já tenha alguma alteração na concentração ou na qualidade dos espermatozoides, isso é previamente identificado.
Para congelar o sêmen, novas amostras são colhidas e podem ser submetidas à técnica de preparo seminal. Isso é feito para selecionar os espermatozoides com motilidade e morfologia normal. Depois disso, o material é congelado, podendo ser utilizado, futuramente, em uma FIV ou inseminação artificial — nesse último caso, depende da idade e das condições reprodutivas da parceira.
Esclarecemos, neste post, que há uma relação entre quimioterapia e infertilidade, mas também existe a possibilidade de congelar os gametas, embriões ou até tecidos gonádicos para ter a chance de ter filhos após o tratamento.
Agora, visite nosso texto sobre infertilidade masculina e conheça outros fatores envolvidos!