A testosterona é um hormônio andrógeno, principalmente produzido pelo homem. Tem papel fundamental nas funções do aparelho sexual masculino, assim como na definição das características físicas do homem. Baixos níveis desse hormônio podem causar vários problemas, dentre eles a infertilidade masculina.
Embora em quantidade muito menor, a testosterona também é produzida no corpo feminino. Quando há níveis elevados de androgênios no organismo da mulher, tal alteração pode estar associada à síndrome dos ovários policísticos (SOP) — a principal causa de infertilidade feminina por anovulação.
Acompanhe, neste post, qual é o papel da testosterona no corpo do homem e da mulher e qual a relação desse hormônio com a fertilidade!
Como a testosterona age no corpo do homem?
No homem, a testosterona é produzida em grande quantidade nas células de Leydig, dentro dos testículos. Em menores níveis, as glândulas suprarrenais também assumem a produção do hormônio.
As ações da testosterona no corpo masculino incluem:
- diferenciação sexual, ainda na fase embrionária, levando à formação dos órgãos masculinos;
- engrossamento da voz;
- crescimento de pelos;
- constituição da musculatura;
- manutenção da libido e da potência sexual;
- produção dos espermatozoides.
O hormônio também está relacionado com a agressividade, a deposição da matriz óssea, o metabolismo de lipídios, entre outras ações. Devido a sua importância no organismo masculino, a queda nos níveis de testosterona pode causar problemas como: redução da massa muscular; perda de massa óssea; aumento de gordura; fadiga; diminuição da libido; infertilidade.
A deficiência de testosterona é causada por fatores como alterações genéticas, traumas na bolsa testicular, inflamações, infecções, uso de alguns medicamentos e tumores na hipófise — glândula que secreta os hormônios luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH), os quais estimulam a produção da testosterona.
A produção do hormônio pode ainda diminuir devido a condições como obesidade severa, diabetes, estresse, exposição à radiação e altas temperaturas, uso de determinados medicamentos e drogas, a exemplo dos anabolizantes.
O avanço da idade também faz reduzir a produção de testosterona. Após os 50 anos, a queda gradual do hormônio pode ocasionar alterações no apetite sexual e na capacidade de manter uma ereção, redução da massa óssea e muscular e aumento no risco de osteoporose, entre outros efeitos — embora isso seja notório somente nos casos de queda hormonal acentuada. Essa fase da vida do homem é chamada de andropausa ou insuficiência androgênica.
Em relação à fertilidade masculina, o hormônio tem papel fundamental, uma vez que estimula a libido, a ereção, a produção e a maturação dos espermatozoides. Para o casal que está na tentativa de engravidar, os exames de dosagem hormonal são necessários para avaliar os níveis de testosterona e de outras substâncias que regulam as funções de reprodução.
Como a testosterona age no corpo da mulher?
Nas mulheres, esse andrógeno é produzido em pequenas quantidades nos ovários e nas suprarrenais (ou adrenais). O nível de testosterona no corpo feminino é muito inferior ao dos homens, mas o hormônio também é importante para manutenção da libido, constituição da massa magra e da densidade óssea.
A testosterona feminina pode agir diretamente ou ser convertida em di-hidrotestosterona (DHT) ou estrogênio — hormônio fundamental na regulação do ciclo menstrual e na preparação do útero para a gravidez. Entretanto, o corpo funciona corretamente somente com o equilíbrio hormonal. A quantidade aumentada de testosterona prejudica as funções do sistema reprodutor feminino, principalmente a ovulação, como acontece na SOP.
Como se trata de um esteroide anabolizante, o uso de testosterona para aumento de massa muscular e melhoria de desempenho nos esportes também é muito procurado por homens e mulheres. No entanto, não é uma conduta benéfica para as funções reprodutivas, tanto femininas quanto masculinas. Assim, a reposição desse hormônio fica indicada somente para homens com hipogonadismo, após confirmação laboratorial.
O que é SOP, afinal?
A SOP é uma endocrinopatia muito comum entre as mulheres com idade reprodutiva. A doença é caracterizada por sintomas de hiperandrogenismo — aumento nos níveis dos hormônios andrógenos, como a testosterona — e irregularidades menstruais.
Os sinais clínicos de hiperandrogenismo são: queda de cabelo, seborreia, acne, crescimento de pelos em locais incomuns na mulher, aumento da gordura abdominal e síndrome metabólica. Já as alterações menstruais incluem amenorreia e oligomenorreia — respectivamente, ausência de menstruação e períodos menstruais infrequentes.
Para comprovar a SOP, são feitos exames laboratoriais e ultrassonografia. Os achados do ultrassom revelam a policistose ovariana, isto é, a presença de múltiplos microcistos nos ovários.
A SOP é uma das grandes causas de infertilidade feminina. Isso acontece porque os altos níveis de hormônios andrógenos interferem na síntese dos hormônios reprodutivos femininos, prejudicando a função ovulatória. As portadoras dessa disfunção podem apresentar anovulação (ausência de ovulação) ou oligovulação (ovulação irregular). Logo, não é possível engravidar sem que um óvulo seja liberado para ser fertilizado.
Como a reprodução assistida ajuda os casais inférteis?
A reprodução assistida trabalha com várias técnicas que auxiliam casais com os mais variados fatores de infertilidade. Para pacientes com SOP, a principal indicação é a estimulação ovariana com indução da ovulação. Essa técnica ajuda os ovários na função de desenvolver e amadurecer um ou múltiplos óvulos.
A estimulação ovariana é realizada nos tratamentos de reprodução de baixa complexidade — relação sexual programada e inseminação artificial —, bem como na fertilização in vitro (FIV), que envolve um processo de alta complexidade.
Para os casais com infertilidade masculina devido aos baixos níveis de testosterona, é possível tentar, primeiramente, o tratamento medicamentoso para reposição do hormônio e restauração da função sexual e reprodutiva. Nos casos mais graves, como azoospermia, indicamos a técnica mais avançada: a FIV com recuperação espermática e injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI).
Gostou deste conteúdo? Leia também o texto principal sobre a síndrome dos ovários policísticos e conheça os detalhes dessa doença!